Quando José Salles Neto, o presidente da Confraria dos Bibliófilos do Brasil, convidou o artista plástico Élder Rocha Lima para ilustrar a edição do livro Bernardo Élis Centenário – Contos selecionados, não tinha a menor ideia de que o artista era grande amigo do escritor goiano. A coletânea reúne 10 contos de Élis. Élder reside em Brasília desde a criação da cidade, mas se considera homocerratense de origem rural, morou em fazendas na infância e conhece muito bem o universo do sertão de Goiás, retratado na ficção de
De maneira que ilustrar a edição sobre Bernardo Élis foi a ação mais natural para Élder: “A maior inspiração foram minhas recordações de homem da roça, de homem sertanejo. Meu pai era pequeno fazendeiro. Não precisei fazer nenhuma pesquisa, o próprio texto do Bernardo impulsionou ao desenho das cenas. Eu acompanhei a produção da obra do Bernardo Élis desde a infância e a adolescência. Eu discutia muito com ele”.
Bernardo Élis era de Corumbá, cidadezinha perdida no tempo, situada quase no sertão goiano. Em seguida, mudou-se para Goiás, onde terminou o ginásio. Também era uma cidade sertaneja. Então, conhecia de maneira profunda a fala, os hábitos, os costumes e o imaginário do homem interiorano de Goiás: “A literatura do Bernardo é violenta”, observa Élder. “Os acontecimentos que ele retrata são muito trágicos. O conto A enxada, uma das obras-primas dele, é extremamente violento. É um traço marcante da literatura dele. Ele retrata um estado de Goiás, que estava isolado do restante do país. Ali, mandava quem podia, imperavam os coronéis e os jagunços. Paradoxalmente, a família dele, embora tradicional, era muito pacífica, e se distinguia pelas qualidades intelectuais. Era uma família de escritores e de juristas”.
É precisamente com Tolstói que José Salles aproxima a ficção de Bernardo Élis. O escritor goiano é um grande contador de histórias. Todos os contos que escreveu são de alta qualidade, argumenta Salles. Ele cita A enxada, André, o louco; Caminhos e descaminhos e Ontem como hoje. No entanto, no ano da passagem do centenário do escritor goiano, ele está completamente esquecido pelas editoras: “Os livros dele estão fora de catálogo há muitos anos. O conto A enxada é uma obra-prima, é quase uma novela. O conto Ontem como hoje tem uma narrativa muito moderna e pode ser alinhado com Hemingway ou John Updike. Veranico de janeiro está na antologia dos 100 melhores contos brasileiros, selecionada por Ítalo Moriconi e tem traduções para várias línguas”.
Bernardo Élis Centenário – Contos selecionados
Edição especial da Confraria dos Bibliófilos do Brasil.
Contatos: conbiblibr@yahoo.com.br e 3435-2598
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