Crítica: sem brilho nenhum, Cidade proibida deixa a desejar na Globo

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Seriado Cidade proibida vale por belas imagens do Rio de Janeiro, por interpretações pontuais e só. É pouco, muito pouco. Leia crítica!

O seriado Cidade proibida, que terá o segundo episódio exibido nesta terça (3/10) depois de A força do querer, tinha tudo para agradar. O cenário do Rio de Janeiro dos anos 1950 é extremamente sedutor, Vladimir Brichta vive o protagonista, Maurício Farias assina a direção, a audiência vinha em alta, puxada pela excelente Sob pressão. Nada disso adiantou. Nada — ou quase nada — se salva em Cidade proibida. Uma pena.

Brichta vive um detetive Zózimo Barbosa extremamente caricato. Usando sempre da mesma expressão — e olha que o ator já provou ter muitas –, ele entrega um personagem raso, que investiga casos de adultério e sempre dá um jeito de acabar na mira de um revólver. E também de, entre o galanteador (da vida real) e o safado (dos sonhos acordado que tem com elas), se apaixonar pelas mulheres que contratam seus serviços e ainda dão nome aos episódios. O elenco fixo ainda conta com o pouquíssimo eficiente José Loreto (na pele de Bonitão… pois é!), com o esforçado Aílton Graça (delegado Paranhos) e com a salvadora Regiane Alves (a única que dá conta do recado, como a prostituta Marli).

Na estreia, a atriz convidada era Cláudia Abreu, como Lídia. Com tantos atores bons, é de se estranhar que a atração não seja no mínimo razoável. Mas o pecado maior está no texto proibitivo de Cidade proibida. E sem um texto à altura, não há Vladimir Brichta que faça milagre.

Nem o nome de Claudia Abreu salvou a estreia de Cidade ProibidaNem o nome de Claudia Abreu salvou a estreia de Cidade Proibida
Nem o nome de Claudia Abreu salvou a estreia de Cidade Proibida

Os diálogos são carregado de frases feitas e, pior, retratam um modo de pensar que poderia até ser aceito socialmente em 1950. Falar, sem tom de ironia, sentenças que tratam a mulher como um mero objeto de prazer masculino soa, no mínimo, antiquado ou apenas datado.

A série tem narração do próprio Zózimo que atrapalha o andamento. O recurso utilizado com excelência em A vida como ela é e em As brasileiras não caberia em Cidade proibida. A narração monocórdica mais aborrece do que diverte.

Segundo episódio de Cidade proibida é um pouco melhor

Se no capítulo Lídia, o fiasco é total, em Laura, episódio da noite desta terça (3/10) e já disponível no GloboPlay, algumas coisinhas melhoram. E não… não é o texto e nem Vladimir Brichta. Aílton Graça parece achar o tom de Palhares e a trilha sonora à mexicana da estreia ficou para trás.

Aqui, a mulher da vez é vivida por outra boa atriz, Mariana Lima. Ela, sim, mostra a que veio. Em compensação, o outro convidado é Thiago Lacerda, como Arlindo, outro detetive especializado em adultérios. Alguém aí sabe se essa profissão estava em alta no Rio de Janeiro dos anos 1950?

A trama de Laura, o episódio, se desenrola, com a mesma falta de ritmo do capítulo anterior. Eis outro problema de Cidade proibida. As situações vão se repetindo e acabam sendo completamente previsíveis.

O que não se repetiu foi a abertura da série, aliás que linda abertura. (Não dá pra falar só mal, né?). As vinhetas das duas noites tiveram a mesma base, mas detalhes da convidada do dia eram inseridos sutilmente. Bola dentro!

Cidade proibida chegou com quase todos os capítulos gravados — alguns em fase de finalização, o que deixa uma ponta de desesperança no ar. A cidade está mesmo é perdida.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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