Crédito: Reprodução/Youtube
Severino Francisco
Com apoio de 21.983 cidadãos, o empresário paulista Marcelo Alonso está propondo no Senado enquadrar o funk como “crime de saúde pública, à criança, aos adolescentes e à família”. Ele apresentou a sugestão de projeto pelo e-cidadania, do Senado, que permite a qualquer cidadão criar leis ou mudar as que já existem, se conseguir mais de 20 mil assinaturas de adesão em quatro meses.
Até o dia da audiência pública, 13 de setembro, o projeto havia recebido 52.347 manifestações de apoio e 38.275 de rejeição no site e-cidadania.
Segundo a proposta do empresário, o funk carioca está associado a crimes como estupro, exploração sexual e consumo de drogas ilícitas. Se for aprovada, depois de passar por todas as comissões e votações em plenário, a sugestão do empresário pode ser transformada em lei. O projeto tem relator escalado: o senador Romário (PSB-RJ), frequentador de bailes funks, que já se declarou contra. Ele realiza audiência pública sobre o projeto.
É saudável que se discutam esses temas no momento em que se alastram as práticas de estupros coletivos, de exploração sexual, de gravidez precoce e de outras violências contra as crianças e os adolescentes. Que cada um se responsabilize pelas mensagens que propaga. No entanto, criminalizar o funk como gênero é um equívoco e um ato de violência contra a liberdade de expressão. Nem todo funk faz apologia da violência ou degrada as mulheres. Agressões podem ocorrer em qualquer espaço.
O funk é uma expressão legítima da juventude das classes populares. É muito inventivo do ponto de vista musical. Caetano Veloso já chamou a atenção para a fusão de batidas eletrônicas com pontos de umbanda de certas composições: “Eles começaram importando o Miami Bass para as festas. Depois, começaram a compor as próprias músicas. E colocaram uma batida que vem da umbanda e do maculelê. Então funk no Brasil hoje é uma coisa totalmente brasileira”, disse Caetano em entrevista a BBC.
No entanto, existe um abismo entre as músicas e as letras. Algumas apresentam uma imagem depreciadora, degradante e deletéria das mulheres. É algo de uma covardia revoltante.
O rock dos anos 1980 em Brasília é um exemplo do poder da música e da poesia em formar mentalidades. Despretensiosamente, a geração da Legião Urbana, do Capital Inicial e da Plebe Rude insinuou consciência crítica e inconformismo em várias gerações de adolescentes brasilienses e brasileiros.
Ane Sarinara, nascida na periferia, dançarina, é professora de história, em Osasco (SP). Ela usa o funk e o rap para ensinar os temas do currículo. Algumas vezes, ela utiliza só a música dos bailes funk e pede que os alunos inventem outras letras ou discutam sobre a imagem das mulheres. É uma iniciativa quixotesca e solitária, mas ela aponta para uma alternativa civilizadora: a educação e a cultura.
A polêmica chegou ao lugar certo: o Congresso Nacional, pois a classe política é a maior responsável pelas mazelas que envolvem o funk. A classe política se envolve com o crime organizado, pratica quase todos os artigos do código penal, desrespeita as leis, vende mandatos, negocia votações de projetos e cria leis para lavar os próprios delitos.
É ela quem rouba e desvia bilhões que deveriam ser investidos em educação, em saúde, em cultura e em direitos humanos. Que cada um assuma as suas responsabilidades.
Severino Francisco Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos com uma condenação, três processos…
Severino Francisco Entrar em contato com Dalton Trevisan, que nos deixou, recentemente, não era difícil;…
Severino Francisco Finalmente, assisti Ainda estou aqui. As imagens do filme ainda ressoam mixadas à…
Severino Francisco Eu tomei um táxi para resolver um para um problema na Asa…
Severino Francisco Em meio a notícias sobre o alastramento de incêndios florestais na Califórnia, nos…
Severino Francisco Conheci Miriam Aquino em um momento de grandes esperanças para o Brasil e…