Reflexão
Pintura
Dia Nacional da Matemática: exposição na USP São Carlos inspira mulheres a se dedicarem à área
Mostrar a trajetória da única mulher que ganhou a Medalha Fields, o prêmio Nobel da Matemática, é o foco da exposição que entra em cartaz hoje, 6 de maio, no ICMC. O Dia das Mulheres na Matemática será comemorado, pela primeira vez, em 12 de maio, data do nascimento de Maryam Mirzakhani, única mulher a ganhar a Medalha Fields, a maior honraria da Matemática
Motivar e encorajar mais estudantes do gênero feminino a pesquisar ou dar continuidade às suas pesquisas na área de matemática. Essa é uma das motivações da exposição Remember Maryam Mirzakhani, uma homenagem à única mulher a ganhar a Medalha Fields, a maior honraria da Matemática. A exposição entra em cartaz em São Carlos nesta segunda, 6 de maio, quando se comemora o Dia Nacional da Matemática. Para conferir a atração, que é gratuita, basta ir ao andar térreo e ao primeiro piso da Biblioteca Achille Bassi, no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP, em São Carlos, até o final deste mês.
Exibida pela primeira vez durante o Encontro Mundial para Mulheres em Matemática, evento que aconteceu no ano passado no Rio de Janeiro, a exposição nunca havia sido apresentada em São Carlos. “Também escolhemos o mês de maio para a exibição no ICMC pois é quando se comemorará, pela primeira vez na história, o Dia das Mulheres na Matemática, em 12 de maio. A data foi definida e escolhida por ser o dia do nascimento de Maryam Mirzakhani”, explica a curadora da exposição, a professora Thaís Jordão, do ICMC.
Nos grandes painéis expostos na Biblioteca, as imagens e textos (em inglês) sobre a trajetória de Maryam são um convite à reflexão. A pesquisadora morreu em 2017, depois de lutar alguns anos contra o câncer. “A ideia foi criar um ambiente de curiosidade e de contemplação acerca da vida pessoal e profissional de Maryam. Queríamos conquistar a empatia do público e fazer nascer um sentimento natural de identificação com a pesquisadora. Afinal, é possível enxergar um pouquinho de nós em pelo menos um dos pôsteres da exposição”, diz Thaís.
O nascimento da exposição
Foi o Comitê para Mulheres em Matemática da União Matemática Internacional que procurou a professora Thaís para coordenar o projeto de homenagem a Maryam. O Comitê conhecia o trabalho de Thaís porque ela organizou, em 2017, a mostra Elas expressões de matemáticas brasileiras, em conjunto com o designer gráfico Rafael Meireles.
Para produzir todos os painéis que compõem Remember Maryam Mirzakhani, a dupla trabalhou ao longo de cerca de dois meses à distância, durante os finais de semana. Na época, Thaís estava fazendo seu segundo pós-doutorado em Barcelona, enquanto Rafael continuou vivendo na casa do casal, em São Carlos. Toda a discussão e a produção aconteceram por chamadas de vídeo via internet.
Nas pesquisas sobre Maryam, a dupla descobriu que foi o irmão que contribui para despertar o encanto da garota pela Matemática. A professora da USP explica que esse é um aspecto comum na trajetória de vários pesquisadores. “Na verdade, todo e qualquer matemático que eu conheço hoje sempre teve uma pessoa – seja homem ou mulher – que o motivou, seja através de uma aula, da apresentação de um resultado. Enfim, de alguma maneira, ao oferecer o conhecimento, aquela pessoa fez o receptor envergar uma beleza ali.”
Ciência combina com maternidade
Natural de Teerã, no Irã, Maryam nasceu em maio de 1977 e graduou-se em Matemática pela Universidade de Tecnologia de Sharif, onde o professor Ali Tahzibi, do ICMC, também cursou Matemática. Ele estava no terceiro ano da universidade e era monitor da disciplina Análise Complexa, ministrada para os estudantes do primeiro ano. Foi assim que ele conheceu Maryam. “Eu não me esqueço, até hoje, de como ela resolvia os exercícios em sala de aula: sempre encontrava a forma mais breve e mais bela. Um talento extraordinário”. Ele conta que, no Irão, a Olimpíada de Matemática é muito popular e que Maryam foi a única garota do país a ganhar duas medalhas de ouro.
