Reprises de Êta mundo bom, Escrava Isaura e Totalmente demais e volta de A favorita provam que as novelas antigas não saem nunca de moda. As inéditas é que se cuidem!
O Brasil pode ser considerado o país das telenovelas. Nenhum outro país produz tanto e tão bem e nem tem um público tão apaixonado pelos folhetins. Por isso não é de se espantar o sucesso que produções antigas fazem ao serem reprisadas ou colocadas à disposição no streaming. O Canal Viva, cuja programação tem pouca coisa inédita, completou mês passado 10 anos de boa audiência e bombando nas redes sociais.
Tradicional, a sessão Vale a pena ver de novo, na Globo, emplacou três sucessos seguidos, feito raro: Por amor, Avenida Brasil e agora Êta mundo bom!, que vem dando mais audiência do que as novelas das 18h e Malhação ー Viva a diferença, faixas também ocupadas por reprises por causa da pandemia de coronavírus. Exibida às 19h, Totalmente demais está longe de fazer feio e prova que ainda há espaço para o romantismo no mundo doido de hoje. Na Record, o fenômeno se repete: as vespertinas Escrava Isaura e Os mutantes ー Caminhos do coração não deixaram a audiência cair.
Desafio vai ser trazer de volta a capenga Salve-se quem puder ou mesmo retomar a festejada Amor de mãe após uma quebra de ritmo ー a gente nem se lembra mais quem é Domênico e se autora quiser dizer que ele é o Sandro (Humberto Carrão) a gente vai achar que era assim antes. Será que não vai dar saudades das reprises?
A luz de Tieta
Quem disse que o streaming fica de fora da brincadeira? O Globoplay fez barulho ー e uma vinheta emocionante que (efeito do isolamento que nos deixa mais sensíveis) fez meus olhos marejarem ー para anunciar que, a cada duas semanas, vai incluir uma novela antiga no catálogo. Bela jogada de marketing esse anúncio, já que a prática de disponibilizar folhetins antigos era habitual embora não periódica por lá.
A estreia foi com A favorita e muitos memes e comentários positivos movimentaram as redes sociais ー importante termômetro de repercussão hoje em dia. Nesta segunda-feira (8/6) será a vez de Tieta. O clássico de Aguinaldo Silva passou pela primeira vez em 1989 e trazia uma exuberante Betty Faria explodindo talento e sensualidade.
A novela é baseada no livro homônimo de Jorge Amado e tem vários elementos que fazem com que seja um título digno de ser revisto ou descoberto pelas novas gerações. Tieta sai escorraçada da conservadora Santana do Agreste para onde volta 20 anos depois para esfregar na cara do pai Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos) e da irmã, Perpétua (Joana Fomm), que deu certo na vida sendo livre.
A liberdade de Tieta vai sacudir Santana do Agreste, deixando alguns perplexos e inspirando outros ー exatamente como se a fictícia cidade estivesse no Brasil de hoje onde o conservadorismo ainda ecoa em pleno século 21. Há muitas Perpétuas com suas caixas brancas por aí, se escondendo atrás de preconceitos raciais, de gênero e da polarização política.
Vai ser no mínimo divertido reencontrar a inesquecível Perpétua, a própria Tieta, além de Carmosina (Arlete Salles), Artur da Tapitanga (Ary Fontoura), Timóteo D´Alamberti (Paulo Betti), Carol (Luiza Tomé), Modesto Pires (Armando Bógus) e Amorzinho (Lília Cabral). E ainda tem a abertura ー tecnológica ao extremo para a época — ao som de Luiz Caldas. Essa sempre valerá a pena ser revista!