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Servidor do Inpa é transferido após participação em ato de protesto
O Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Amazonas (Sindsep-AM) prepara ação de denúncia contra atual gestores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) por perseguição política e assédio moral ao servidor Jorge Luiz Ramos Lobato, também secretário de administração da entidade, que dedicou 27 anos da sua carreira ao órgão. Ele foi sumariamente transferido para o Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (SIASS), que, segundo a denúncia, nada tem a ver com seu perfil e histórico profissional no órgão. o servidor recebeu várias manifestações de apoio
Veja a carta de despedida de Lobato:
“Prezados
Após mais de duas décadas e meia de trabalho, chegou o momento de deixar o INPA, onde me dediquei por praticamente todos os meus 31 anos de serviço público. Fui coordenador do Bosque da Ciência, idealizei e conduzi, por anos, o Projeto Circuito da Ciência do INPA, com reconhecimento da sociedade manauara pelos bons serviços prestados à população, principalmente aos estudantes de Manaus.
Muita coisa foi feita com minha contribuição nesse museu natural, hoje considerado patrimônio da sociedade amazonense. Os números comprovam o resultado desse trabalho. Desde que foi inaugurado, em 1995, o Bosque da Ciência já recebeu mais de 1,6 milhão de visitantes. Atualmente, o espaço recebe, em média, 130 mil visitantes/ano, com meta de aumentar esse resultado em mais de 15%, conforme estabelecido no PDU e em consonância com a Estratégia Nacional de C,T&I (ENCTI). A retomada e consolidação das obras de reforma dos ambientes de visitação foram realizadas em todas as edificações do Bosque.
Modernizamos o Bosque da Ciência, integramos ciência e cultura, defendemos a integridade territorial do Bosque e o fortalecemos, nos limites de nossa missão institucional, focando principalmente a popularização da ciência.
Fora isto, sempre defendi e lutei pela valorização e reconhecimento do INPA e seus servidores como um importante instrumento para a educação e produção de ciência em nossa região, bem como órgão de estratégia vital para o seu desenvolvimento econômico e social. Convicção esta que me levou a ser eleito, como represente dos servidores do INPA, para a diretoria do Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Amazonas (Sindsep-AM).
Infelizmente, em 2014, logo no início da gestão do ex-diretor do INPA, fui transferido, sem nenhuma justificativa, para o laboratório de Malária e Dengue. Mesmo me parecendo algo injusto, tendo em vista meu histórico de trabalho no Bosque da Ciência, me conformei com a decisão administrativa e passei a trabalhar exercendo as funções a mim determinadas com o mesmo empenho e zelo profissional de sempre.
Do período em que estive na coordenação do Bosque e de projetos, restava ainda muita coisa a ser feita. Até hoje temos obras em andamento, novos projetos de divulgação científica, enfim, muitas atividades a serem planejadas e executadas no futuro próximo.
No último dia 12 de setembro, porém, fui novamente surpreendido, desta vez pela portaria nº 170/2019, em que a atual administração determina minha transferência para o Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (SIASS). Levando em consideração tratar-se de um órgão estranho a minha qualificação profissional e 27 anos de experiência dedicados ao INPA,
respeitosamente, solicitei da direção do órgão esclarecimentos acerca da motivação para tal ato, estranhamente ocorrido poucos dias após minha participação, como servidor e representante sindical, em ato público que promoveu a defesa do INPA, frente às dificuldades orçamentárias e de recursos humanos por que vem passando.
Enfatizando minha surpresa com a transferência, tenho direito de entender as razões pelas quais estou sendo retirado de um órgão sobre o qual tenho pleno conhecimento e afinidade com seus objetos e função na região amazônica (com os quais, aliás, sempre contribuí), e mandado para outro do qual nada sei.
Salvo melhor juízo, a mim me parece mais uma retaliação ao meu democrático direito à livre manifestação no ato em que, irmanado a outros colegas servidores de carreira do órgão, defendi publicamente a valorização do INPA, que, já há alguns anos, não recebe, por parte dos governos no poder, o devido reconhecimento e valorização.
Sendo assim, deixo aqui minha gratidão a todos que estiveram a meu lado em todos estes anos e reafirmo meu compromisso com o INPA, com a sua defesa e com a defesa da ciência na Amazônia.”
E a manifestação de apoio de José Ricardo:
“NOTA DE SOLIDARIEDADE
Venho a público prestar solidariedade a Jorge Luiz Ramos Lobato, servidor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), por ocasião da portaria nº 170/2019 que determinou a transferência para outro órgão e setor que não condiz com sua qualificação profissional e experiências adquiridas no INPA. Essa decisão, estranhamente ocorrida poucos dias após participação deste servidor no ato público em defesa da instituição de pesquisa, no qual trabalha há quase 31 anos, demonstra claramente a tentativa de represália ao servidor por defender de forma democrática e constitucional uma instituição importante para sociedade brasileira, sobretudo para a Amazônia, nesse momento em que sofre por faltas de políticas públicas do Governo Federal no combate à degradação da floresta.
Todo nosso apoio e solidariedade ao servidor Jorge Lobato. E esperamos que essa decisão seja revogada o mais breve possível e que os esforços e as lutas de todos os servidores por mais investimento no Inpa e valorização profissional sejam reconhecidos e valorizados.”