“É como se ela enxergasse a Matemática com super óculos”, conta Ali. “Porque Maryam dominava inúmeras áreas diferentes da Matemática, o que é muito raro, e conseguiu produzir resultados com impactos em todas elas”. Para Ali, ao ganhar a Medalha Fields em 2014, Maryam se tornou um incentivo para meninas de todo o mundo e para as iranianas, em particular, que ainda enfrentam muitas barreiras no mundo acadêmico.
Maryam gostava de trabalhar escrevendo sobre grandes folhas papel branco que espalhava pelo chão. Sua filha, Anahita Vondrak, quando a via assim, logo falava: “Mamãe está pintando de novo”. Ao olhar a cena retratada em um dos painéis, Thaís completa: “Talvez ela realmente estivesse pintando a ciência.” Aliás, Anahita é um dos destaques da exposição. No painel preferido da professora Thaís, a garota brinca com a Medalha Fields que a mãe ganhou, um símbolo de que é possível conciliar ciência e maternidade.
O maior desejo de Thaís e Rafael, com a iniciativa, é realizar o desejo de Maryam, que aparece nas palavras ditas pela matemática e que estão em destaque em um dos painéis da exposição: “Eu espero que a existência de uma mulher medalhista Fields, a qual será certamente a primeira de muitas, coloque abaixo muito mitos em torno de mulheres e matemática, e encoraje mais jovens mulheres a pensar em pesquisa matemática como uma possível carreira”.
Fonte – Assessoria de Comunicação do ICMC/USP
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, jogou água fria na intenção dos membros do Ministério Público Federal (MPF) de abandonar cargos em grupos de trabalho, representações e coordenações
Ao sentir a pressão para abrir espaço para mais um penduricalho – gratificação por acúmulo de funções – agiu rápido pelas redes internas e apaziguou os ânimos. Com o restabelecimento do diálogo, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) já começa a admitir que a mobilização para o protesto, que teria início hoje, naturalmente se dissolverá. Na mensagem, Dodge diz que compreende “o ato de entrega de funções, mesmo dele discordando”. Chama a atenção para o momento de crise do país e para a inoportuna expansão de gastos do dinheiro público. E dá um puxão de orelha: “o propósito de defesa da integridade do MPF dispensa a exposição gratuita da instituição à opinião pública, consequência natural de eventual entrega de funções”, afirma.
“Devo zelar para que a exposição pública já desencadeada pelo extravasamento de pauta reivindicatória corporativa – reitero – de difícil compreensão por formadores de opinião e pela sociedade, não seja compreendida como ato contrário à lei, nem desproporcional ao justo, e muito menos indiferente à fase da vida nacional marcada por grandes tragédias evitáveis, por elevado deficit público e por milhões de desempregados e excluídos. Renovo meu convite à retomada do diálogo, para o qual sempre estou disponível”, diz Dodge na mensagem. Em outro trecho, ela fala da preocupação com a credibilidade do MPF e convida os colegas para “uma reflexão sobre o dia de amanhã (11/02), data para a qual nossa Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR) marcou a entrega de funções ‘como ato concreto de protesto e posicionamento’”.
“Queríamos justamente isso. Mas ainda falta ela marcar sessão extraordinária do Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF) para sentarmos e resolvermos as pendências”, afirma José Robalinho Cavalcanti, presidente da ANPR e principal articulador da mobilização. Ele insiste que a assimetria remuneratória com os juízes é fundamental e que isso só depende da mudança na fórmula de cálculo para expandir o pagamento da gratificação a maior número de membros. “Mesmo com o aumento de 16,38%, com o fim do auxílio-moradia, na primeira instância, houve queda mensal dos subsídios em torno de R$ 1,2 mil”. Questionado se não seria o caso de o dinheiro do auxílio-moradia retornar ao caixa do Tesouro para colaborar com o ajuste fiscal, Robalinho explicou que “isso não existe, porque prejudicaria o futuro do MPF, seria uma forma de encolher o orçamento nos próximos anos”.
Especialistas em finanças públicas, no entanto, alertam que Robalinho fez uma “distorção” proposital no ritual orçamentário. De acordo com eles, o dinheiro que era usado no auxílio-moradia, cuja quantia foi mantida em 2019, não está exatamente sobrando e nem será devolvido. “Esses recursos podem ser investidos em custeio ou em projetos importantes. Cabe lembrar que, em passado não muito distante, a classe reclamava de falta de verba para viagens, diárias, gasolina, entre outras. Houve categorias que fizeram campanha para não usar veículos sem vistoria e sem condições de trafegar. Então, chegou a oportunidade de o dinheiro que saiu do auxílio-moradia, que era indenizatório e não integrava o salário, ir para funções mais nobres”, criticou um técnico que não quis se identificar.
