Severino Francisco
Na década de 1970, a juventude de Brasília dançou com Diógenes Barbosa, o DJ Didi. Ele comandava as pistas das boates Drugstore, Caco e Chalaco. Didi nos deixou em 29 de novembro, aos 69 anos, vítima de um infarto. Uma boa alma me passou a preciosa gravação do programa Memória Musical, da Rádio Nacional, com Márcio Lacombe, em novembro de 2017, quando Didi desfiou as canções que marcaram a sua vida.
Era era alagoano e, quando se mudou para o Rio de Janeiro, se apaixonou pelas emissoras de rádio cariocas, que forjaram a sua formação musical. O maior impacto viria com o programa de Big Boy, DJ lançado por Reynaldo Jardim, que revolucionou o rádio: “Hello crazy people!” Em 1978, Didi foi escolhido como um dos 10 melhores DJs do Brasil. Mas vamos às memórias musicais de Didi.
A primeira é a linda A noite do meu bem, de Dolores Duran, com seu romantismo delicado. Quando ouvia essa canção, Didi revivia e reavivava a memória da mãe, que sempre tocava essa música, quando ele era uma criança de 4 anos de idade.
Em tempos de revoluções por minuto, To be with your, de Joe Cuba, foi outro abalo sísmico. Era a síntese do programa Big Boy, que Didi ouvia já quando morava em Brasília. O sinal chegava com dificuldade, Didi entrava na antiga Aerowillys do pai, começava a ouvir às 23h e só parava às 5 da manhã. Sempre a bateria arriava, quando o pai queria sair para o trabalho ficava indignado. Hello, Crazy people, aqui é o Big Boy…
O maior impacto viria com Preta pretinha, do álbum Acabou chorare, dos Novos Baianos, que Didi considerava um dos cinco melhores alguns brasileiros. “Eu tinha pulado a bossa nova por causa do Jovem Guarda. Os Novos Baianos resgataram a bossa nova e a música brasileira. Eu queria ser os novos baianos, fazer música e jogar futebol o tempo inteiro”.
You are the first, the last, my everething, de Barry White, é uma lembrança muito intensa. Didi conheceu a canção nos tempos em que trabalhava como DJ no Clube dos Previdenciários, em 1974. Ocorre que o DJ Fininho, responsável pela música no Gilberto Salomão, bateu o carro e morreu. Imediatamente, Didi foi convidado para ser DJ da boate Chalaco e e fez muito sucesso. “Quando eu tocava, era garantia que a pista de dança ficaria cheia”.
Didi estudava arquitetura na UnB e ficava dividido com a atividade de DJ, numa época muito tumultuada, com muitas invasões policiais ao câmpus da universidade. O bêbado e o equilibrista, de João Bosco e Aldir Blanc, com Elis Regina, evoca esse tempo. “Tinha uma figura sinistra chamada King Kong, que prendia e desaparecia com os alunos. O bêbado e o equilibrista é um hino da abertura política”.
Didi encerra as suas canções marcantes com Primavera, de Vivaldi, gravação de Nigel Kennedy: “É meu elo com a música clássica. Sempre foi um prazer acordar aos domingos com o som da Primavera, de Vivaldi”.
PS: O programa com as memórias musicais do Didi será reprisado, hoje, às13h, pela Rádio Nacional.
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