*Colaboração de Ronayre Nunes
Você provavelmente ficou sabendo sobre o cancelamento de Sense8, não é mesmo? Deixa eu adivinhar: milhares de pessoas reclamando no seu feed, certo? Bem, a série da Netflix é o exemplo perfeito para simbolizar um problema sério para os amantes de série: existe muito mais no universo televiso do que pressupõe a nossa vã filosofia.
Essa história toda pode ainda estar um pouco confusa, mas vou resumir: enquanto o mundo parou para acompanhar um cancelamento – que acontece a todo instante –, milhares de outras séries simplesmente nascem, vivem e morrem no limbo do desconhecimento, e o pior: algumas vezes vezes, elas guardam uma qualidade muito superior à das que causam tanto burburinho.
Naturalmente, mudar um contexto industrial e geográfico que praticamente engole as produções fora da vertente de Hollywood é bem complicado – e até mesmo um contexto social, porque grande parte dessas séries simplesmente não se aplica ao público-alvo das grandes produções.
Reino Unido – Fleabag (BBC)
A produção do renomado canal britânico tem um nível de qualidade tão relevante, que seu desconhecimento chega a ser quase inexplicável. A história da comediante Phoebe Waller-Bridge (que dirige e estrela, à la Lena Dunham) apresenta um humor tão brutal, cru e incômodo, mas ao mesmo tempo tão tristemente real e constrangedor, que é impossível deixar de olhar.
O enredo se desenrola com a protagonista enfrentando situações trágicas, ao mesmo tempo em que consegue viver uma vida normal – como a maioria de nós. A sinopse pode até não ser tão original assim, mas as reflexões que a história levanta sobre feminismo, individualismo, amor em um mundo contemporâneo de Londres e, principalmente, decepções, certamente são raros na tevê.
Fleabag tem um outro ponto que ajuda em sua qualidade: teve até agora só uma temporada (que provavelmente será a única, já que o costume inglês não é estender muito as séries) com seis episódios. Foi o suficiente para colocá-la nesta lista. Você pode ver Fleabag pelo serviço Amazon Premium.
Noruega – Skam (NRK)
O universo de séries teens carrega consigo um triste estereótipo… serem teens. Presas dentro de um arco narrativo que colocou o gênero nas grades da “menina-boazinha/a-líder-de-torcida-má/o-atleta-mal-caráter/o-garoto-estranho-mas-legal”, as produções que têm como público-alvo os adolescentes geralmente não ganham muito crédito, mas Skam simplesmente ignorou tudo isso e refez o gênero.
Exibida pelo canal estatal norueguês, Skam (Vergonha, em tradução literal), apresenta a história de um grupo de jovens do colégio Nissen, em Oslo. Lidando com temas como islâmofobia, identidade de gênero, relacionamentos disruptivos (ou não), agressão e amizades, a série está naturalmente inserida no contexto contemporâneo dos adolescentes: cada personagem tem perfis em redes sociais reais e as cenas são disponibilizadas no site no momento em que acontecem na hora real (por exemplo, se dois personagens têm uma discussão as 14h de uma segunda-feira, essa cena será liberada esse horário no site oficial da emissora, nas sextas-feiras o compilado de todas essas cenas da semana se torna um episódio exibido na televisão).
Atualmente, a série apresenta a terceira — e última — temporada, mas o produtor Simom Fuller já assinou uma carta de intenção junta a NPR para uma adaptação norte-americana da série.
França – Les revenants (Canal +)
Com uma abordagem reflexiva já comum as produções francesas, Les revenants foi apresentada ao público pela emissora francesa Canal+ com um enredo que mistura suspense, terror e drama, como aponta o criador Fabrice Gobert. A história de uma pequena e interiorana cidade que tem de lidar com o retorno de seus mortos à vida surpreendeu pela profundidade e ao mesmo tempo, pela delicadeza.
Para os que não tem muita paciência para se dedicar e pensar as teorias e possibilidades do roteiro, talvez a série não seja uma boa pedida, mas para os que apreciam uma boa reflexão religiosa, repleta de mistérios, Les revenants é um prato cheio.
A série encerrou no começo do ano a exibição da segunda temporada e não existem informações sobre a renovação. Inclusive, a segunda temporada foi filmada três anos depois do encerramento da primeira. Para os franceses pressa não é um problema. No Brasil, a trama está disponível no Globosat Play pelo canal Mais Globosat.
Austrália – Please like me (ABC2)
As produções australianas, assim como as inglesas já tem uma tradição em qualidade, e Please like me (como já falamos aqui) vem para provar esse fato. Em um estilo autobiográfico, a história do jovem Josh Thomas (que também escreve e dirigi a produção) apresenta uma perfeita compilação de fatos que vão além do tema de uma série, mas se integram mais perto do cotidiano do público.
Inserindo comédia em temas dramáticos, como depressão, transtornos mentais, independência, sexualidade, amizade e relacionamentos, a história é um refresco a maioria das produções norte-americanas que não conseguem se ramificar sem se perder.
Please like me conseguiu ficar no ar por quatro temporadas, em um mercado internacional que, geralmente, não perpétuas séries por muito tempo. No começo do ano, Thomas anunciou, por meio do Twitter, que a história não teria uma quinta temporada. Atualmente, as quatro temporadas estão disponíveis no serviço de streaming Netflix.
*Estagiário sob supervisão de Vinicius Nader
Ao Próximo Capítulo, os responsáveis pela série falam sobre o fato de ter se tornado…
Emissora apresentou os principais nomes do remake da obra icônica de 1988 que será lançada…
Ao Próximo Capítulo, a drag queen carioca fala sobre o sentimento de representar o Brasil…
Como nascem os heróis tem previsão de estreia no primeiro semestre de 2025, na TV…
Sam Mendes, Daniel Brühl, Jessica Heynes, Armando Ianoucci e Jon Brown comentam sobre a nova…
Volta Priscila estreou na última quarta-feira (25/9) e mostra um novo ponto de vista sobre…