Geração mais conectada da história será protagonista nas redes sociais durante o período eleitoral. Page Talent analisa erros e acertos da exposição no mundo digital
Intolerância, polêmicas vazias, frases preconceituosas, desprezo à objetividade e carência de diálogo educado. O período eleitoral no Brasil transforma o debate público num ambiente bastante parecido com o que há de pior nas redes sociais. Nesse sentido, o que os jovens devem evitar em seus perfis para não comprometer a imagem profissional?
“Mesmo que ainda não estejam em programas de trainees ou iniciado algum estágio, em 2018 ninguém terá mais a chance de viver um mundo à parte nas redes sociais. Empresas, formadores de opinião, colegas, professores, contatos de networking, enfim, hoje estão todos conectados, de forma inédita no Brasil e no mundo. Na vida moderna as informações pessoais se confundem com a reputação profissional, para o bem e para o mal. Não há segredos, apenas boa vontade para transformar a criatividade das postagens e reproduções em boas referências. Não é censura, padronização e nem afetação. É reputação. Algo que precisa ser encarado de modo mais maduro aqui no país, em especial em momentos mais tensos, como o das eleições que se aproximam”, analisa Ariane Israel, gerente executiva da Page Talent, unidade especializada na condução de programas de trainee e estágios, do PageGroup Brasil.
A Page Talent preparou um guia simples, com a linguagem usual das mídias sociais, que evita problemas e ajuda nas boas escolhas.
Confira.
Merece like
a) Conteúdo que exprime suas verdades pessoais
b) Páginas/pessoas/campanhas de opiniões diferentes da sua
c) Páginas/projetos de causas sociais/planetárias (não importa ideologia)
d) Cultura, esportes, bem-estar, autoconhecimento (que tal aprender sempre?)
e) Críticas sociais, denúncias e campanhas (que não ofendam ninguém)
f) Marcas e empresas que você admira (não precisa seguir, mas vale a sintonia)
“Vale mostrar ao mundo seus valores, crenças, paixões. As redes sociais podem ser ótimos canais para a expressão de sentimentos mais artísticos, e claro, de elementos de diversão, bom-humor e empatia. Nesse ponto, temos uma rede de divulgação muito favorável ao crescimento pessoal”, afirma Ariane Israel.
Vale compartilhar
a) Denúncias contra as fake news
b) Vídeos ou textos de fontes confiáveis
c) Páginas/projetos de causas sociais/planetárias
d) Campanhas de temas e dados verdadeiros (não importa ideologia)
e) Grupos de estudo e eventos culturais (agenda de shows, palestras etc.)
f) Serviços e informações que podem ajudar o próximo (não importa ideologia)
“Pessoas que sabem compartilhar o melhor de si com os outros são mais interessantes, isso dentro ou fora das redes sociais. É legal compartilhar conteúdos que podem fazer bem às pessoas à nossa volta”, comenta a gerente executiva da Page Talent.
Merece ser apagado (ou no mínimo, atenção extra)
a) Páginas que praticam fake news (não importa de onde venham)
b) Vídeos de conteúdo maldoso, racista e com ofensas pessoais
c) Páginas/Pessoas que ofendem religiões (saia dessa, não importa sua crença)
d) Postagens de “humor” para temas delicados (vale a pena ofender alguém?)
e) Postagens antigas que não combinam mais contigo (essa reflexão é pessoal)
f) Fotos/vídeos/memes que podem ofender colegas de trabalho (avalie de forma honesta)
“Bem, acho que os tópicos são autoexplicativos. Cada um tem total direito de expressar livremente nas redes sociais, porém, as cobranças, pressões e até eventualmente os ataques, também são livres. Esteja atento ao que você está comunicando” ressalta a especialista em recrutamento.
Merece bloqueio (estes temas não cabem no mundo de hoje)
a) Ofensa religiosa (não importa sua crença)
b) Racismo de qualquer natureza
c) Homofobia (leia sobre o tema)
d) Machismo (leia sobre o tema)
e) Links para download de conteúdo duvidoso e ofensivo
f) Qualquer culto à violência
“Não dá mais para levar na brincadeira qualquer forma de violência, abuso, discriminação etc. Use suas redes sociais como uma central de qualidade, mantenha por perto o que te faz bem, mas também te faz crescer. Não seja um canal de influência para páginas ou pessoas que não estão respeitando o mundo e a sociedade”, diz a especialista.
