Raphael Mendes/Divulgação. Crianças esperam o espetáculo em teatro perpassado pela natureza do cerrado.
Severino Francisco
Na semana passada, fui conhecer o teatro de bolso Acácias, construído no Condomínio Verde pela professora, atriz e pesquisadora Izabela Brochado e seu parceiro de aventuras no teatro, Marcos Pena. Está instalado na própria casa de Izabela e Marcos. É um lugar lindo, cercado de montanhas, perpassado pela vegetação áspera do cerrado.
Mas o essencial é o que aconteceu dentro da sala, transformada em caverna para o teatro de sombras Jogo das silhuetas, da Cia de Teatro Lumbra, de Porto Alegre. A Cia Lumbra nos presenteou com uma manhã de aprendizado e de encantamento.
Em duas horas, nós, crianças e adultos, desenhamos, recortarmos figuras, afixamos em palitos para manipular e ensaiamos narrativas fantásticas com princesas, castelos, cachorros, dragões, guerreiros e flores.
Foi uma mistura de teatro ancestral das cavernas e de cinema primitivo de Lumière. A minha neta Aurora, de 5 anos, saiu alucinada e inventou várias histórias em casa, com um lençol improvisado em tela. Só parou depois de esbarrar no abajur, quebrá-lo involuntariamente e deixar o teatro de sombras sem luz: “Desculpe, sou muito desastrada”, lamentou.
O teatro de bolso Acácias tem capacidade de abrigar 50 espectadores. É um ato de amor à arte. Por lá, já passaram o grupo Trapusteros, da própria Izabela, a contação de histórias de Eliana Carneiro e os mamulengos de Chico Simões. O projeto Domingo no teatro ocorre uma vez por mês.
Foto de Raphael Mendes/Divulgação. Chico Simões e o teatro de bonecos.
Izabela construiu uma trajetória com um pé na educação e outro na arte. Aprendeu a tirar leite de pedras e extrair soluções inventivas das situações mais precárias. Atualmente, é professora do Departamento de Artes Cênicas da Universidade de Brasília, nas áreas de pedagogia do teatro e teatro de formas animadas: “Precisamos nos habitar de poesia para reconstruir a vida”, diz Izabela.
Engana-se quem despreza os teatrinhos. A importância deles nas artes cênicas é crucial. E sobre isso acionemos o site sobrenaturaldealmeida.com para ouvir a palavra insuspeita de Nelson Rodrigues, o nosso profeta do óbvio: “Vejam, amigos. Shakespeare encenava em um terreno baldio, tendo como plateia uma cabra vadia. Brecht lapidou a sua arte nos botecos da Alemanha. E eu mesmo busquei inspiração no teatro de revista. Os grandes atores são formados nos teatrinhos. Só depois eles ocupam as salas suntuosas como a pirâmide do Teatro Nacional”.
E, de fato, o Juliano Cazarré, a Camila Márdila, a Bidô Galvão ou a Carmem Moretzshon se forjaram no ofício de atrizes e atores nos teatrinhos da UnB, no Teatro Galpão, no Teatro Garagem. Por isso, saudemos as salas pequenas. Elas insuflam a alma cênica ancestral e experimental na cidade. Aquele teatrinho incrustado no meio do cerrado bravo é uma caverna mágica. Viva os teatrinhos!!!
Foto de Raphael Mendes/Divulgação. Eliana Carneiro brinca no palco do Espaço Acácias.
Severino Francisco Entrar em contato com Dalton Trevisan, que nos deixou, recentemente, não era difícil;…
Severino Francisco Finalmente, assisti Ainda estou aqui. As imagens do filme ainda ressoam mixadas à…
Severino Francisco Eu tomei um táxi para resolver um para um problema na Asa…
Severino Francisco Em meio a notícias sobre o alastramento de incêndios florestais na Califórnia, nos…
Severino Francisco Conheci Miriam Aquino em um momento de grandes esperanças para o Brasil e…
Severino Francisco Animado pelo espírito de audácia, Assis Chateaubriand, o cangaceiro modernista e modernizador da…