Presidenciáveis sem projeto de segurança

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Apesar do aumento da violência e das estatísticas de execução de policiais no país, a segurança ainda entrou na agenda de prioridades dos atuais “presidenciáveis”, na avaliação de José Mariano Beltrame, delegado da Polícia Federal e ex-secretário de segurança do Rio de Janeiro. “Presidente nenhum escapará desse compromisso. Esse é o problema número um do país. Sem segurança não acontece nada. Com segurança, se tem prosperidade”, disse. No entanto, ele confessa que, nem por meio de notícias nem ao assistir os vários debates, tomou conhecimento de “projetos visíveis, com objetivos palpáveis, que exponham verdadeiramente onde eles querem chegar”.

“Vejo aquela velha lógica de um acusar o outro. Pelo pouco tempo que têm para a campanha, deveriam passar para a população o que ela pode esperar de um candidato”, criticou Beltrame. Diante desse quadro, sua maior preocupação é de que a população, desassistida, se apegue a um “salvador da pátria” como forma de conter as ameças à vida e a escalada da criminalidade. “Não tem um salvador. O que tem é muito trabalho de curto, médio e longo prazos. O momento é muito polarizado. Precisamos de sensibilidade, de critério no votar e de critério em acreditar e em desacreditar as pessoas. Não dá para simplesmente para cair no oba-oba ou achar que repentinamente surgirá alguém para tirar o país imediatamente dessa situação”, alertou Beltrame.

Ao fazer uma análise do seu trabalho à frente da segurança do Rio de Janeiro, ele afirmou que o estado faliu, teve sérios problemas de descontrole fiscal e de corrupção, mas o que o levou ao caos foram políticas públicas equivocadas.“O Rio precisava, na minha visão, de uma intervenção federal completa, nas secretárias e no próprio governo. Não somente uma intervenção militar”. A atual intervenção, que chega ao fim em dezembro e devolverá o imbróglio às forças policiais locais, é mais uma fórmula fadada ao fracasso. “Não por incompetência do Exército. O problema é que não se pensa o estratégico. E o estratégico para mim é terminar com os microestados paralelos dentro da cidade do Rio de Janeiro. Existem lacunas que o Estado deixou nesses lugares, onde pessoas organizadamente fazem outras coisas”.

Orçamento

Para esse ano, a pasta da Segurança Pública, de acordo com o ministro Raul Jungmann, terá à disposição R$ 2,7 bilhões, com a garantia de que os valores não serão contingenciados. Nos quatro anos de função, Beltrame teve cerca de R$ 2 bilhões. “Mas as pessoas acham que a gente tem R$ 2 bilhões para gastar. Não é. Desse valor, 86% era folha de pagamento, além dos 10% ou 12% de custeio, sobram menos de 5% para investir. Aí, talvez, o Rio tenha se perdido. Por causa da questão do ajuste fiscal, de gastos a mais, não conseguiu levar bons projetos. Não somente as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), mas a universidade estadual, o transporte, a saúde, as estradas. O que deu errado foi o Rio de Janeiro”, apontou.

Ontem, no discurso durante a inauguração da nova sede da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), no Lago Sul, Beltrame lembrou seus 40 anos de funções operacionais no órgão pediu a união entre as carreiras – que vivem uma guerra histórica por atribuições e competências. “Precisamos de união. Vamos deixar de lado as suscetibilidades de delegados e de agentes e tratar de levar à frente o nome da Polícia Federal, sob pena de sermos ultrapassados por outras instituições”, destacou. Ele se referia a uma possível perda de poder e de autonomia, como forma de conter operações importantes, a exemplo da Lava Jato que botou na cadeia políticos, empresários e celebridades do alto escalão.

Amor não correspondido

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“Devemos reconhecer, com certa melancolia, que o Brasil é rico de recursos, mas segue atrasado, pobre e socialmente violento. Muitos culpam o capitalismo. Mas nem o capitalismo liberal nem a democracia política foram praticados no Brasil de forma completa”

José Pio Martins*

Eugênio Gudin, que viveu 100 anos (1886-1986), foi um brasileiro notável, com importante participação na história do desenvolvimento nacional. Formando em Engenharia Civil, mas versado em outras áreas, ele se dedicou aos estudos de economia e passou a ensinar lógica econômica aos estudantes de Engenharia e de Direito. Como teórico autodidata, escreveu quatro obras de economia, com grande repercussão. Foi ele quem redigiu, em 1944, o Projeto de Lei que instituiu o curso de Ciências Econômicas no Brasil.

O professor Gudin, como era conhecido, tinha uma obsessão: ajudar o Brasil a ser um país rico e desenvolvido. Respeitado por sua inteligência, cultura e conduta moral, muito cedo Gudin desacreditou da competência gerencial do governo e passou a defender limitação do Estado em suas intervenções no domínio econômico e na vida das pessoas. Ele era um homem global e nunca entendeu por que o governo amava fazer dívidas em dólar para pagar importações, enquanto rejeitava investimentos estrangeiros em empresas no território nacional.

