Milton 5 - foto Ernane Pinheiro Crédito: Ernane Pinheiro/Divulgação

Milton Filho, de Amor sem igual, destaca tema da trama: “Trata de uma forma linda a casa de idosos”

Publicado em Entrevista

Em entrevista ao Próximo Capítulo, Milton Filho fala sobre a novela, carreira e pandemia. Confira!

O ator Milton Filho atualmente pode ser visto na novela Amor sem igual da Record. Na trama, ele vive o enfermeiro Chico, que trabalha num asilo de idosos. Ele conta que, assim que ficou sabendo que interpretaria o personagem, foi atrás de profissionais que trabalham na área para se preparar. “Vi alguns filmes e séries também. E tenho uma amiga que estava se formando na época e ela me ajudou muito, altas dicas”, revela e cita a amiga Denise Peixoto.

Para ele, o núcleo de Chico tem o papel de desmitificar alguns pensamentos sobre as casas de repouso, além de valorizar os idosos, muitas vezes esquecidos. “A novela trata de uma forma linda a casa de idosos. Humaniza e tira esse rótulo feio de asilo. Passei a ter um olhar maior para os idosos. Na rua, no transporte público, no mercado. Quero que no futuro alguém olhe para mim. Pois muitas das vezes perdemos a utilidade prática da vida, mas ainda teremos vida útil para quem nos ama. No fim, o amor salva!”, diz.

Após uma pausa na pandemia, o folhetim retomou as gravações e já voltou com capítulos inéditos. Filho diz que a retomada dos trabalhos foram com vários protocolos de segurança contra a covid-19. “Toda equipe está engajada a fazer o melhor com todo o cuidado, usando todos EPIs (máscara, face shield, macacão, luvas, óculos) para que o elenco se sinta seguro. Temos uma equipe médica sempre a postos para medição de temperatura e para averiguar se estamos usando corretamente todos os equipamentos de proteção individual. E o resultado? Um trabalho feito com garra, amor, profissionalismo e segurança”, comenta.

O ano de 2020 era de muitos trabalhos para Milton Filho que acabou adiando alguns projetos, como o musical As cangaceiras guerreiras do sertão, de Newton Moreno, e um outro com Aderbal Freire Filho. Com auxílio das tecnologias de videoconferência estreou em outubro a montagem Que história contar?, com produção de Bruno Marioz, e em 21 e 22 de novembro, às 20h, estreia Invisíveis, espetáculo de Renata Tavares que trata sobre o racismo estrutural. A peça é protagonizada por ele ao lado de Cridemar Aquino e Raphael Rodrigues. Os ingressos estão à venda no site Sympla a partir de R$ 15. “E tem muita coisa boa vindo por aí também mas… É segredo”, completa.

Entrevista // Milton Filho

Crédito: Ernane Pinheiro/Divulgação

Você tem uma carreira extensa no teatro e no cinema. Como se deu seu início no mundo da artes?
Na escola. Tinha uns 7 anos quando teríamos uma apresentação sobre a inconfidência mineira e eu não iria participar por ser bolsista, mas na hora o meu colega que faria o próprio Tiradentes passou mal, a professora perguntou quem sabia as falas. Levantei o dedo e assim estreei!!! Falando “libertas que serás tamen!” Os aplausos de todos e principalmente da minha mãe Dona Tina, que trabalhava na cantina, me deram tão cedo a certeza do que eu queria ser. E depois foram anos de muitos corres em cursos livres, oficinas, cias, testes até começar a realmente pisar nos palcos e sets para fazer o que mais amo que é dar vida aos personagens. Ajudar a contar a história de outrem é o que me move.

Você viveu personagens importantes, como o palhaço Benjamim de Oliveira e o Jesus negro em A paixão de Cristo. Como foi para você dar vida a esses personagens tão representativos?
De uma importância que não tem como mensurar. Dar vida a Jesus num Brasil tão cheio de mazelas e preconceitos foi libertador e me trouxe um pouco das sensações que meus ancestrais tiveram quando escravizados. Ser chicoteado e crucificado é de uma crueldade, que até pouco tempo eu não pensava que nós humanos fôssemos capazes. E Benjamin foi um presente! Poder falar do precursor do circo-teatro homenageando o primeiro palhaço negro do Brasil dentro da homenagem ao Chespirito (tido como o grande palhaço da América Latina) em um musical e com um elenco dos sonhos, eu só tenho a agradecer.

Falando em representatividade, como vê essa questão no cenário artístico hoje?
Ainda muito longe de um ideal, somos 54% da população e não temos nem a metade disso nos grandes meios de comunicação como a TV e o cinema. Estamos no caminho e espero que não retrocedamos.

Como tem sido esse período de pandemia para você?
De reflexão e nenhuma cobrança. Respeitei muito os meus quereres e não me furtei a nada. Cada um é cada um. Pude ler mais, assistir a espetáculos on-line, fazer lives com amigos e amigas, estreitar laços familiares mesmo à distância. Me fiz presente mesmo ausente, e assim controlei minha ansiedade mantendo a sanidade.

O que você acha que mudará no cenário artístico após a pandemia?
Creio numa mudança profunda nos fazedores de arte, o olhar para o outro, para si e para o mundo com toda certeza será diferente. E isso refletirá em tudo que um artista que sobreviveu ao ano de 2020 for fazer, seja nos palcos, nos sets de filmagem, nos estúdios de TV, nas artes plásticas, na dança e em qualquer forma de se expressar. Pois esse ano reafirmou a frase: “Eu sou brasileiro e não desisto nunca!”