Artigo: Inéditas de João Gilberto

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É inestimável o legado que a música popular brasileira recebeu de João Gilberto. O fato de o cantor e violonista ter sido um dos criadores da Bossa Nova é visto como uma das contribuições mais relevantes. Porém, como não ressaltar a vasta e valiosa obra que ele deixou registrada em 11 discos de estúdio, oito gravados ao vivo, três EPs e sete singles, sem esquecer das coletâneas em que sua voz sussurrante é ouvida?

João Gilberto Prado Pereira de Oliveira, baiano de Juazeiro (cidade do interior da Bahia, onde também nasceram Ivete Sangalo e Luis Galvão, um dos fundadores dos Novos Baianos), se vivo estivesse, teria comemorado 90 anos na última quarta-feira. Mas, mesmo depois de morto, continua presenteando a MPB. Recentemente, o site da Rádio Batuta, do Instituto Moreira Salles (IMS), no Rio de Janeiro, tornou público um vasto material que traz gravações caseiras e inéditas do artista, de 1959 e 1960.

Todas essas gravações foram feitas em Salvador, mais precisamente em show na Associação Atlética da Bahia, e durante reuniões no apartamento do compositor e jurista Carlos Coqueijo, morto em 20 de janeiro de 1988. Resgatados, esses valiosos documentos artísticos foram digitalizados por Aydil Coqueijo, viúva do ex-ministro do Tribunal Superior do Trabalho, que morou em Brasília entre os anos 1970 e 1980. Ela fez doação à pesquisadora Edinha Diniz, amiga de João, que os repassou para o IMS.

Entre as músicas extraídas das fitas de rolo, estão: Eu sonhei que estavas tão linda (Lamartine Babo e Francisco Matoso), Nada além (Custódio Mesquita e Mário lago), Despedida da Mangueira (Benedito Lacerda e Aldo Cabral), Foi a noite (Tom Jobim e Newton Mendonça) e Sem este céu (Luiz Bonfá), que  nunca fizeram parte de discos de João. Mas há também aquelas que não só foram gravadas pelo cantor, como foram ouvidas em shows, inclusive no que ele fez na Sala Villa-Lobos e na extinta Academia de Tênis, aqui em Brasília, como, por exemplo, Chega de saudade (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), Doralice (Dorival Caymmi) e O pato (Jayme SilvaeNeusa Teixeira).