Severino Francisco
Ao folhear os jornais e ao flanar pelos sites me deparei com a seguinte notícia no Correio: durante audiência pública na Comissão de Segurança Pública na Comissão de Segurança Pública do Senado Federal, o ministro da Justiça Flávio Dino afirmou que o reajuste de 18% para os agentes das forças de segurança do Distrito Federal cabe perfeitamente no orçamento do Fundo Constitucional do DF e não deverá enfrentar problemas para ser efetivado.
Dino acrescentou que o secretário executivo do Ministério da Justiça Ricardo Capelli tem acompanhado a questão de perto e assegurou que não haverá maiores dificuldades. A reportagem informa, ainda, que o assunto é debatido entre a bancada do DF no Congresso Nacional, deputados distritais, o governo federal e o governo do Distrito Federal há um bom tempo.
Um senador da República, presente na reunião, afirmou que será possível conceder o reajuste no pagamento de maio. É curioso como aparecem tantas excelências para apoiar as forças de segurança e tão poucas lideranças para amparar as forças da educação.
O orçamento previsto para o Fundo Constitucional do DF é de 22, 97 bilhões. Desse montante, a segurança fica com R$ 10,2 bilhões, a saúde, com R$ 7,1 bilhões e a educação com R$ 5,6 bilhões. Só nesta divisão é possível constatar a disparidade de tratamento. Defendo que todas as profissões sejam bem remuneradas. Mas os professores sempre são desprestigiados.
É interessante porque, quando são candidatos, todos os políticos, de esquerda ou de direita, proclamam que a educação será prioridade em seus mandatos. Mas, na hora dos debates e embates decisivos, eles refugam, desaparecem, fingem que nada têm a ver com a questão.
O governo alega indisponibilidade de verbas, mas concede aumento de 18% para as forças de segurança e autoconcede reajuste para si mesmo e para o pessoal do primeiro escalão de 25% no salário. Além disso, o GDF pagou 1 bilhão e 300 milhões para a empresa de ônibus Viação Marechal, que deveria renovar 100% da frota, mas só renovou 21,7%, ao longo de 10 anos. Não falta dinheiro para construir viadutos questionáveis do ponto de vista do planejamento urbano. Falta é prioridade para a educação.
Os docentes não têm aumento há oito anos. As condições de trabalho pioraram, com o acúmulo de alunos em sala de aula. É preciso contratar novos professores para atender a demanda. Isso afeta a qualidade do ensino.
É muito difícil formar um bom professor. Mas falta um plano de carreira que incentive a qualificação dos docentes. Um professor que faz mestrado ou doutorado acresce pouco mais de R$ 200 no salário. Esse é o caminho para a qualificação dos profissionais do ensino. Mas qual o estímulo que eles têm para melhorar?
A greve é sinal de alguma desinteligência, pois os governantes deveriam ser os primeiros a se preocuparem com a remuneração digna dos profissionais da educação. Por isso, merece aplauso a iniciativa dos parlamentares distritais da oposição e de parte dos aliados de apoiar o movimento dos professores por reajuste salarial e melhores condições de trabalho.
Eles ameaçam trancar as votações da Câmara Legislativa do DF se o governo não apresentar uma proposta. As excelências distritais precisam participar das grandes questões da cidade. Todos têm de se envolver com o desafio da educação. Se quisermos um país melhor precisamos dar dignidade profissional aos professores.
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