Empresas se incomodam com jovens de política (na web e no trabalho?)
“De forma alguma. Falar de temas políticos denota maturidade, preocupação, engajamento e até senso de respeito com o ambiente público. O que incomoda são as ofensas. Não acredito que um jovem possa se prejudicar por defender paixões políticas, ou simplesmente criticar ideias de governos ou até mesmo por não se interessar pelo tema. O que não vai trazer resultados é o desrespeito com as ideias alheias. Aliás, isso pode estragar até mesmo o melhor ambiente de trabalho. Vale a reflexão. O momento eleitoral pode aflorar críticas excessivas. Elogios, identificação e propósito jamais vão atrapalhar”, finaliza a especialista em recrutamento de jovens talentos, Ariane Israel.
Sobre a Page Talent
Page Talent é a unidade de negócios da Page Personnel dedicada ao recrutamento de estagiários e trainees. É parte do PageGroup no Brasil.
Governo espanhol oferece especialistas para a reconstrução do Museu Nacional
O ministro da Cultura e Esporte da Espanha, José Guirao Cabrera, colocou o governo de seu país totalmente à disposição do Brasil para apoio efetivo na reconstrução do Museu Nacional, durante encontro com o ministro da Educação, Rossieli Soares, nesta quinta-feira, 13, em Madri.
“A Espanha, pela relação histórica que tem com o Brasil, é um país que tem um acervo muito importante”, destacou. “A Espanha tem documentos históricos que estão em seus museus, às vezes, até fora de exposição, que devem ser relevantes ao Brasil. Em reconhecimento a essa história, a Espanha ajudará o Brasil na recomposição do acervo ao Museu Nacional”.
Rossieli Soares lembrou que praticamente todo o acervo do Museu Nacional, localizado no Rio de Janeiro, foi perdido nesse incêndio. “Um grave problema a médio prazo que teremos muita dificuldade em solucionar será recompor o acervo relevante para o Museu Nacional”, destacou.
O ministro espanhol, José Guirao, também colocou à disposição especialistas da área de museus para apoiar o Brasil na reconstrução do prédio histórico. “Vamos precisar de muitos especialistas”, disse. “Nesse primeiro momento, vamos identificar os tipos de especialistas de que precisamos, após verificar quais os grandes problemas que serão diagnosticados”, explicou Rossieli Soares. “Em seguida, comunicaremos o Ministério da Cultura da Espanha sobre quais são as nossas necessidades. ”
Experiência – Com ampla trajetória na área cultural, o ministro espanhol José Cabrera é especialista da área, com grande experiência em gestão cultural. Ele já dirigiu o Museu Nacional de Arte Reina Sofía, um dos mais importantes da Espanha.
Exposição motiva mais mulheres a seguirem carreira na Matemática
Reflexão
Pintura
A produção recente de um dos artistas mais interessantes de Brasília poderá ser apreciada na exposição Urômelos, coelhinhos e quimeras: trabalhos recentes de Antônio Carlos Elias, em cartaz no Museu Correios, de 22 de junho a 16 de setembro
Nos anos 1980, Elias se dedicou a trabalhos bidimensionais: pinturas e desenhos. Nos anos 1990 surgiram instalações que incorporavam objetos e esculturas tridimensionais ao meio ambiente. Depois de 2010 a pintura retornou. Urômelos, coelhinhos e quimeras traz uma união da bidimensionalidade com a tridimensionalidade (esculturas e objetos) através de um conceito que é criado para as instalações, iniciados e complementados por pinturas. Urômelo é um monstro mitológico com dois membros abdominais, finalizados por um pé único com a ponta virada para frente.
A exposição também prevê uma palestra com o artista e a curadora Renata Azambuja e o lançamento de um catálogo bilíngüe, no dia 1º de setembro, às 16h, no Museu Correios, com entrada franca.
Serviço
Exposição Urômelos, coelhinhos e quimeras: trabalhos recentes de Antônio Carlos Elias
De 22/6 a 16/9/2018
Local: Museu Correios
Setor Comercial Sul Quadra 4 bloco A, Edifício Apolo
Entrada Franca
TRT10 lança exposição para lembrar o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil
Sinait lança, no Senado, exposição fotográfica sobre trabalho escravo e infantil
Mostra “Sobre o peso das correntes nos teus ombros” foi aberta, oficialmente, na manhã desta terça-feira, 8 de maio, no Espaço Cultural Ivandro Cunha Lima, do Senado. O interior da exposição remete aos dormitórios dos trabalhadores. “Trouxemos para a Casa do parlamentar brasileiro a casa do trabalhador. Queremos mostrar como eles dormem, bebem e comem. É importante colocar isso para os parlamentares que fazem a política brasileira”, disse Sérgio Carvalho.