Gudin faleceu em outubro de 1986, oito meses após a implantação do Plano Cruzado pelo presidente Sarney, que congelou preços, prendeu pecuaristas, fechou supermercados e praticou um amontoado de insanidades em nome do combate à hiperinflação. Gudin, que houvera sido ministro da Fazenda por sete meses, de setembro de 1954 a abril de 1955, abominava invencionices em economia e, já indo para o fim de seu século de vida, ele desabafou: “O Brasil foi a amante que mais amei, e foi a que mais me traiu”.

O Brasil foi o amor não correspondido do professor Gudin e, com tristeza, ele dizia que sua geração fracassou, pois, tendo tudo para atingir a grandeza, o Brasil insistia na mediocridade. O professor Gudin não ficou sozinho: desde sua morte em 1986 até hoje, todas as gerações fracassaram na missão de atingir a riqueza econômica e eliminar a pobreza. Tendo tudo para ser rico, o país abriga milhões de miseráveis.

Em discurso de despedida do parlamento, Roberto Campos repetiu as palavras de Gudin, e disse mais: há países que são naturalmente pobres, mas vocacionalmente ricos (caso do Japão), e países que são naturalmente ricos, mas vocacionalmente pobres (caso do Brasil). Devemos reconhecer, com certa melancolia, que o Brasil é rico de recursos, mas segue atrasado, pobre e socialmente violento. Muitos culpam o capitalismo. Mas nem o capitalismo liberal nem a democracia política foram praticados no Brasil de forma completa.

Aqui, tanto o capitalismo como a democracia foram usados apenas parcialmente e apresentaram muitos de seus defeitos sem ter revelado todas as virtudes. O país é parecido com o sujeito que, tendo grave doença, adere a um tratamento, porém, toma metade dos medicamentos, erra na dosagem, confunde os horários e agrega outras drogas que o médico não receitou. Não obtendo a cura, ele culpa o médico e a receita, abstendo-se de assumir suas falhas.

Agora mesmo, nos últimos quatro anos, o país se deu ao luxo de jogar quatro anos no lixo, com a brutal recessão econômica, e mergulhar em profunda crise política agravada pela rede de corrupção açambarcada pela operação Lava Jato e suas congêneres. O Brasil tornou-se especialista em sabotar a si próprio e desperdiçar as chances de crescer e de se desenvolver.

*José Pio Martins economista, reitor da Universidade Positivo.

SECRETARIA DE PATRIMÔNIO DA UNIÃO COMPLETA HOJE 162 ANOS

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Segundo informações do Ministério do Planejamento, entre 2012 e 2015, SPU destinou 28,2 milhões de metros quadrados para regularização fundiária de moradias

Neste sábado (30/1) a Secretaria do Patrimônio da União (SPU) completa 162 anos. Sua história começou em 30 de janeiro de 1854, ainda no Brasil Império, quando o Decreto nº 1.318 regulamentou a ‘Repartição Geral das Terras Públicas’, primeira instituição incumbida de organizar a questão fundiária no país. Desde então, o órgão passou por diversas reformulações, até a configuração atual, como integrante da estrutura do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MP), a quem compete a administração do patrimônio imobiliário da União.

De acordo com o secretário do Patrimônio da União, Guilherme Estrada Rodrigues, um dos grandes desafios da SPU consiste em mobilizar o patrimônio da União para que atenda os interesses da sociedade, garantindo os imóveis necessários às políticas públicas e à prestação de serviços à população. “Esse patrimônio é um recurso estratégico da nação brasileira, pois apoia as políticas públicas do país nas mais diversas frentes, como, por exemplo, as políticas de regularização fundiária e de provisão habitacional de interesse social”, destaca o secretário.

Entre 2012 e 2015, a SPU destinou um total de 28,2 milhões de metros quadrados para regularização fundiária de moradias, em que foram atendidas 69,8 mil famílias de baixa renda, em 19 estados. Em relação à provisão habitacional, nos últimos quatro anos, a secretaria destinou 6 milhões de metros quadrados em benefício de outras 43,5 mil famílias, com destinação de imóveis da União para o Programa Minha Casa Minha Vida.

A SPU também apoia políticas públicas em diversas outras frentes, incluindo desde a destinação de áreas para a geração de energia elétrica e eólica, indispensáveis para o desenvolvimento econômico do país, até a implantação de terminais portuários, passando pela destinação de terrenos e de edificações para as universidades federais e os institutos federais de educação, entre tantas outras ações.

“A partir de 2016, os imóveis que não estiverem sendo utilizados para dar suporte às políticas públicas do país poderão ser alienados, e os recursos decorrentes serão revertidos para modernizar a gestão do patrimônio imobiliário da União, por meio do Programa de Administração Patrimonial Imobiliária da União”, destaca Estrada, referindo-se à recente autorização da Lei nº 13.240, de dezembro de 2015, que altera a legislação relativa ao patrimônio da União.