terra_e_paixao-27936302 protagonistas não emplacaram Foto: Globo/ João Miguel Júnior

Terra e paixão assume o horário das 21h horas nas noites da TV Globo

Publicado em Novela

Estreia nesta segunda (8/5) a novela das 21h. De Walcyr Carrasco, Terra e paixão reúne um elenco de peso e promete uma história típica de folhetim, com amor, suspense e vingança

Por Patrick Selvatti

A crítica especializada pode até torcer o nariz, questionando a qualidade do texto, da direção e até mesmo de algumas atuações, mas o sucesso das novelas de Walcyr Carrasco junto ao público é inegável quando se fala em números. Considerado, atualmente, o maior medalhão da Globo, o novelista é responsável por grandes fenômenos de audiência, especialmente no horário das 18h — como O cravo e a rosa (2000), Chocolate com pimenta (2003), Alma gêmea (2005) e Eta mundo bom (2016) —, nos quais abusou da comédia escrachada para agradar o povão. Porém, nas tramas consideradas mais sérias, como as três que escreveu para o horário das 21h — Amor à vida (2013), O outro lado do paraíso (2017) e A dona do pedaço (2019) —, o autor deixa um pouco a desejar.

Ainda assim, a emissora aposta alto e sempre o escala para alavancar a audiência da faixa. É o caso de Terra e paixão, que estreia amanhã. Com toda estrutura de novelão, a obra vem com uma roupagem de folhetim rural — na aba do sucesso de Pantanal —, reúne um elenco de peso — encabeçado por gigantes como Tony Ramos, Glória Pires e Susana Vieira — e apresenta cenas fortes nas chamadas exibidas ao som de Sinônimo, um hit de Chitãozinho & Xororó e Zé Ramalho, e Noturno, na voz marcante de Fagner.

Na história, Aline (vivida por Bárbara Reis, que vem de uma festejada atuação em Todas as flores, no Globoplay) é uma mulher simples, porém forte, do Mato Grosso do Sul, que cruza seu caminho com a da família do maior produtor rural da região, Antônio La Selva (papel de Tony Ramos), com quem precisa brigar para manter suas terras. Ela se aproxima dos filhos dele, Caio (Cauã Reymond) e Daniel (Johnny Massaro), formando um triângulo amoroso. Já a segunda esposa, Irene (Glória Pires), é uma mulher manipuladora e misteriosa que também será uma grande pedra no sapato da corajosa mocinha.

Para a atriz que empresta o corpo para a protagonista, estar em dois trabalhos simultâneos — na TV aberta e no streaming — é um “acontecimento artístico” que jamais poderia imaginar. “Quando fui chamada para o teste, eu estava finalizando Todas as flores. Neste novo trabalho, quero mostrar a Aline em sua verdade. Ela acredita que a esperança movimenta o mundo e eu relaciono muito a vida dela com a minha, que se moveu muito nesse caminho de realizar tudo aquilo que sempre sonhei”, pontua Bárbara, feliz pela oportunidade de protagonizar a primeira novela.

De acordo com o diretor artístico da trama, Luís Henrique Rios, essa é a mensagem que a produção pretende transmitir. “A esperança que movimenta o mundo. A esperança é uma semente que brota no coração”, frisa. Ele ressalta que Terra e paixão não é sobre agronegócio, mas se passa nesse ambiente. Rios define a produção como uma história sobre amor, justiça e a vontade de ter um mundo melhor. “A gente pretende trazer para o público uma conversa sobre o Brasil, sobre as pessoas, as existências no interior do nosso país. Não é uma novela sobre agronegócio e nem para discutir o que é isso. É uma conversa sobre herança — que se refere ao bem material —, mas, principalmente, sobre legado, já que a novela fala de um mundo melhor que queremos deixar”, explica.

Dobradinha prazerosa

Tony Ramos endossa a fala do diretor. “Não vamos falar do agronegócio, mas vamos falar que dentro do agronegócio existe uma família. Vamos abordar o triângulo mágico da ficção: amor, paixão e suspense. A família é comandada por um homem severo, que não se permite humor e, quando se permite, é um humor politicamente incorreto”, define. O ator terá a oportunidade de trabalhar pela sexta vez com Glória Pires, após as dobradinhas no cinema — com os filmes Se eu fosse você 1 e 2 — e na televisão — eles contracenaram em Belíssima, Paraíso tropical e no remake de Guerra dos sexos. “Reunir-me novamente com Glorinha é um prazer que se renova”, enfatizou o veterano, que já ultrapassou a marca de 50 novelas.

