Paulo Guedes e Bolsonaro

Escanteado no governo, Guedes acredita que, agora, aprovará a nova CPMF

Publicado em Economia

Cada vez mais enfraquecido no governo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, acredita, agora, que conseguirá levar adiante a proposta de recriação da CPMF, travestida de imposto sobre transações eletrônicas. Ele ainda não combinou o jogo com o presidente Bolsonaro, mas crê que tem bons argumentos para oferecer em troca.

 

Em busca de apoio à nova CPMF, Guedes quer negociar com Bolsonaro a isenção de impostos para igrejas — mesmo não concordando, o presidente vetou um perdão de quase R$ 1 bilhão a templos religiosos — e medidas populares, como a redução do imposto sobre fogão, geladeira e máquina de lavar, a chamada linha branca.

 

Para obter o aval dos empresariado, o ministro proporá isenção de tributo sobre na folha de salários para quem ganha até um mínimo. Não custa lembrar que o presidente vetou a extensão da desoneração da folha de salários até 2021 para 17 setores. Há uma pressão no Congresso para a derrubada do veto, mas o Palácio do Planalto está segurando a votação.

 

Resistência no Congresso

 

Apesar da disposição de Guedes de ir para o ataque, há gente na equipe econômica que vê muita dificuldade para levar adiante a proposta de criação de um tributo com ampla abrangência. No Congresso, a maior resistência à nova CPMF está no presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Mas o ministro da Economia diz que a presidência de Maia está com os dias contados.

 

É importante ressaltar ainda que Bolsonaro está com uma vestimenta cada vez mais populista, de olho da reeleição em 2022. Qualquer gritaria contrária à nova CPMF o fará a enterrar a proposta de Guedes, assim como fez com o Renda Brasil.

 

“O presidente não quer comprar brigas que tragam desgaste político. O que ele quer é projeto que renda votos, que melhore a avaliação do governo e evite embates desnecessários com o Legislativo. Guedes pode estar cheio de boas intenções, mas não levará problemas para o Planalto”, diz um dos assessores mais próximos de Bolsonaro.

 

Brasília, 19h12min