Herpes Zóster e o SUS

Publicado em Crônicas

Severino Francisco

Que me desculpe o leitor em busca de amenidades ou devaneios neste alto de página, mas hoje a crônica será de utilidade pública. Eu preciso falar sobre a herpes zóster. É a segunda vez que peguei essa terrível doença. Felizmente, já estou curado e quase zerado porque ela passa, mas debilita. Calma, pouparei o leitor da narrativa dos padecimentos, basta consultar sites médicos de credibilidade para se informar.

A herpes zóster é uma doença que tem origem no vírus da catapora. Ela se manifesta em situações de baixa imunidade, causada por estresse, alimentação insuficiente ou doenças. Bem, os cientistas levantam indícios de que a situação extrema de isolamento e estresse da pandemia reduziu as defesas do sistema imunológico de todos nós. É neste contexto que alguns médicos falam que está ocorrendo uma verdadeira epidemia de herpes zóster.

Os alvos preferenciais são, principalmente, as pessoas com mais de 50 anos. Porém, atenção, os jovens não estão imunes. Quando soube que eu estava combalido, uma estagiária de 21 anos contou que foi atingida pela enfermidade.

Bem que uma colega de trabalho me alertou para o perigo e quase suplicou para que eu me vacinasse. No entanto, fiz as contas e achei caro o imunizante: duas doses aplicadas no intervalo de dois meses. Cada dose custa mais de R$ 800. Foi um erro de cálculo clamoroso da minha parte. Primeiro, porque é uma doença grave, muito dolorosa e, algumas vezes, de consequências imprevisíveis, pois pode atacar os pontos vulneráveis do corpo.

Segundo, porque, no fim das contas, a minha economia saiu caríssima do ponto de vista monetário. Além do martírio físico, tive de comprar remédios, fazer exames e adotar uma dieta dispendiosa que superou completamente o orçamento das duas vacinas que eu deveria ter tomado.

Só uma caixa do antiviral Penvir custa R$ 300. Usei duas. Felizmente, pude bancar as despesas, mesmo jogando a encrenca para o cartão de crédito. Não advogo em causa própria. Imagine a maneira como os desvalidos estão lidando com essa doença na rede pública de saúde? É muito difícil marcar uma consulta. E, depois, se precisarem, eles não têm condições de comprar os remédios.

Por isso, gostaria de fazer um apelo ao SUS para que providencie a vacina contra herpes zóster. As condições de vulnerabilidade depois da pandemia favorecem a incidência da doença. É muito importante que o SUS ofereça o imunizante para evitar mais sofrimento de quem já vive em uma situação de penúria.

E, finalmente, gostaria de recomendar a todos os amigos e a todos os leitores, com dinheiro para pagar, que tomem a vacina, pois a conta pode sair muito mais salgada se você não tomar. Pelo menos enquanto não tem imunizante na rede pública. Vacina contra herpes zóster urgente no SUS!

Enquanto o mundo explode, vou aproveitando a beleza que a cidade oferece de graça. Basta abrir os olhos para apreciar. Uma amiga moradora do Lago Sul disse que o melhor do bairro eram os jardins. Há uma disputa silenciosa sobre qual é o mais belo. Embora não seja residente daquele território, sou passante e me beneficio todos os dias a beleza dos jardins, que esplendem para fora dos quintais em direção às vias.

Na verdade, a intensidade, a variedade e o fulgor dos ipês, com realce na moldura da estação seca, coloca em segundo plano de atenção os flamboyants. Mas essas árvores trazidas ao Brasil de Madagascar por Dom João VI são impossíveis de serem ignoradas pela coloração flamejante, com tons de vermelho, de amarelo e de alaranjado. É uma floração que transmite alegria.

Uma das singularidades de Brasília é a de que dispomos de um calendário floral, em atividade durante todo o ano, que ameniza e relativiza os rigores das estações.

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