Severino Francisco
O que se espera do Congresso Nacional quando o Rio Grande do Sul ainda está submerso pela tragédia humanitária, econômica e social provocada pelas enchentes que arrasaram com mais de 450 municípios?
Que convocasse os cientistas para que eles dissessem como é que o Congresso Nacional poderia contribuir para mitigar e prevenir futuras catástrofes climáticas. Se eles tomassem essa atitude, certamente ouviriam dos cientistas que a primeira providência seria sustar e rever os 25 projetos e três emendas constitucionais que representam graves riscos ao meio ambiente.
O Observatório do Clima destaca a flexibilização do Código Florestal, a regularização fundiária, a anistia para desmatadores, a exploração mineral em unidades de conservação e a redução da reserva legal da Amazônia de 80% para 50%.
Em pleno curso da tragédia provocadas enchentes que arrasaram Porto Alegre e mais de 450 municípios no Rio Grande do Sul, as excelências propõem a chamada PEC da privatização das praias, uma medida que, se for efetivada, provocará novas catástrofes climáticas. É um verdadeiro escárnio com os gaúchos e com a sociedade brasileira, que está se mobilizando para organizar ações de solidariedade.
Além de rever as proposições negacionistas, as excelências deveriam se ocupar em rastrear e discutir no parlamento as possíveis soluções que ajudassem na formulação de políticas públicas sustentáveis. Por exempo, a revista Nathional Geografic publicou uma interessante reportagem sobre as chamadas cidades-esponjas, concebidas para reduzir os efeitos nocivos da mudança climática por meio da receptação, limpeza e canalização da água das chuvas.
Artigo em site do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente define cidade-esponja como um conceito de cidade sensível à água, remetendo à situação na qual a mesma possui a capacidade de deter, limpar e infiltrar águas usando soluções baseadas na natureza. Segundo a plataforma, uma cidade-esponja deve ser projetada para funcionar como uma floresta: portanto ela possui cobertura vegetal que sequestra carbono”.
Aliás, esse foi um precisamente um dos problemas apontados pelos técnicos para o impacto devastador das enchentes: não havia vegetação suficiente para atenuar a força avassaladora da água. Se o Plano Piloto não tivesse tantas árvores e gramados, as tempestades teriam feito um estrago ainda maior do que fazem durante o período das chuvas, em razão dos problemas de escoamento criados com a construção do Estádio Mané Garrincha e do Noroeste.
Em outra frente, pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo e de outras instituições do Brasil e de outros países publicaram artigo na revista Nature Communications apontando que os manguezais podem contribuir na defesa contra inundações e alagamentos. E outro dado surpreendente é que os manguezais têm um alto potencial para reduzir a concentração de gás carbono, que acelera o ritmo das mudanças climáticas.
É isso que as excelências deveriam estar discutindo no Congresso e não a privatização das praias. E ainda querem que acreditem neles quando ostentam vasto currículo de mentirosos, terraplanistas, propagadores de fake news e articuladores de medidas que destroem o meio ambiente.
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