STF decidirá sobre banimento do amianto no país nesta quinta
Julgamento avaliará constitucionalidade de leis existentes em dez estados que já baniram definitivamente a substância cancerígena do ambiente de trabalho e também da lei federal permissiva. O julgamento foi interrompido no dia 23 de novembro de 2016, quando o ministro Dias Toffoli pediu vista regimental para aprofundar entendimento da matéria.
Na próxima quinta-feira (10), o Supremo Tribunal Federal (STF) retoma o julgamento sobre a produção e utilização do amianto no país. Está em discussão a constitucionalidade de leis estaduais e municipais que, em nome da proteção à saúde de trabalhadores e consumidores, proíbem a industrialização e fabricação de produtos com todas as formas de amianto. Por outro lado, haverá pronunciamento sobre a lei federal que admite sob condições a continuidade da exploração e consumo da fibra no Brasil. O julgamento foi interrompido no dia 23 de novembro de 2016, quando o ministro Dias Toffoli pediu vista regimental para aprofundar entendimento da matéria.
Atualmente, dez estados – São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Mato Grosso, Minas Gerais, Santa Catarina, Pará, Maranhão e Amazonas -, bem como dezenas de municípios, têm leis que proíbem a produção e uso de produtos, materiais ou artefatos que contenham fibras de amianto ou asbesto na sua composição.
Entretanto, ainda hoje há uma lei federal de 1995 autorizando o uso do amianto branco, também chamado de crisotila, em matéria-prima para materiais de construção como telhas, caixas d’água e divisórias, além de pastilhas de freio para carros.
Embate jurídico
Diante da proibição de uso, industrialização e comercialização por diversos estados, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI) ajuizou as ADIs 3356, 3357 e 3397, impugnando, respectivamente, as leis de banimento dos estados de Pernambuco, Rio Grande do Sul e São Paulo. A entidade também propôs a ADPF 109, contra a lei de banimento editada pelo município de São Paulo. A CNTI sustenta que os estados e municípios teriam invadido a competência da União para legislar sobre o tema.
Para os advogados Roberto Caldas, presidente do Conselho Jurídico, e Mauro de Azevedo Menezes, diretor-geral do escritório Roberto Caldas, Mauro Menezes & Advogados, que representa a Associação Brasileira de Expostos ao Amianto (Abrea), responsável por reunir centenas de vítimas dos efeitos do amianto no país, e para a Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), no julgamento do STF, as legislações estaduais já existentes, que banem totalmente o uso do amianto, mostram uma preocupação dos entes federados com o adoecimento e morte de muitos trabalhadores em virtude da exposição à fibra cancerígena, plenamente compatível com a competência legislativa e com a centralidade da proteção à saúde estabelecidas pela Constituição de 1988.
“Na discussão sobre o uso de amianto no Brasil, o único vício de inconstitucionalidade é aquele que afeta a Lei Federal 9.055/95 que permite o uso de alguns tipos de amianto, mesmo em evidente afronta ao direito constitucional ao meio ambiente seguro e saudável”, destaca Menezes.
Amianto no mundo
No mundo, atualmente, mais de 75 países já aprovaram o banimento definitivo do amianto. Números da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que 125 milhões de trabalhadores e trabalhadoras em todo o mundo estão expostos ao amianto e que mais de 107 mil trabalhadores morrem por ano em decorrência de doenças relacionadas à exposição ao mineral e suas fibras.
“Mesmo o amianto crisotila, extraído no Brasil e que ainda encontra respaldo legal, submete os trabalhadores e a população em geral a graves riscos à saúde, como cânceres raros, a exemplo do mesotelioma, e a doenças pulmonares, como a asbestose”, afirma Fernanda Giannasi, consultora em meio ambiente do trabalho do escritório Roberto Caldas, Mauro Menezes & Advogados e representante da Abrea.
A nocividade do amianto é mundialmente difundida, inclusive pela OMS. O órgão estima que cerca de 50% dos cânceres relacionados ao trabalho estão ligados à exposição ao amianto.
“O dado só reforça a necessidade de bani-lo de vez de todo ambiente de trabalho e, para isso, o julgamento no STF que legitimará os esforços de diversos estados e municípios brasileiros é fundamental”, destaca Fernanda.
