Saiba por que A força do querer é uma boa novela para o lugar de Fina estampa

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Globo já trabalha com a possibilidade de as gravações de Amor de mãe não serem retomadas este mês. Neste caso, A força do querer sai na frente como opção para o horário

Com a incerteza sobre o ritmo da pandemia de covid-19 no país, a Globo começa a reavaliar a retomada das gravações de Amor de mãe e de Salve-se quem puder, prevista para agosto. A emissora já começa a pensar em alguns títulos a serem reprisados quando Novo mundo, Totalmente demais e Fina estampa terminarem. Para o horário das 18h parecem ganhar força Flor do caribe (2013), de Walther Negrão, e a premiada Lado a lado (2012), de Claudia Lage e João Ximenes Braga. Já para o horário nobre a favorita nas apostas tem sido A força do querer (2017), de Glória Perez, apesar de Amor à vida (2013), de Walcyr Carrasco, também ser bem cotada.

Apesar de recente, A força do querer bem que merece estar nessa lista. Apesar de o casal central da trama, Zeca (Marco Pigossi) e a sereia Ritinha (Isis Valverde), não ter decolado, há bons momentos na novela de Glória Perez. Explorar a temática da transexualidade com delicadeza, por exemplo, é um desses motivos para se rever A força do querer.

É claro que a novela está longe de ser perfeita ー os personagens masculinos quase todos mal desenvolvidos é uma prova disso. Mas o fato é que mesmo tendo Fiuk num papel de destaque, A força do querer tem balanço positivo e perto de Fina estampa corre o risco de ser obra prima.

Veja motivos para ver A força do querer de novo

Bibi Perigosa

Foto: Mauricio Fidalgo

Com Ritinha e Jeiza (Paolla Oliveira) apagadas, a vilã Bibi Perigosa (Juliana Paes) tomou A força do querer para si. O primeiro motivo para rever Bibi é apagar da memória o fiasco da Maria da Paz de A dona do pedaço. Aqui, sim, Juliana mostra que dá conta do recado e que segura um papel grande em horário nobre. Bibi era complexa ー começa como uma anti-heroína que defende as atitudes do marido Rubinho (Emílio Dantas, bem no papel também), mas que se transforma ao saber que ele era traficante. A solar Bibi se transforma numa taciturna dama do crime numa escalada crível ー até por ser inspirada em história real. Juliana aproveitou a trajetória da personagem para brilhar. Deixou saudades.

Trama do transexualismo

Foto: Estevam Avellar/Globo

Com extrema delicadeza e coragem, Glória Perez levou a trama de um transexual ao horário nobre. E ainda deu o papel a uma estreante: Carol Duarte começou na televisão com o pé direito e abocanhou a chance que teve. Ela começa a trama como Ivana, menina que tem várias dúvidas sobre a própria identidade de gênero. A personagem vai se entendendo aos poucos e a gente vai acompanhando essas descobertas com belas cenas, como a que ela se abre para os pais Eugênio (Dan Stulbach) e Joyce (Maria Fernanda Cândido). No decorrer da trama, Ivana vira Ivan, personagem construído longe dos estereótipos. Falta profundidade à trama? Talvez falte, mas coragem a Glória e talento a Carol não faltaram.

Elis Miranda

Foto: Maurício Fidalgo/Globo

Melhor amiga de Ivan/Ivana, a travesti Elis Miranda marcou a estreia de Silvero Pereira em novelas. E, mais uma vez, foi com o pé direito. Geralmente esses personagens são solares nas novelas, aquele respiro visualmente chamativo, com shows de covers. Elis Miranda tinha isso, mas muito mais. O drama da homofobia e a necessidade de se esconder atrás do motorista Nonato traziam outras cores ー muitos mais reais e contemporâneas ー ao personagem.

Coadjuvantes de luxo

Foto: João Cotta/Globo

Poucas novelas podem ser dar ao luxo de ter atrizes do peso de Lília Cabral e Betty Faria no rol das coadjuvantes. A duas brilharam na segunda metade de A força do querer, seja fazendo drama, seja nos divertindo na comédia. Lília era Silvana, mulher de boa classe social viciada em jogos de azar. Ela perdia fortunas nas apostas e acaba perdendo a confiança e o carinho da filha, Simone (Juliana Paiva) e do marido Eurico (Humberto Martins).

Já Betty vem em outra pegada. A divertidíssima Elvira tinha lá seus desvios de caráter, mas também sobrava boa vontade. E muito bom humor. Fantasiada de Mulher Maravilha ou descobrindo a “modernidade” do WhatsApp, Betty saiu de uma maré de personagens ruins para voltar ao patamar de estrela que merece.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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