LOKI

Crítica: Loki conquistou o glorioso propósito de mudar a Marvel daqui para frente

Publicado em Séries

A série do Deus da mentira brinca com o tempo para se tornar um marco na história da Marvel dando a Loki um papel central no futuro do MCU

Por Pedro Ibarra*

Quando no dia 7 de junho, Kevin Feige, líder criativo do Universo Cinematográfico Marvel (MCU), afirmou em entrevista à Empire que Loki mudaria a Marvel, já era esperado que algo grandioso estava por vir no lançamento da nova série da Disney +. Apresentado como vilão, o Deus da mentira, interpretado por Tom Hiddleston, se tornou um dos mais carismáticos e cultuados personagens do cinema, e só de ganhar uma produção solo já estava fazendo história, afinal foi o primeiro vilão a conquistar o feito no MCU.

Contudo a série é muito maior do que um espaço para Tom Hiddleston brilhar no personagem que o apresentou em escala mundial. O seriado Loki trata desde o título do primeiro episódio de um “glorioso propósito”, que alcunha o piloto da produção. O protagonista, reconhecidamente egoísta, está atrás de algo maior que si próprio desta vez, algum motivo que seja motor para que ele seja mais do que apenas um mero coadjuvante e tome para si o protagonismo da própria história.

Essa narrativa se inicia após ele conseguir fugir por um erro de estratégia no longa Vingadores: Ultimato. A partir desse fato, Loki tem o primeiro contato com a Agência de Vigilância do Tempo, TVA na sigla em inglês, um grupo de pessoas responsáveis por manter a linha do tempo em que todos vivem intacta. O trajeto ao lado de Mobius, um analista da TVA vivido por Owen Wilson, é o do personagem questionando qual o real papel dele dentro dessa linha do tempo e o que faz dele o Loki.

A continuidade da história prende o espectador, com visual próprio, cenas de ação interessantes e uma excelente direção de Kate Herron. A história deixa os principais fatos para serem resolvidos no último episódio e, com ajuda do tempo, faz uma narrativa não linear. Os personagens são muito bem escritos e desenvolvidos, todos apresentando o que procuram: propósito. O roteiro, é um ponto alto, assinado por Bisha K.Ali, Elissa Karasik, Michael Waldron, Eric Martin e Tom Kauffman, o enredo carrega o espectador a acreditar e desacreditar em personagens e, como uma artimanha do Deus da mentira, muitas vezes engana e guarda o melhor para o final.

Os personagens que aparecem no caminho só adicionam a um entendimento das várias facetas desse Loki que sempre só mostrou duas, irônico e vilanesco. Enquanto ele era apenas uma ameaça para Thor e os Vingadores, pouco servia, mas agora ele dá título uma série, é necessário aprofundamento, humanidade, sentimentos, nuances, coisas que antes ele não possuía tempo de tela para apresentar ao público. Este é um processo muito similar ao que foi feito com Wanda Maximoff e Visão em WandaVision e com Falcão e o Soldado Invernal no seriado homônimo.

Porém, diferente de WandaVision e de Falcão e o Soldado Invernal, Loki tem uma importância real não só para o futuro do personagem, mas de toda a Marvel. A série deu conceitos que vão reger todo o Universo nos próximos e anos e é a porta de entrada para eventos importantes que seguirão no desenvolvimento do MCU. Sem Loki, Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura, Homem -Aranha: Sem Volta Para Casa e Quarteto Fantástico teriam tarefas muito mais difíceis na explicação do enredo.

Loki sai de apenas irmão do Thor, para um dos maiores protagonistas do Universo Marvel dos cinemas e das séries em seis episódios. A Marvel consegue, mais uma vez com um personagem conhecido, uma peça chave para continuidade das histórias, inclusive a própria já que o Deus ganhou uma segunda temporada. A casa das ideias do MCU apresenta as loucuras do tempo para ganhar justamente o tempo de construir mais uma narrativa grandiosa.

*Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader