Bancários da Caixa denunciam cobrança de metas inatingíveis, assédio moral e afrouxamento de normas de proteção à covid

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Situações como estas são tema do Seminário “Defesa da Caixa, do Brasil e da Vida”, que reúne, nesta terça-feira, a partir das 18 horas, dirigentes de representações sindicais dos trabalhadores do banco público. “Não fosse o empenho dos empregados da Caixa Econômica para o pagamento do auxílio emergencial e de outros tantos benefícios sociais, 120 milhões de brasileiros não teriam conseguido sobreviver nesta crise econômica sem precedentes”, destaca federação nacional da categoria (Fenae)

A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), a Comissão Executiva dos Empregados (CEE) e outras representações dos trabalhadores do banco denunciam a cobrança, por parte da direção da estatal, de metas incompatíveis com o contexto da pandemia da covid-19. As entidades também alertam para casos de assédio moral, afrouxamento de normas de proteção à saúde dos trabalhadores e pressão para o retorno presencial, apesar do recrudescimento dos casos de contaminação pelo coronavírus em diferentes locais do país.

Esses problemas serão o foco principal, nesta terça-feira (23), do Seminário de Dirigentes Sindicais “Defesa da Caixa, do Brasil e da Vida”, cuja abertura, às 19 horas, com a participação do presidente da Fenae, Sergio Takemoto. “Não fosse o empenho dos empregados da Caixa Econômica para o pagamento do auxílio emergencial e de outros tantos benefícios sociais, 120 milhões de brasileiros não teriam conseguido sobreviver nesta crise econômica sem precedentes”, ressalta Takemoto.

“As metas continuam desumanas, além do forte assédio aos trabalhadores”, reforça a coordenadora da CEE, Fabiana Uehara Proscholdt. “É inacreditável que em um momento em que os empregados estão sendo exemplo de dedicação, a direção da Caixa imponha metas inatingíveis. A meta do banco deveria ser preservar a vida dos bancários e da população”, emenda o presidente da Fenae.

Um trabalhador revela, em rede social: “Com pandemia e crise econômica, além da morte de colegas, a Caixa nos obriga a vender cartões, créditos, previdência e outros produtos para uma população que está sofrendo com desemprego”. Bancários também têm denunciado assédio por parte da empresa. “Estamos com medo de postar qualquer coisa. Medo das sanções administrativas, de demissão por justa causa e de não incorporar [benefícios]”, afirma outro empregado.

Na última sexta-feira (19), os trabalhadores da Caixa mostraram indignação a fatos como estes por meio de um tuitaço. Em São Paulo, a Associação do Pessoal da Caixa (Apcef/SP) e o Sindicato dos Bancários têm feito atividades com paralisações parciais das agências que sediam a Superintendência Executiva de Varejo (SEV) para denunciar a atitude da direção do banco ao impor metas inalcansáveis, com cobranças classificadas como abusivas.

Segundo o presidente da Apcef/SP e membro da CEE, Leonardo Quadros, para cumprir as metas impostas, os empregados têm ficado mais expostos, comprometendo o rodízio de trabalhadores nas agências e aumentando o número de contaminações por covid-19.

“Foram estabelecidas diversas ferramentas de monitoramento e cobrança de resultados; mas, o acompanhamento das medidas de proteção, que têm sido abrandadas, pelo que verificamos, é quase inexistente”, afirma Quadros.

No último dia 10, como informou este Blog do Servidor com exclusividade, a Fenae e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) participaram de uma primeira audiência com o Ministério Público do Trabalho (MPT) para tratar de perseguições a empregados registradas ao longo da reestruturação imposta pelo banco. “Os fatos vêm sendo denunciados por bancários de diferentes locais do país”, ressalta a Federação.

O MPT deu um prazo de 30 dias para que o banco apresente todas as informações solicitadas. A partir daí, o Ministério Público do Trabalho definirá os próximos desdobramentos.

Seminário

A abertura do seminário (online) “Defesa da Caixa, do Brasil e da Vida” também contará com a participação da presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva; do presidente da Federação dos Bancários de São Paulo e do Mato Grosso do Sul, Jeferson Rubens Boava; da representante eleita dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, Rita Serrano; do presidente da Apcef/SP, Leonardo Quadros; e da presidente da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito de São Paulo, Aline Molina.

“Com o avanço do desmonte do Estado brasileiro e as ameaças de privatização da Caixa, encontros como estes têm ocorrido com maior frequência”, observa o diretor da Fenae e do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Dionísio Reis.

A programação do seminário ainda incluiu um debate sobre “Perspectiva Econômica”, com o economista e técnico do Dieese, Sergio Lisboa; a apresentação do projeto “Covid como doença relacionada ao trabalho”; a defesa da Funcef [o fundo de pensão do banco] e o plano Saúde Caixa.