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Manoel Carlos completa 90 anos com um estilo próprio de fazer novelas

Publicado em Novela

O Leblon está em festa. O novelista Manoel Carlos completa, nesta terça-feira (14/3), 90 anos de vida. Mais do que colocar o bairro carioca em horário nobre da televisão brasileira (mesmo que numa visão um tanto romanceada e estereotipada), Manoel Carlos fez história com um estilo próprio de escrever novelas, elevando a importância de um café da manhã em família ou do comentário das notícias dos jornais.

O nome de Manoel Carlos está diretamente ligado à história da TV brasileira. Ainda como ator, ele estreou nas telas em 1952, apenas dois anos depois de a indústria televisiva se instalar no país. Mas foi mesmo como autor que ele se destacou. Para comemorar o aniversário, o Viva anuncia, para o dia 27 deste mês, a reprise de A sucessora (1978), estrelada por Susana Vieira e Rubens de Falco.

A sucessora é apenas um dos grandes sucessos do autor de Baila comigo (1981), Sol de verão (1982), Felicidade (1991), Por amor (1997), Laços de família (2000), Presença de Anita (2001) e Mulheres apaixonadas (2003), entre outros. Uma das marcas desses trabalhos é fazer da novela uma espécie de crônica da classe média alta carioca/brasileira — sim, as novelas de Manoel Carlos são elitistas, apesar de muito bem escritas. Isso não quer dizer que problemas e assuntos sérios ficam de fora do roteiro.

Em Mulheres apaixonadas, por exemplo, Téo (Tony Ramos) e Fernanda (Vanessa Gerbelli) são vítimas de uma bala perdida, ilustrando a violência que assolava o Rio de Janeiro. Os maus-tratos de Dóris (Regiane Alves) aos avós, na mesma novela, chegaram ao Congresso Nacional e abriram a discussão para um estatuto do idoso.

Cenas como a troca de bebês de Por amor ou de Camila (Carolina Dieckmann) raspando a cabeça em Laços de família entraram para a história da televisão brasileira. Assim como as Helenas — mocinhas sempre decididas, independentes e sem nada de passividade vividas em diferentes novelas por Lilian Lemmertz, Maitê Proença, Regina Duarte (três vezes), Vera Fischer, Taís Araújo e Julia Lemmertz. Atrizes como Camila Pitanga e Lilia Cabral já disseram que gostariam de ter feito uma Helena do autor.

Quem disse que Manoel Carlos só sabe escrever para mocinhas? Vilãs como Branca (Susana Vieira), de Por amor, e Alma (Marieta Severo), de Laços de família, são exemplos de como o autor nos delicia com malvadas
bem-humoradas e espirituosas.

Manoel Carlos se aposentou das novelas em 2014, com Em família, infelizmente uma novela muito aquém da capacidade de um autor marcante e bem acima da média. Dedicado como poucos a escrever sobre família e sobre o universo feminino, o autor faz falta no horário nobre. Merece ser lembrado ao completar 90 anos muito mais do que com a esperada e aclamada reprise de A sucessora.