Mercado volátil na véspera da “superquarta”

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

O mercado demonstra volatilidade na véspera da “superquarta”, que está marcada pelas decisões sobre juros dos comitês de políticas monetária do Brasil, o Copom, e dos Estados Unidos, o Fomc, aguardadas para amanhã. O consenso dos analistas é que os dois bancos centrais efetuem cortes em suas respectivas taxas básicas. 

 

O Índice Bovespa, principal indicador da  Bolsa de Valores de São Paulo (B3), abriu esta terça-feira (30/07) em queda, mas acabou revertendo o tombo pouco depois das 12h, chegando a 103.523 pontos às 12h15, com leve alta de 0,04%. Enquanto isso, o dólar está se valorizando frente ao real, cotado a R$ 3,790 para a venda, valor 0,21% acima da véspera.

 

A taxa básica de juros (Selic) está em 6,50%, o menor patamar da história desde março de 2018 e as apostas para um corte menos gradual são crescentes nos últimos dias. A inflação abaixo do centro da meta, de 4,25%, e a atividade econômica fraca, com previsões estáveis do mercado em 0,82%, nesta semana em relação à anterior, nas estimativas do boletim Focus, ajudam a reforçar a expectativa de redução da Selic após 11 meses de manutenção.

 

Nos EUA, os juros básicos são bem mais baixos do que no Brasil: de 2,5% ao ano. Caso o Fed (Federal Reserve, BC norte-americano) opte pelo corte que vem sendo aguardado pelo mercado, será a primeira redução em 11 anos. Apesar de a economia norte-americana crescer bem mais que o Brasil, com alta de 2,1% no segundo trimestre deste ano, há uma expectativa de que a maior potência global sofrerá desaceleração, em meio às polêmicas do presidente Donald Trump, que vem comprometendo as contas públicas ao conceder incentivos fiscais.

 

Consenso

 

O primeiro dia de reunião do Copom do Banco Central brasileiro  começou às 9h05 e, de acordo com especialistas, a tendência o consenso do mercado é de corte. No entanto, ainda há uma divisão sobre o tamanho da redução na taxa básica de juros. “A curva de juros mostra probabilidade implícita de 75% de chance de corte de 0,50 ponto percentual e 25% de chance de corte de 0,25 ponto percentual”, comentou o diretor da Mirae Asset, Pablo Spyer. Ele está na exceção do mercado. “Eu acho que o BC não vai cortar os juros agora”, disse ele, estimando uma Selic em 5,5% no fim do ano.

 

O economista-chefe da Ativa Investimentos, Carlos Thadeu de Freitas Gomes, aposta em corte de 0,50 ponto percentual  e em mais outros dois cortes de 0,50 pp ao longo do ano do que levaria a Selic para 5% em dezembro. “O governo não tem muitos instrumentos para estimular a economia, que está muito debilitada. A inflação está controlada e é preciso evitar que a confiança do consumidor e da indústria continue fraca. A queda dos juros ajudaria nesse sentido”, avaliou.

 

Por enquanto, as últimas declarações (desastrosas) do presidente Jair Bolsonaro não afetaram o humor do mercado. As apostas são de que a agenda econômica capitaneada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, o grande fiador de Bolsonaro, conseguirá se sobressair à agenda de costumes.  Resta saber como o Congresso vai reagir quando o recesso acabar e os trabalhos forem retomados na Câmara e no Senado. Veremos.