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Banco Central Foto: Breno Fortes/CB/D.A Press Banco Central

BC: Concessões de crédito encolhem 1,9% em maio e inadimplência sobe

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

Apesar de algumas taxas de juros de empréstimos apresentarem recuo no mercado financeiro, o ritmo das contratações está diminuindo enquanto a inadimplência volta a crescer. Conforme dados do Banco Central divulgados nesta segunda-feira (28/06), as concessões totais de crédito junto ao Sistema Financeiro Nacional (SFN) encolheram 1,9% em maio, somando R$ 391,3 bilhões, na série com ajuste sazonal. Essa queda foi puxada pelo encolhimento de financiamentos à pessoa física, que apresentou a primeira alta nos calotes desde fevereiro. 

 

A inadimplência total passou de 2,2% para 2,3% após oscilar entre 2,1% e 2,2% de janeiro e abril. Já o calote da pessoa física registrou crescimento pela primeira vez após três meses de estabilidade, passando de 2,9%, em abril, para 3%, em maio. Enquanto isso, a inadimplência dos clientes pessoa jurídica voltou a subir e avançou de 1,3% para 1,5%, na mesma base de comparação.

 

De acordo com o BC, houve aumento de 0,9% nas concessões para pessoas jurídicas, mas queda de 2,1% para as pessoas físicas. No acumulado do ano, comparado ao mesmo período anterior, o total de concessões dessazonalizadas cresceu 10,6%, compostas por expansões de 3% em pessoas jurídicas e de 18,7% em pessoas físicas.

 

No mês passado, as concessões dessazonalizadas no mercado de crédito livre, ou seja, das instituições privadas, para as pessoas jurídicas encolheram 4,1% na comparação com o mês anterior. E, para as pessoas físicas, a queda foi de 2,3% na mesma base de comparação. Já o crédito direcionado, concedido pelos bancos públicos, registrou crescimento de 17,3% nos contratos para a pessoa jurídica. Em para a pessoa física, houve queda de 1,3%.

 

 

Taxas de juros

 

Curiosamente, apesar do aumento da inadimplência e dos aumentos desde março na taxa básica da economia (Selic), agora em 4,2% ao ano, os juros para o crédito pessoal no mercado de crédito com recursos livres encolheram entre abril e maio, passando de 34,5% para 33% ao ano.

 

As taxas de juros cobradas para os empréstimos mais caros também tiveram queda. O custo anual do cheque especial, por exemplo, passou de 124,3%, em abril, para 122,1%, em maio. Já os juros do cartão de crédito recuaram de 336,1% para 329,6% ao ano, na mesma base de comparação. Contudo, permanecem acima dos 327% cobrados em dezembro de 2020.

 

A taxa de juros de crédito consignado para servidores recuou de 16,8%, em abril, para 16,5% ao ano, em maio. Entretanto, o crédito consignado de trabalhadores do setor privado subiu de 28,8% para 29,4% ao ano.

 

De acordo com os dados do BC, o Indicador de Custo do Crédito (ICC), que mede o custo médio de todo o crédito do SFN, “permaneceu estável no mês, em 17,2% ao ano, e manteve sua trajetória de redução na comparação interanual (-2,0 ponto percentual). O spread geral do ICC situou-se em 12,1 ponto percentual, com redução em ambas as bases de comparação (-0,1 ponto e -1,6 ponto, respectivamente).

 

No crédito livre, a taxa média de juros das concessões atingiu 28,5% ao ano, segundo o Banco Central, registrando redução de 0,5 ponto percentual no mês de de 1,4 ponto na comparação interanual. No crédito livre às empresas, a taxa média de juros reduziu 0,1 ponto percentual no mês, para 14,6% ao ano, destacando-se a redução na modalidade de repasse externo que compensou a elevação do mês anterior. 

 

Saldo maior

 

O saldo das operações de crédito alcançou R$ 4,2 trilhões em maio, aumento de 1,2% no mês, com crescimento tanto na carteira de pessoas jurídicas (com saldo de R$ 1,8 trilhão e  expansão de 0,7%) quanto na de pessoas físicas (com saldo de R$ 2,4 trilhões e avanço de 1,7%).  No acumulado em 12 meses até o mês passado, o crescimento da carteira total acelerou de 15,1%, em abril, para 16,1%, em maio. A carteira de pessoas físicas manteve aceleração, de 14,5% para 16,5%, enquanto a de pessoas jurídicas permaneceu em desaceleração, de 16% para 15,7%.

 

Os empréstimos para pessoas físicas junto aos bancos privados, somaram R$ 1,3 trilhão, com aumentos de 2% no mês e 17,9% em 12 meses, distribuídos entre diversas modalidades: cartão à vista, crédito consignado, crédito pessoal não consignado e aquisição de veículos.