Severino Francisco
Quando primeiro-ministro da França, Jean Castel, mencionou que o presidente do Brasil recomendava o uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19 provocou uma enorme gargalhada de chacota dos parlamentares franceses. Teria sido coincidência que os dois países que adotaram o medicamento precoce contra a covid-19 figuram nos primeiros lugares no ranking dos que mais produziram contaminações e mortes no mundo: Estados Unidos e Brasil?
A questão pública é simples: a cloroquina não é um remédio recomendado pela ciência. Ela provoca efeitos colaterais graves em pacientes com problemas cardíacos. Seis pacientes que inalaram cloroquina morreram em Manaus. Durante a CPI da Covid, o ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, foi perguntado pelo presidente da CPI, Omar Aziz, se aplicar cloroquina era crime.
Ele desconversou: “É errado”. Ao que, o presidente da CPI, senador Omar Aziz replicou: “Ah, é errado? Se um médico prescrever veneno de rato para uma pessoa dizendo que aquilo cura, não é crime, é uma coisa errada?” Ninguém chamaria Aziz de “comunista” ou “esquerdopata”.
A cloroquina é um remédio eficiente no tratamento da malária, do lupus e da artrite. Mas, em relação ao combate à covid-19, pesquisas da prestigiosa revista Nature e da não menos conceituada Universidade de Harvard concluíram que a cloroquina é um medicamento ineficaz. Além disso, existem relatos de pessoas que morreram depois da aplicação de nebulização de hidroxocloroquina, mas ainda à espera de pesquisas científicas que certifiquem, com precisão, a relação entre o uso do medicamento e a morte.
O debate central é a utilização de um medicamento sem comprovação científica para tratamento de uma doença no contexto de uma pandemia e de uma escalada de mais de 400 mil mortes de brasileiros. A hidroxocloroquina foi alardeada por Donald Trump e, em seguida, renegada e doada ao Brasil. Enquanto isso, sem conhecimento científico, o presidente brasileiro faz propaganda de um remédio comprovadamente ineficiente.
Como se não bastasse, o ministério da Saúde chegou a veicular um protocolo de utilização do kit-covid, chamado pelo ex-ministro Mandetta de “kit-ilusão”, no site oficial do próprio ministério, durante a gestão de Eduardo Pazuello. E distribuiu o medicamento para índios de aldeias da Amazônia. A Anvisa não autoriza o uso da cloroquina para a covid.
Os parlamentares governistas querem criar o ambiente de uma falsa polêmica entre os adeptos da cloroquina e os seus críticos, quando só existe uma questão em jogo: funciona ou não funciona para tratamento de covid. O ministro Queiroga desconversou e disse que tudo seria decidido no Conitec do Ministério da Saúde.
No entanto, é insustentável que o governo permaneça isolado no mundo na defesa da cloroquina contra a comunidade científica internacional, sendo motivo de piada, uma piada macabra, enquanto aumentam pelo Brasil afora os relatos de efeitos colaterais graves pelo uso do medicamento.
Existe conhecimento científico sobre o tema. Não é algo passível de politização. Os que insistem nessa prática precisam ser responsabilizados, pois cometem um crime. Só continuam na cruzada da irresponsabilidade, atentando contra a vida dos brasileiros, porque nunca foram punidos. Espero que esta CPI não termine em pizza de cloroquina.
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