Há alguns anos tomei a decisão de assinar a Netflix após assistir ao excelente piloto de House of cards. Hoje não é tão comum citar a produção como uma referência, mas, naquele momento, a série foi um cartão de apresentação do novo serviço de streaming, que atraiu uma parcela significativa de público. De certa forma, The morning show também significa a luz que a Apple TV+ precisa para ganhar telespectadores. E a aposta é certeira.
A produção é estrelada por um grande elenco: Jennifer Aniston, Reese Witherspoon e Steve Carell estão nos papéis principais. A série retrata uma história cheia de força e intensidade que prende o público de forma eficaz passeando por um enredo inteligente e perspicaz.
O ponto de partida da produção é apresentar o bastidor voraz de um “programa da manhã”. Muito popular nos Estados Unidos, cada canal tem um show matinal e eles brigam por audiência de forma como se cada televisão ligada valesse uma vitória.
Na história, o The morning show é o programa matinal líder de audiência, apresentado há 15 anos pela dupla (“mãe e pai da América”) Mitch (Carell) e Alex (Jennifer). Tudo muda, entretanto, quando um escândalo de abuso sexual por parte de Mitch é divulgado pela imprensa e o homem, além de ser demitido do emprego, deixa uma cadeira vaga em um dos principais jornais das terras do Tio Sam.
Alex vê a estabilidade de uma carreira de sucesso ser abalada, já que, sozinha, teme não ter o apoio do público. Em um primeiro momento, a mulher não tem a confiança de ser a estrela principal do programa. Mitch, por sua vez, não aceita ter sido demitido “só porque dormiu com algumas colegas de trabalho”.
Já na alta diretoria da emissora, a preocupação em “rejuvenescer” o programa é o foco principal (mesmo que isso custe a cadeira de Alex). E no meio dessa confusão toda aparece a jovem Bradley (Reese). Jornalista de princípios fortes e ideais mais fortes ainda, a personagem tem uma família complicada, com um irmão viciado em drogas e uma mãe solitária e um tanto passivo-agressiva. A personalidade da jovem até o momento foi sua pior inimiga, já que Bradley perdeu vários empregos por não conseguir ouvir muito bem “o outro lado da história” e até mesmo por ter xingado ao vivo.
É exatamente essa personalidade forte que leva Bradley ao estrelato. Durante a cobertura de uma manifestação por conta da reabertura de uma mina de carvão, a jovem acaba brigando com um dos manifestantes e viraliza nas redes sociais, se tornando personagem cobiçada do The morning show, que anseia por contar a história de uma jovem forte, em contrapartida ao processo de exposição de um predador sexual que liderava o programa e acabou de ser demitido.
Durante a entrevista nacional e ao vivo no The morning show, Bradley dá outro show de personalidade, já que, ao ter os princípios questionados por Alex, o enfrenta de peito aberto e chama a atenção dos executivos da emissora.
Cada personagem e linha narrativa de The morning show funcionam muito bem. Com uma pegada rápida à lá The newsroom, os personagens secundários (desde a família de Alex até os outros apresentadores do programa que também lutam pela cadeira de Mitch) conversam bem com os protagonistas e dão um ritmo coeso a série. Entretanto, se destacam duas vertentes principais: a relação Alex e Bradley, e o perturbador Mitch.
Na primeira linha, encanta o quanto as duas mulheres não são necessariamente rivais. Óbvio que, eventualmente, tal confronto ocorre. Entretanto, o ponto de partida da relação Alex e Bradley (a partir do terceiro episódio) é mais de parceria “contra o mundo”. Algo diferente e inesperado, que funciona muito bem.
Impossível não destacar também o personagem de Mitch. Extremamente ligado à atualidade, é muito interessante a construção por uma óptica do “eu não sou um predador sexual estilo Weinstein”. Mitch se defende da crise de imagem com unhas e dentes pelo argumento de que nunca estuprou ninguém (como os outros acusados na mira do movimento #MeToo). Em contrapartida, a série faz o público se questionar até que ponto esse argumento é válido.
A série não tem o enredo mais criativo (o Próximo Capítulo já escreveu sobre outras produções semelhantes), mas tem uma abordagem e um desenvolvimento primorosos. The morning show por si só, já é motivo mais do que suficiente para investir os R$ 9,90 de uma assinatura da Apple TV+.
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