“[Tony Ramos]É um piadista que levanta o astral de todo mundo. Está sendo um prazer compartilhar essas vilanias com ele na novela”, completa Glória. A atriz define sua personagem, Irene, como “uma pessoa que galgou esse lugar em que ela se encontra e não está disposta a perder nem um milímetro do que conquistou. Isso traz uma dualidade muito importante para a personagem. É uma peste que vai perseguir alguns personagens e infernizar quem ela ama. Ela é comprometida com a visão que tem do mundo e do que acha que é importante para a manutenção do status. Tem como objetivo a segurança da família dela, mas, até que ponto a sua visão de um mundo perfeito não faz da vida de quem está à sua volta um verdadeiro inferno?”. Glória reforça que o público pode esperar muitas surpresas, que é característica do gênero, mas principalmente do autor, Walcyr Carrasco. “Ele prepara surpresas de uma forma muito interessante. Acho que Terra e paixão é uma novela que reafirma todas as qualidades do gênero”, conclui.

Cauã Reymond, que recentemente esteve no ar em Um lugar ao sol, também como protagonista na faixa das 21h, destaca a razão por ter aceitado o convite para a novela que estreia agora. “O que me inspirou muito nesse trabalho,
a ponto de voltar tão rápido para o horário nobre, é fazer uma novela do Walcyr, que só tem sucessos. A gente já estava namorando há um bom tempo, e agora deu certo. Novela das nove é muito trabalho e exige muito, mas essa novela é um projeto gostoso, com um texto muito potente e uma equipe maravilhosa. Nem sempre isso acontece”, afirmou o ator. Sobre o mocinho Caio, Reymond dissertou com muito carinho: “A admiração pela força da Aline o inspira a se perceber capaz de enfrentar o pai e deixar claro o que não concorda. Ele busca uma nova narrativa para promover um mundo melhor”.

Questões femininas

Par de Bárbara Reis em Todas as flores, Ângelo Antônio também está em Terra e paixão, mas, ao contrário da colega, que se moveu para o lado do bem, ele continuará com as vilanias, com um personagem no centro da discussão da violência contra a mulher. “É uma discussão importante e necessária. Por que a violência contra a mulher ainda existe? Como a gente sai? Queremos abrir a conversa para que homens deixem este lugar agressivo de machismo”, observa o ator, que irá contracenar com Débora Falabella, intérprete de Lucinda, a esposa de Andrade.

O casal tem um filho albino, de 12 anos, que sofre bullying por conta da cor da pele, e tem na mãe a maior defensora. “Minha personagem engrossa o time de mulheres fortes que habitam esse ambiente tipicamente rural, que é originalmente muito masculino. A fragilidade do filho desperta na Lucinda essa força e o senso de justiça”, adianta Débora, outro nome robusto do elenco.

Faz parte desse núcleo a personagem de Tatá Werneck, que retorna ao gênero em mais um trabalho cômico e em um reencontro com Walcyr Carrasco, autor da sua primeira participação em novelas, em Amor à vida. Desta vez, a comediante dá corpo a Anely, irmã de Lucinda, uma mulher que tem vida dupla: ela ganha dinheiro comercializando conteúdo sensual em sites adultos e esconde isso do namorado e da família. No clipe exibido na festa de lançamento da trama no Rio de Janeiro, a atriz arrancou gargalhada do público ao aparecer em uma cena se exibindo na webcam usando lingerie, chicote e máscara.

O elenco de Terra e paixão conta, ainda, com Paulo Lessa, Agatha Moreira, Débora Ozório, Jonathan Azevedo, Tatiana Tibúrcio, Flávio Bauraqui, Camilla Damião, Charles Frick, Daniel Munduruku, Leandro Lima, Suyane Moreira, Letícia Laranja, Renata Gaspar, Claudio Gabriel, Leona Cavalli, Ignácio Luz, Lourinelson Vladmir e Inez Viana, entre outros.