Recuperadas, através de pesquisa, canções compostas pela Plebe Rude entre 1981 e 1983 são divulgadas em novo álbum, Primórdios.
Um dos nomes mais representativos do punk rock brasileiro, a Plebe Rude se tornou conhecida nacionalmente ao lançar, em 1985, o histórico disco O concreto já rachou. Algumas músicas compostas entre 1981 e 1983 — ainda sob a égide da ditadura militar –, no começo da careira da banda não fizeram parte do repertório daquele LP. Imaginava-se que elas haviam se perdido. Mas não foi isso o que aconteceu.
Recuperadas, através de pesquisa, feita por Philippe Seabra e André X, com o auxílio de Paulo Marchetti (autor do livro O Diário da Turma — A História do Rock Brasília) e do jornalista Olímpio Cruz Neto, que guardavam fitas demo raras, essas músicas foram reunidas no álbum Primórdios, gravado ao vivo, no final de 2017, durante show no Espaço Som, em São Paulo, com direção de Walter Abreu. No local, foi reproduzido o ambiente de antigas casas noturnas paulistanas, onde Plebe Tocava. Bandas BSB Disco em Moscou, Pirataria e Tá com nada estão entre as nove músicas inéditas do set list. As outras nove são regravações.
A ideia do Primórdios surgiu após o lançamento do livro Meninos em fúria, escrito por Clemente Nascimento (guitarrista e vocalista da banda) e Marcelo Rubens Paiva. Naquele momento, Philippe Seabra viu a necessidade de também resgatar suas memórias, para um futuro livro — que está escrevendo. O band leader percebeu a força daquele trabalho pioneiro, que ficou escondido por baixo do peso de O concreto já rachou e Nunca fomos tão brasileiros, o segundo disco.
Para ele, o Primórdios é mais que um resgate. “É o registro, sem pirotecnia, edição, e concessão, em comemoração ao tempo em que a música conectava as pessoas; em que o ‘faça-você-mesmo’ dependia de amigos, suor e lágrimas. São músicas rústicas, simples, inocentes, mas feitas numa época que o que importava era estar no palco, cantando para gente igual a você, falando sobre problemas em comum: falta de perspectiva, tédio, desinformação, censura, controle e adolescência.”
Na sexta-feira, o álbum vai ser disponibilizado no YouTube.