Severino Francisco
A degradação começa com a falsificação da palavra. Basta dar uma olhada nos nomes dos partidos que povoam a política brasileira para constatar que há um abismo entre as siglas e o que elas significam na vida real.
Vejamos alguns exemplos. O Partido Progressista não convence nem se fosse chamado de monarquista. Faz de qualquer crise uma oportunidade para obter emendas e cargos. É regido pelo atraso do ponto da consciência política, educacional, social e ambiental. Não perde nenhuma boquinha e seria mais justo se fosse chamado de Partido Regressista.
O Republicanos é outro caso flagrante de desconexão entre a nomenclatura e os atos. Nada mais antirrepublicano do que participar do Orçamento Secreto, uma imoralidade que fere todos os princípios da transparência pública.
Já o Partido Trabalhista Brasileiro se distingue precisamente por estar envolvido em tudo, menos na defesa dos direitos dos trabalhadores. Mais razoável seria se passasse a se denominar Partido Antitrabalhista Brasileiro. O Avante e o Podemos, também criados sob a matriz trabalhista, vão na mesma linha de falta de empenho para lidar com a agenda que supostamente defendem. O Podemos apoia a flexibilização das armas.
Nada mais rachado e desunido do que o União Brasil, fusão do Democratas e do PSL. É uma mixórdia de interesses menores sem a mínima unidade. Vejam a dificuldade que teve para lançar um nome às eleições para a presidência da república. Integrantes da legenda apoiaram manifestações antidemocráticas pelo fechamento do Congresso Nacional e do STF. Já ao Patriota falta patriotismo e sobra fisiologismo. Está sempre pronto a entabular negociações em benefício de causas muito distantes dos verdadeiros interesses nacionais.
Enquanto isso, o Partido Social Cristão (PSC) apoia ou se omite em questões que não são nada cristãs. Parece que não existem mais partidos; o parlamento se reduziu a um Centrão geral. Traem ao ideário que eles mesmos propagam e, principalmente, ao eleitor. Diferentemente do que reza o programa, o Partido Liberal (PL) não tem compromisso com a democracia e ostenta uma liberalidade larga para com investidas golpistas.
Há 20 anos, se eu votasse em algum candidato do PSDB, poderia esperar a linha social democrata. Mas e, hoje, o que aconteceria? Qual a diferença para as siglas reduzidas a balcões de negócios?
Se forem mesmo verdadeiras as notícias da negociação de pactos faústicos no valor de quase 20 bilhões no orçamento secreto em troca de votos para transformar o Congresso em puxadinho do Palácio do Planalto, eu gostaria de, humildemente, sugerir a criação de uma nomenclatura mais condizente com a realidade da nova política.
Primeiro, os partidos sem nenhum ideal programático deveriam ser inseridos em uma Frente Ampla da Boquinha. E, também, mereceriam ser rebatizados de uma maneira mais precisa e mais coerente.
Para tanto, proponho os seguintes nomes: (PI) Partido dos Invertebrados, (PLP) Partido da Locupletação Pessoal, (PAA) Partido da Autoajuda e do Atraso, PA (Partido do Aluguel), A (Apátridas), (PBN) Partido do Balcão de Negócios, (PPP) Partido dos Pastores Picaretas, PFN (Partido das Fake News), (PESPMM) Partido da Emenda Solidária Para Mim Mesmo, POS (Partido do Orçamento Secreto) e PQCCCDV (Partido Dos Que Compram Casas Com Dinheiro Vivo).
Pode ser que a nova nomenclatura não moralize a política, mas pelo menos estabelece uma relação mais verdadeira entre as palavras e os fatos. É isso aí, gente, acabou a mamata.
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