Cuidado com os buracos

Publicado em Crônicas

 

Severino Francisco

Que me desculpe o leitor, mas a crônica hoje será de utilidade pública. Há vários governos, trafegar de carro durante o período de chuva tornou-se uma aventura em todo DF. Não é diferente agora e, talvez seja mais dramático, pois as condições de escoamento e de absorção das águas pioraram.

Durante muito tempo, sofri com os buracos e as crateras abertas nas vias próximas ao condomínio onde moro. Os prejuízos eram imensos a cada tombo nas rachaduras expostas ou dissimuladas nas poças.

Conforme o baque, era preciso não apenas trocar o pneu, mas, também, desamassar a roda. O que fazer? Fotografar e pedir ressarcimento enfrentando um processo kafkiano? O dano não é apenas financeiro, envolve, ainda, o aborrecimento, a perda de tempo e a sensação de absurdo.

Cai tantas vezes em buracos que resolvi me precatar. Elaborei um mapa mental, decorei da cidade, sabia exatamente onde estavam, e, na condição de copiloto, alertava para os pontos de perigo, a ponto de a minha filha comentar: “Você é um neurótico”. Ao que, eu respondia: “Certíssimo, sou eu quem pago o prejuízo.”

Claro que nenhum governante consegue resolver todas encrencas de uma cidade tão grande, que se desdobra em metrópole. Cheguei a fazer uma lista das mazelas que atravessam governos de esquerda e de direita ao longo de décadas sob o significativo título de “Insanável” e insolúvel”. No entanto, os problemas da cidade têm solução, mesmo os difíceis e os complexos.

Os engenheiros e técnicos sempre disseram, em inúmeras matérias, que a questão dos buracos decorria apenas da qualidade ou da falta de qualidade do asfalto. E eu pude constatar a afirmação em vários pontos da cidade ou das cercanias de Brasília. Desde o momento em que resolveram aplicar um asfalto de qualidade nas vias de trânsito próximas ao condomínio para que os buracos sumissem miraculosamente.

Antes, a cada chuva, era um tormento, pois eles brotavam no asfalto com uma velocidade estonteante. E, de um dia para o outro, o buraquinho virava buracão e, se não fosse reparado, se transmutava em cratera. Isso ocorreu também na BR-40, que eu percorri, durante muitos anos, rumo a um sítio próximo a Cristalina. Com a aplicação de um asfalto de qualidade, os buracos rarearam ou se tornaram bem menos perigosos.

A quem interessa usar um asfalto de qualidade inferior? Ao erário e ao bolso do cidadão, eu posso garantir que não, pois ele exigirá uma infinidade de remendos precários. A cada nova chuvinha, se derreterá e abrirá uma fenda no chão. E tome remendos infindáveis.

Então, se se fizer a conta, o barato sai caro. Não é preciso ser um engenheiro ou um especialista no sistema viário. Bastar observar a cidade e constatar que os buracos proliferam nos locais em que foi aplicado um asfalto ruim. E, agora, com as mudanças climáticas, o cuidado deve ser redobrado, pois os impactos serão muito maiores e de consequências muito mais graves. Certos problemas são perfeitamente sanáveis e solúveis.

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