Feijoada com samba

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Severino Francisco

Hoje é dia de um programa muito bom no Clube do Choro: Feijoada com Samba, sob o comando de Teresa Lopes. Infelizmente, estou me recuperando da covid e não poderei comparecer. Mas contarei a minha experiência de assistir ao show-feijoada com Teresa Lopes, nos tempos pré-pandemia.

Ouvi falar que a Feijoada com Samba era um programa muito bom. Um amigo baiano malemolente bate ponto por lá quase todos os fins de semana. Porém, antes, ele passa na Feirinha da Torre para tomar um café. E, como se sabe, café de baiano é acarajé, iguaria que tem 323 calorias. Para queimar a gordura, ele segue a pé até o Clube do Choro. Resolvi passar por lá.

“Cadê Teresa?/Teresa minha nega/Gosto muito de você…/Cadê Teresa?” O samba de Jorge Benjor foi a senha para a entrada de Teresa ao palco. Ela chegou e ocupou a cena com categoria, imediatamente. Mas, antes, circulava pelas mesas, na varanda. Ela é puro samba no ritmo de andar, na cadência, no afeto, no carisma e no senso de humor.

Teresa domina a tradição do gênero, imprime a sua voz e renova canções clássicas com uma interpretação delicada. No início do show, ela avisou que o público poderia pedir algumas canções. Mas Teresa cantou um repertório de primeira linha, que passeou por Geraldo Pereira e Caetano Veloso, passando por Paulinho da Viola e Serginho Mereti: “Deixa a vida me levar/Vida leva eu”.

O samba de verdade nunca foi datado, é moderno e eterno. E, como disse Caetano Veloso, mais do que o passado, o samba é o futuro, o samba ainda vai nascer.

O projeto transforma as varandas do Espaço Cultural do Choro em terreiro de samba. Várias crianças e adolescentes com Síndrome de Down caíram na dança. O samba é democrático, é inclusivo.

A feijoada é de qualidade e o samba abre o apetite. Você pode ouvir, peneirar-se na cadeira, levantar-se, dançar em frente ao palco ou, simplesmente, ficar atento e contemplar silenciosamente.

Ou, então, fazer tudo isso ao mesmo tempo. Aí, que samba bom… É um programa saboroso. Saí de lá mais alegre, energizado e leve.

Cheguei para o plantão no sábado, e fiz a maior propaganda da Feijoada com Samba na redação. Um companheiro de trabalho ficou vivamente interessado. Todavia, ponderou que era muito exigente com gastronomia. Insistiu em se certificar se a feijoada era mesmo boa e se eu era confiável no quesito.

Positivo, confirmei, mas fiz questão de alertar que, em contrapartida, Reco do Bandolim, o comandante do Espaço Cultural do Choro, também é exigente com os espectadores. “Eu só gostaria de lembrar ao público que nos prestigia que o prato principal desta casa é a música. Muito obrigado!” É isso mesmo, a feijoada é boa, mas o prato principal é o talento, o ritmo, o bom gosto, a bossa e a alegria de Teresa em forma de samba.

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