Severino Francisco
Como todas as instituições particulares de ensino, a Faculdade Dulcina viveu (e ainda vive) um momento dramático durante a pandemia. Havia o receio de que os alunos debandassem e, com isso, inviabilizassem o funcionamento da instituição. Afinal, ela trabalha com as artes cênicas, que são, essencialmente, presenciais.
O que distingue a arte ancestral do teatro é o fato de ser um acontecimento único, corpo a corpo, olho no olho. Mas, imbuídos pela paixão do teatro e pelo espírito de resistência de Dulcina, os professores fizeram da pandemia um tema de aprendizagem sobre a cultura e sobre a vida para os alunos. É preciso resistir à tormenta e manter a escola funcionando.
Liguei para o diretor e professor Fernando Guimarães para saber notícias da Faculdade Dulcina. A instituição precisa de ajuda, mas o fato é de que, contra todas as previsões, sobrevive. Vários alunos novos fizeram o vestibular e poucos dos antigos desistiram.
O trabalho de convencimento dos professores funcionou. Eles se empenham, permanentemente, em manter viva a memória da luta de Dulcina de Moraes para instalar e manter uma faculdade de teatro na capital do país. Dulcina era uma mulher divertida, elétrica, carismática e magnetizadora. O teatro estava no sangue.
Todos que se aproximaram dela foram tocados por sua paixão pelo teatro. Fernanda Montenegro, Marília Pera, Nicete Bruno são algumas atrizes que a tiveram como referência essencial. Somente essa ação já a distinguiria na história do teatro brasileiro.
Quando resolveu vir para Brasília, Dulcina estava no ápice da carreira de atriz e de empresária do teatro que levava o seu nome no Rio de Janeiro. Mas ela trocou a comodidade pela aventura na poeira dos tempos inaugurais de Brasília. Nunca se arrependeu, apesar de nunca ser agraciada pelos governantes com o apoio que merecia.
Dulcina tinha uma fé no teatro capaz de abalar montanhas de entraves. E essa fé permanece viva nos professores e alunos. Dulcina engrandece e inspira. No semestre passado, Fernando Guimarães lançou o projeto do filme Não é preciso ser feliz para recomeçar, concebido a partir da ficção A peste, de Albert Camus.
O filme foi exibido na reabertura do Cine Drive-in com a cobrança de ingressos e foi muito bem recebido pelo público. Marcou um momento da resistência da Faculdade Dulcina. A fita mistura ficção e realidade, a ponto de o diretor do filme receber inúmeras manifestações de pêsames em razão da suposta perda de entes queridos.
No novo semestre, as aulas continuarão a ser ministradas em sistema virtual on-line. Para Fernando, Faculdade Dulcina é uma lição de resistência e funciona como exemplo. Nenhuma outra instituição é mais ferrada. Deve ser o espírito de Dulcina pairando. Ela é a encarnação da resistência e da paixão pelo teatro.
Severino Francisco Entrar em contato com Dalton Trevisan, que nos deixou, recentemente, não era difícil;…
Severino Francisco Finalmente, assisti Ainda estou aqui. As imagens do filme ainda ressoam mixadas à…
Severino Francisco Eu tomei um táxi para resolver um para um problema na Asa…
Severino Francisco Em meio a notícias sobre o alastramento de incêndios florestais na Califórnia, nos…
Severino Francisco Conheci Miriam Aquino em um momento de grandes esperanças para o Brasil e…
Severino Francisco Animado pelo espírito de audácia, Assis Chateaubriand, o cangaceiro modernista e modernizador da…