DOMtemp2-cortada Foto: Amazon Prime Video/Divulgação Cena da segunda temporada de Dom

Dom volta mais intenso e violento para segunda temporada na Amazon Prime Video

Publicado em Entrevista

Elenco comenta a temporada de mais ação que marca um dos últimos trabalhos completos do diretor Breno Silveira

A primeira produção brasileira da Amazon Prime Video, Dom está de volta para segunda temporada da história do assaltante de residências Pedro Dom e a relação que ele tinha com a própria família, principalmente com o pai, Victor, um policial. O seriado, sucesso com o público em 2021 retorna com um ritmo muito acelerado, mais violência e a trama muito mais complexa dois anos depois para continuar a história do criminoso que chocou o Rio de Janeiro no início dos anos 2000.

O novo ano da produção foca no retorno de Dom (Gabriel Leone) aos crimes e às drogas. O jovem que tinha sido internado na reabilitação e estava trabalhando na praia acaba se envolvendo em uma confusão em uma boate que volta com o nome dele para o ciclo vicioso envolvendo roubos, milícias e tráfico que se meteu. Decisões equivocadas e maior uso de violência o fazem estar cada vez mais imerso no mundo do crime. “Pensando no Pedro Dom como fio condutor da história, eu enxergo como uma bola de neve o que acontece com ele. O cara se mete em situações cada vez mais complexas de sair e a coisa toma uma proporção cada vez maior”, explica Gabriel Leone em entrevista ao Próximo Capítulo.

Do ponto de vista de Victor (Flávio Tolezani), que divide o protagonismo da série principalmente nos flashbacks. A narrativa mostra como a polícia tem papel fundamental para a forma como ele criou os filhos, e que o personagem se sente culpado pelo meio violento que estava inserido. “Essa violência que vai crescendo também é proporcional a incapacidade que o Victor tem de resgatar esse filho. Quanto mais o Dom entra no crime, mais o Victor se sente incapaz. Essa inversão é muito interessante dramaticamente”, analisa Tolezani.

Isabella Santoni, responsável por dar vida à Viviane, classifica a série com três adjetivos: “tensa, intensa e grave”. “As circunstâncias dos personagens vão ficando cada vez mais graves, eles vão sendo mais e mais encurralados. Precisam criar novas estratégias para se virar, se manter, sustentar o vício e continuar no crime sem serem pegos”, afirma a atriz que classifica a história como surpreendente. “Eu me surpreendi muito tanto atuando quanto lendo os roteiros, alguns fatos eu achava tão impossíveis que pesquisei no Google. A realidade surpreende de fato”, acrescenta.

A segunda temporada é uma continuação direta e natural dos fatos da primeira. “Há uma gradação da primeira para segunda temporada. Enquanto o primeiro ano apresenta as tramas, os personagens e os conflitos e agora que temos isso tudo é o momento de desenvolver isso. Por esse motivo, o ritmo fica mais intenso e frenético”, acredita Leone. A violência é resultado de contar a história de um criminoso que era violento. “Naturalmente, não tinha muito lugar para a série ir do que mais violência, mais dinamismo e um ritmo mais intenso. A arte do marketing da série agora é vermelho, algo mais pesado, antes era um azul e tons escuros, algo mais misterioso”, reflete Filipe Bragança, intérprete da versão jovem de Victor.

Para além de uma continuação para a narrativa, a nova temporada é importante por mostrar que com investimento há a possibilidade fazer uma série nacional de qualidade. “Um grande investimento apostando total em uma série com este tamanho. A gente pode não ter mudado ou revolucionado, mas tenho certeza que fomos um marco. Principalmente no tamanho e proporção da série”, afirma Leone. “Eu espero muito que o mercado do audiovisual, ainda mais com o governo novo, faça um movimento de vir junto. Não só nas séries e no streaming, mas no cinema e arte como um todo. Essas proporções tem que chegar para todo mundo, quanto mais forte o mercado tiver, melhor para todos nós”, almeja.

Saudade da intensidade

No entanto, toda essa produção só foi possível por conta do diretor e showrunner Breno Silveira. O cineasta morreu em decorrência de um infarto fulminante em maio de 2022 e não pôde ver a temporada que gravou em 2021 finalizada. “Foi muito doloroso terminar a temporada por ele, mas foi muito orgânico. Nós somos como uma família extremamente unida. A gente sabe o que o Breno faria, pensaria e preferiria. Ele está muito dentro da gente”, conta Malu Miranda, Chefe de Conteúdo Original Brasileiro para o Amazon Studios. A profissional iniciou a carreira como montadora de filmes e foi estagiária de Breno logo quando começou. “Ele foi meu primeiro chefe quando eu era estagiária. Foram 25 anos de relação profissional muito divertida. A gente dividiu vários sonhos, algo em conjunto que queríamos falar para o mundo era uma série como essa”.

A morte foi muito sentida pelo elenco, que era muito próximo do diretor. “É uma dor difícil de colocar em palavras. Fica a falta da intensidade dele, toda a intensidade que tem essa história é a tradução da paixão que o Breno tinha”, explica Isabella Santoni. “Acreditar em Dom é acreditar no Breno como showrunner e contador de histórias”, complementa Malu.

A saudade fica junto com o sentimento de gratidão. “O Breno mudou as nossas vidas. Fica um carinho, muito aprendizado e saudade”, diz Bragança. “Sou eternamente grata a ele ter acreditado em mim para viver a Viviane, por ele ter confiado essa história a mim”, adiciona Santoni. “Eu acredito que a série já é um grande marco, o Breno estava certo em investir nessa história”, conclui Miranda.

A partir de agora, o elenco e equipe continuam esse caminho sem Silveira, visto que, além do lançamento, também estão em produção da terceira temporada. “A gente quer honrar isso e manter essa energia, estamos gravando a terceira temporada com a mesma paixão que vimos ele ter”, avisa Isabella. “Mesmo que a gente esteja continuando sem ele na terceira temporada, ele fica, porque o trabalho que começamos com ele continua. A origem disso é o Breno”, finaliza Tolezani.