Severino Francisco
As imagens da tragédia do Rio Grande do Sul continuam a nos atingir de uma maneira devastadora a cada vez que olhamos para a tevê. Claro, em primeiro lugar, deve ser providenciado o socorro e o amparo para o povo gaúcho. É um estado que ficou submerso e exigirá muitos bilhões para ser reconstruído.
Alguns argumentam que não é hora de buscar os culpados. Mas, sim, é precisamente o momento ideal para se apurar as responsabilidades. Porque essa é uma tragédia mais do que anunciada pelos cientistas. No entanto, apesar dos alertas, os governadores, a classe política e os empresários do agronegócio têm tomado decisões ou têm se omitido em uma direção que contribui muito para os desastres climáticos.
Os exemplos pululam. Em que pese o caos com as enchentes do ano passado, o governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite e o prefeito de Porto Alegre Melo não tomaram nenhuma providência para fazer a manutenção do sistema de diques e muros, com uma extensão de 86 quilômetros na capital gaúcha.
Embora sereno, o governador é um fanático na ideologia do Estado mínimo e em promover o desmonte sistemático das instituições que poderiam proteger os cidadãos de eventos como o que assolou e ainda assola o Rio Grande do Sul. Já imaginaram o alcance da tragédia humanitária e social se não existisse o SUS durante a pandemia da covid? É bonita e necessária a solidariedade da sociedade civil, mas é o Estado que tem condições de amparar a população em situações dramáticas como a que vive o Rio Grande do Sul.
Ambos, governador e prefeito, não têm a seu favor o argumento da surpresa. No ano passado, as tempestades devastaram o Rio Grande do Sul. E, no entanto, eles não tomaram nenhuma providência: “O sistema falhou, na minha percepção, por falta de manutenção, mas isso nós temos de estudar depois e avaliar, só depois do sistema voltar ao normal, já a nossa vida, essa nunca mais deve voltar ao normal”, afirmou o diretor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade do Rio Grande do Sul, Joel Goldenfum, em entrevista ao repórter Henrique Lessa, publicada no Correio.
E os problemas não se limitam a esse aspecto técnico fundamental de proteção. Na era de mudanças extremas no clima, o governador do Rio Grande do Sul liderou ações no sentido da flexibilização das leis de proteção a áreas ambientais em vez de criar programas para a restauração florestal. Nós vimos os resultados da flexibilização ambiental na Amazônia, em Mariana e em Brumadinho.
Embora não possam resolver todo o problema, as áreas florestadas são importantes para conter a avalanche de água das chuvas, que será cada vez mais frequente. É preciso lembrar que o Pampa é um dos biomas mais devastados do país. Teve um desmatamento de 27,2 de 2021 para 2022.
E, como se não bastasse, em um ato de total irresponsabilidade, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou por 38 votos a 18 um projeto de que reduz a proteção ambiental nas chamadas “áreas não florestais”, como campos nativos da Mata Atlântica, Pantanal e Caatinga.
Todos os que agem com essa insciência contribuem para desastres climáticos como o que está ocorrendo no Rio Grande do Sul. Não entenderam que a questão ambiental não é de esquerda ou de direita; é da nossa sobrevivência no planeta.
O Congresso Nacional deveria, neste momento, estar promovendo debates com os cientistas para saber da gravidade do que está acontecendo. Quanto mais as excelências recusarem os alertas da ciência maiores serão os desastres ambientais.
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