Indenizações
Mesmo antes da definição por parte do Supremo Tribunal Federal, na Justiça do Trabalho, o amianto já é reconhecido como umas das substâncias mais prejudiciais ao trabalhador. Indenizações justas impostas contra indústrias que atuam no país, entretanto, ainda não foram suficientes para dar um fim na batalha jurídica.
Representados pela Abrea, trabalhadores que por muitos anos prestaram serviços em unidades fabris que utilizavam a fibra cancerígena, como a Eternit de Osasco (SP) e de Guadalupe (RJ), têm conseguido indenização por reparação aos efeitos da exposição ao material.
Vizinhos como exemplo
“Espera-se que a decisão do STF dê ainda mais força e segurança jurídica à proibição total do amianto em todo o Brasil, em todas as suas formas. Trata-se de um importante julgamento, não apenas em prol do trabalhador mas de toda a sociedade brasileira que é afetada com o uso do amianto”, ressalta Roberto Caldas.
De acordo com Caldas, “não subsiste no Brasil nenhum argumento capaz de justificar a continuidade da exploração econômica do amianto crisotila”. “A demora do país em adotar a única solução possível para o caso – o banimento imediato do amianto – a exemplo do que já fizeram mais de 75 países ao redor do globo, inclusive nossos vizinhos, Argentina, Chile e Uruguai, entre outros, está criando um rastro de doenças e de mortes. O banimento é assunto antigo e desgastado, já em muito superado e que coloca o Brasil na contramão da história mundial”.
As entidades sindicais envolvidas na operação Lava Jato foram discretas ao falar sobre denúncias do procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima. Mas os comentários dentro da instituição são nada bons. Segundo os boatos, as críticas causaram reboliço por conta de “uma briga de egos entre os delegados de dentro e de fora da Lava Jato”. Quem está dentro, tem mais exposição à mídia, e quem está fora, fica apagado e sobrecarregado.
Assim, a mudança foi uma tentativa de botar o pé no freio e distribuir os 15 minutos de fama para todos. Não importa se a Lava Jato vai ficar pesada, seguir um caminho burocrático sem fim e se vai decepcionar a opinião pública que aplaudia as rápidas e eficientes solução. Na Lava Jato burocratizada, em vez de um relatório ser imediatamente entregue ao Ministério Público, vai passar por diversas mãos e por várias instâncias decisórias.
Embora oficialmente a PF não tenha tocado no assunto, foi, dizem as fontes, o diretor-geral Leandro Daiello que iniciou as tratativas. Elas começaram em Curitiba, entre o delegado Igor Romário, coordenador da Lava Jato, e o superintendente local, Rosalvo Ferreira Franco. Daiello abençoou pelo interesse de sair bem para gozar sua aposentadoria. Blindou a Lava Jato, que deixou de ser uma operação especial e entrou no cronograma da corporação, vai indicar seu sucessor e fugir de toda essa pendenga política dentro do poder.
Mas não vai vestir o pijama. Daiello já teria, inclusive, negociado a ampliação das adidâncias – os adidos da PF estão em 17 países. A previsão é que fiquem em pelo menos 20. Uma delas, a de Paris, receberá seu amigo e assessor Leonardo Lima – que não retornou às ligações para confirmar a possível transferência. E o próprio Daiello já estaria em negociações para, tão logo saia do cargo, se candidatar pela Rede, a senador pelo Rio Grande do Sul.
A Associação Nacional dos Delegados (ADPF) não falou sobre o assunto. A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), que representa agentes, escrivães e papiloscopistas da PF, informou que recebeu com preocupação a notícia de mudanças na estrutura de trabalho da Lava Jato. “O formato de força-tarefa permitia contato da PF com o Ministério Público e com o Judiciário de forma permanente, célere e exclusiva, empregando eficiência nas investigações”, destacou.
Ao desestruturar a força-tarefa, a Lava Jato passará a seguir o rito normal de um inquérito policial comum, com “trâmites excessivamente burocráticos nas investigações policiais, além de dividir recursos financeiros e de efetivo policial com outras investigações”, destacou a Federação. A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) também recebeu com preocupação a notícia. “ A diminuição da força e das horas de trabalho da equipe até agora designada com exclusividade para atuar na maior investigação de combate à corrupção do país pode representar um retrocesso indelével para a operação mais extensa e importante de combate à corrupção do país, e que já recuperou mais de R$ 10 bilhões para os cofres públicos”, ressaltou a ANPR.