Anati alerta para risco de “apagão” no sistema digital do governo

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A Associação dos Analistas de Tecnologia de Informação (Anati) alerta para um possível colapso no sistema digital do governo, uma vez que profissionais de cargos estratégicos estão, frequentemente, pedindo exoneração. “Assim foi com os antigos secretários do Governo Digital e com Jackson Barros do Datasus”, informa. “Governo Guedes não investe em tecnologia. Estamos à beira de um colapso”, enfatiza Thiago de Aquino, presidente da Anati

Após pedido de exoneração do diretor de tecnologia do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Daniel Miranda Pontes Rogério, Thiago de Aquino Lima, presidente da Associação Nacional dos Analistas em Tecnologia da Informação (Anati), questiona:.“Até quando vamos perder excelentes analistas em tecnologia de informação?”

Daniel  Rogério estava à frente do setor de Tecnologia e Disseminação de Informações Educacionais, desde 09 de abril e pediu demissão dois meses antes da prova do Enem, principal projeto do qual era responsável. Segundo Inep, o ex-diretor pediu demissão alegando “motivos pessoais”.

Para o presidente da Anati, os motivos ultrapassam o âmbito pessoal e tocam na esfera pública. Segundo ele, a saída de Daniel reflete um total descaso do “governo Guedes” que se recusa em investir em tecnologia, em profissionais qualificados de TI e a ouvir propostas que garantem a qualificação do serviço digital. “A equipe econômica está com uma proposta que, segundo os próprios secretários, é totalmente convergente com que o Governo quer. Uma proposta justa, exeqüível, meritocrática, com o fim da progressão automática, 30 anos para se chegar ao topo, sem privilégios, uma proposta que estrutura o cargo de tecnologia no Governo Executivo Federal, remuneração totalmente compatível com as atribuições de gestão, com o mercado. Um trabalho feito a quatro mãos. “Essa proposta está nas mãos deles e ninguém faz nada”, indigna-se Thiago que lamenta a falta de comunicação com o Governo e com o Gabinete do Presidente da República.

“Não conseguimos chegar até o Bolsonaro. Seu gabinete não nos recebe e, enquanto isso estamos perdendo profissionais qualificados para a iniciativa privada, perdendo para hackers que entram, com facilidade, em sistemas do Governo. Não temos como sustentar, inovar e evoluir a transformação digital, a segurança do sistema e dos dados do cidadão, não há outra saída, tem que se estruturar o cargo de ATI e realizar concurso, temos quase 400 vagas em aberto”, afirma ele.

Thiago enfatiza que o Governo Executivo Federal não tem pessoas suficientes para tocar todas as políticas públicas de todos os órgãos. “A carreira que gerencia soluções de tecnologia do Executivo Federal está á beira de um colapso. Somos apenas 450 ATIs para tocar as políticas públicas de mais de 220 órgãos. São mais de oito bilhões em contratos de TI gerenciados. Se não tem gente, não há contratos e, portanto não há empresas atuando para o Governo, logo não tem como atender as políticas públicas”, lamenta ele que alerta para a saída repentina de outros excelentes profissionais de órgãos importantes do Governo

“Daniel não foi o primeiro. Antes dele, Ciro Pitangueira de Avelino, que ocupava o cargo de Secretário Adjunto de Governo Digital pediu exoneração. Antes dele, Tiago Silva Miari ,que ocupava o mesmo cargo, foi para a iniciativa privada.Jacson Barros, Diretor do Departamento de Informática do SUS (Datasus/SE/MS) também saiu. Mauro Cesar Sobrinho Diretor de Governança de Dados e Informações, a mesma coisa. E terá mais uma pessoa que pedirá exoneração nos próximos dias”, polemiza Thiago. “E o próximo a deixar o Governo será Luis Felipe Monteiro, Secretário Nacional de Governo Digital”.

Essa foi a afirmativa de Thiago Aquino , em 23 de setembro. Segundo ele, a decisão se tornará pública em poucos dias, mas nos bastidores do Governo, o Secretário Nacional de Governo Digital já se despediu da equipe e dos demais analistas de tecnologia da informação, informa a Anati. A notícia da saída gerou grande repercussão entre os servidores de carreira Analistas em Tecnologia da Informação, representados pela Associação Nacional dos Analistas em Tecnologia da Informação – ANATI.

“A Saída do secretário é o reflexo do quanto o mercado de especialistas em TI está aquecido. Mensalmente, perdemos ATIs para bancos privados, bancos Estaduais, empresas da iniciativa privada, agora foi o secretário, desejamos sucesso em seu novo desafio. Preocupamo-nos com o processo de escolha do próximo Secretário de Governo Digital, que deverá ser capaz de dar continuidade ao processo de transformação digital do Estado e avançar em pautas importantes, como garantir a segurança das informações dos cidadãos armazenadas nos sistemas do Governo e cobrar mecanismos para reter o ATI no governo, pois o cargo já se encontra com quase 60% de evasão”, afirma.

A preocupação foi tamanha que já se tornou pública mediante o Ofício n° 02, de 22 de setembro de 2021, endereçada aos senhores: Ministro de Estado Paulo Guedes; Secretário de Desburocratização e Governo Digital Caio Mario Paes de Andrade; Secretário de Gestão de Pessoas Leonardo Sultani, à Secretaria de Governo Digital, Secretaria de Gestão de Pessoas, Secretaria de Desburocratização e Governo Digital e Ministério da Economia.
De acordo com o documento, a Associação solicita que a escolha do substituto de Luis Felipe no comando da Secretaria de Governo Digital do Ministério da Economia seja um servidor da carreira do cargo de Analistas em Tecnologia da Informação, visto o papel importantíssimo que esses profissionais desempenham para o país.

