Onça no Itamaraty

Publicado em Crônicas
Crédito: Walfrido Tomas/Divulgação. Colar brasileiro de monitoramento animal. Onça no Pantanal.
Crédito: Walfrido Tomas/Divulgação.
Severino Francisco

Desde segunda-feira, estamos vivendo uma história arrepiante na Esplanada dos Ministérios. As câmeras de vigilância teriam flagrado a movimentação de uma onça em pleno Palácio do Itamaraty, obra-prima de Oscar Niemeyer em parceria com Athos Bulcão, Burle Marx, entre outros. Logo, pipocaram as análises, as especulações e as versões.

 

A onça se extraviou no coração da capital do país para fugir do incêndio que devastou áreas próximas ao Itamaraty. O Batalhão de Polícia Militar Ambiental do DF foi acionado e preparou várias armadilhas para pegar o bicho, mas todas as providências resultaram inúteis. Ele simplesmente desapareceu. Desapareceu, mas deixou um rastro de mistério e apreensão.

 

Estaria refugiado nos jardins de Burle Marx, que compactaram a selva amazônica? Essa hipótese chegou a ser conjecturada, mas se esfumou porque o animal é carnívoro e não resistiria tanto tempo embrenhado nas folhagens de algum dos jardins do Burle. Teria vindo para caçar corruptos no Congresso Nacional?

 

A polêmica esquentou depois que, ao examinarem minuciosamente as imagens gravadas com os movimentos do animal, dois biólogos concluíram simplesmente que a onça não é uma onça. Não teria tamanho suficiente. Estaria mais próxima de um gato. Um dos comandantes do Batalhão Ambiental da PM refutou a versão e sustentou que se tratava, efetivamente, de uma onça com o peso de 50 a 55 quilos.

22/08/2017. Credito: Divulgação. Onca vista por funcionarios rondando Itamaraty.
Credito: Divulgação. Onça vista por funcionários rondando Itamaraty.

 

O debate não apresentou nenhum argumento ou prova decisivos e a questão permanece aberta, à espera de um desfecho nos próximos capítulos. O medo continua a rondar os servidores e demais trabalhadores do Itamaraty e adjacências. Enquanto não se deslinda o mistério, compartilharei com vocês outra história de suspense carregada de alta voltagem dramática.

Quem me contou foi a minha neta Aurora, de 3 anos, que parece uma reencarnação de Emília, boneca rebelde das ficções de Monteiro Lobato. Preparem-se, pois a narrativa contém cenas fortes e provocará muita adrenalina. É a versão da Aurora para o episódio Boo, te assustei! da animação Charlie e Lola. Vamos lá.

 

“Era uma vez duas crianças, não eram velhas, mas também não eram muito novas. Elas ouviram um barulho e decidiram descobrir o mistério da casa assombrada. Deram alguns passos e subiram por uma escada. Vocês sabem que todas as escadas rangem nas histórias arrepiantes. Então, as duas crianças avistaram uma porta terrivelmente terrível. Elas ficaram com muito medo, o coração delas batia acelerado.

 

Mesmo assim, resolveram entrar pela porta terrivelmente terrível. Quando, finalmente, estavam lá dentro, ouviram um barulho e ficaram tremendo. O que seria? Um monstro horrivelmente horrível? Mas os dois respiraram fundo e seguiram em frente. Sabem quem era? Era Sininho, a gatinha da Senhora Helmut, que estava desaparecida há duas semanas”.

 

No outro dia, a avó pediu que a menina contasse novamente a história arrepiante, mas Aurora respondeu: “Ih, vó, que história mais tola! Me deixa dormir.”

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Crédito: Reprodução

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