Severino Francisco
Sempre me interessei por matérias que envolvam uma arte de viver. Ser gentil quando tudo vai bem, é fácil. O difícil é lidar com situações de conflito. Por isso, a psicóloga e jornalista Rosana Braga escreveu A gentileza como bem-estar e felicidade (Ed. Buzz). É baseado em pesquisas na área comportamental e corporativa. Rosana tem 11 livros publicados. Resolvi fazer uma entrevista-relâmpago com ela (essa não é mediúnica) sobre o tema tão cativante e útil em nossas vidas. Fala, Rosana.
O que é a gentileza?
Parto do pressuposto de que ser gentil é ser firme, mas sem trair os seus valores. Às vezes, a pessoa tem toda a razão diante de uma circunstância, mas quando parte para a violência, perde a razão.
Ser gentil é ser bonzinho?
Não é ser bonzinho, não é ser bobo, não é desrespeitar os seus sentimentos. É ter flexibilidade, quem não tem flexibilidade se quebra.
A gentileza é mais do que a urbanidade?
Com certeza, é mais do que educação ou polidez. Porque a educação é constituída por regras de boa convivência: “bom dia, boa tarde, dá licença”. Torna a comunicação funcional. Mas, quando você é gentil, transforma o ambiente mais humano.
De que maneira?
Gentileza tem muito a ver com empatia, com ouvir o outro. Quando você é reativo e impulsivo, é muito difícil praticar a gentileza.
O que leva as relações humanas a desandarem?
Você se irritou com uma pessoa, o desejo é revidar, dar o troco, pagar na mesma moeda. As pessoas dizem: dou um boi para não entrar em uma briga, mas dou uma boiada para não sair. No fundo, isso incita a violência.
Simulemos uma situação. Estou dirigindo o carro, de repente, ouço a batida de outro carro na traseira. E aí, como fica a gentileza?
Claro que em um primeiro momento, você fica assustado. Mas é importante se colocar no lugar da outra pessoa, ver se alguém se machucou. As pessoas são mais importantes do que os carros. Depois, você vai ver o que de fato aconteceu, quem é o responsável, quem pagará o conserto. Mas, tudo de maneira gentil, não adianta sair xingando do carro, só vai causar mais estresse.
E se a outra pessoa não é gentil? Como se comportar?
Quem decide como se comporta é você. Às vezes, você pode ser mais incisivo, mas não precisa machucar.
Qual é o ganho em ser gentil?
Primeiro, ganha relações mais saudáveis e ambientes mais agradáveis. E, depois, amplia a capacidade de comunicação e de resolução de conflitos. O profissional gentil tem um valor cada vez maior nas empresas. As pessoas estão cada vez mais estressadas e deprimidas. A saúde psíquica é extremamente beneficiada pela gentileza. Como diz o título do meu livro, gentileza é bem-estar e felicidade.