“Os ATIs acumulam resultados positivos e relevantes, que podem ser observados nos mais diversos pontos de vista: aumento de maturidade das áreas de TI do Executivo, economia de recursos públicos, entregas de serviços digitais aos cidadãos, automatização dos processos internos dos Órgãos, entre outros”, explica Aquino. No documento, a Anati explana que, até o presente momento, nenhum ATI chegou a ocupar a função sendo que há diversos nomes com capacidade técnica, gerencial e política para tamanha responsabilidade.

Segundo o ofício, “a indicação de um ATI para a referida função seria uma clara sinalização de que o Ministério da Economia caminha para fortalecer os princípios de uma gestão meritocrática, profissional e orientada a resultados no serviço público. Além da oportunidade de ter, no comando do Órgão Central do Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação – SISP, um servidor que conhece como as áreas de TI do Poder Executivo funcionam.”

Diante de todos os argumentos expostos, a Anati propõe a abertura de um processo seletivo para os Analistas em TI do Ministério da Economia para a ocupação do cargo de Secretário de Governo Digital e se dispõe a enviar uma lista com nomes de candidatos para o referido processo seletivo. O ofício foi protocolado em 22 de setembro de 2021 e aguarda o posicionamento do Governo Guedes para ás indicações.

Servidores – Anunciados os vencedores do prêmio de reconhecimento de trajetórias no setor público

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Foram anunciados os vencedores do Prêmio Espírito Público, de reconhecimento de trajetórias no setor público brasileiro. Cada um receberá R$ 10 mil e uma imersão internacional de aprendizagem na Alemanha

Depois do processo de seleção dos mais de 1.000 profissionais do setor público inscritos de todo o Brasil, ganharam 18 participantes, de 13 estados brasileiros, em seis diferentes categorias: Educação, Meio Ambiente, Saúde, Segurança Pública, Governo Digital e Gente, Gestão & Finanças Públicas. Cada um dos vencedores receberá R$ 10 mil e a oportunidade de participar de uma imersão internacional de aprendizagem e contato com o serviço público da Alemanha.

Entre os vencedores há histórias bem interessantes, como a de um ex-seringueiro que atua na proteção de povos indígenas isolados na floresta, um médico idealizador de um movimento de conscientização sobre o suicídio, uma juíza dedicada a enfrentar o grave problema da violência doméstica no país e um comunicador que criou um serviço inovador de informações públicas ao cidadão, entre várias outras.

A premiação reconhece bons exemplos que podem inspirar um serviço público de qualidade para todas as pessoas. São algumas das histórias que constroem as trajetórias de mais de 10 anos dedicação ao serviço público reconhecidas em 2019 pelo Prêmio Espírito Público.

O júri foi composto por mais de 160 representantes do setor público, da academia, do terceiro setor e de empresas com atuação em cada área, contando como nomes como José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde; José Luiz Setúbal, presidente do Hospital Infantil Sabará; Claudia Costin, ex-secretária de Educação do Rio de Janeiro-RJ e Ana Carla Abrão, Head da Oliver Wyman Brasil e ex-secretária de Fazenda de Goiás.

A iniciativa é organizada pela Aliança (formada pela República.org, Instituto Humanize, Fundação Lemann e Fundação Brava) e pela Agenda Brasil do Futuro, em parceria com algumas das mais importantes instituições do país nas áreas social, educacional, ambiental, da saúde e de gestão pública (lista de instituições disponível no site). “Acreditamos que essas trajetórias podem incentivar talentos de todo o Brasil a entrar na Administração Pública, além de inspirar os atuais profissionais públicos a fortalecer seu protagonismo na busca de soluções para os desafios do país”, afirma Marina Cançado, diretora-executiva da Agenda Brasil do Futuro.

Cada um dos vencedores receberá R$ 10 mil e a oportunidade de participar de uma imersão internacional de aprendizagem e contato com o serviço público da Alemanha. Em setembro, eles viajam juntos para a Hertie School of Governance, universidade de políticas públicas com enfoque contemporâneo, em Berlim.

No dia 28 de outubro, dia do servidor público, haverá a cerimônia de premiação dos vencedores, em que será anunciado ainda uma trajetória destaque em cada categoria. Os seis contemplados com o destaque levarão um prêmio adicional de R$ 20 mil. “É fundamental que esses profissionais sejam valorizados por suas trajetórias voltadas para o impacto positivo no Brasil, ressignificando a imagem do bom profissional público”, ressalta Eloy Oliveira, diretor-executivo da República.org.

Sobre a Aliança

A Aliança é formada por quatro organizações do terceiro setor – Fundação Brava, Fundação Lemann, Instituto Humanize e República.org – que juntas somam esforços e recursos em torno do tema de gestão de pessoas no setor público e no terceiro setor.

Seu objetivo é contribuir para a entrega de serviços públicos de qualidade à população, com pessoas mais preparadas para enfrentar os desafios sociais do Brasil. Os esforços e recursos são investidos em produção de conhecimento; promoção de diálogo, mobilização e engajamento por meio de realização de eventos e atuação em rede; e implementação de experiências práticas de gestão de pessoas em parceria com governos.

Sobre a Agenda Brasil do Futuro

Associação sem fins lucrativos fundada e gerida por jovens de famílias empresárias de diferentes regiões do Brasil com o objetivo de acelerar mudanças estruturantes no Brasil. Desde 2015, vem focando na pauta de pessoas no setor público, principalmente, nos temas do reconhecimento e da seleção profissional para cargos de alta direção.