Por Pedro Ibarra
Algumas profissões dentro do set são claras. Dá para saber o que um diretor ou um cinegrafista fazem, mas o produtor é, para o público, um trabalho muito nebuloso e quase exclusivo dos bastidores. Um brasileiro está se destacando internacionalmente nessa profissão e chega aos holofotes. Daniel Dreifuss chamou atenção ao concorrer ao Oscar de Melhor Filme, no início do ano, com o longa Nada de novo no front, vencedor de quatro estatuetas, incluindo Melhor Filme Estrangeiro. Atualmente Ghosts of Beirut, série que produziu, acaba de ser disponibilizada na Paramount+.
Na nova série, ele só não fez o que não pôde. Estava presente desde a escolha dos atores e das locações, chegando até as salas de ensaios. “Quando eu entrei, eram 90 personagens com fala, terminaram 110. Foram 140 locações, a maioria delas práticas. Foram 57 dias de filmagem em todos esses lugares. Dá para ter uma ideia da loucura que foi fazer essa produção”, lembra.
O produtor conta que foi escolhido pela capacidade que tem de trabalhar em diversas línguas e com culturas distintas. “Eles queriam alguém que tivesse essa compreensão multicultural, multigeográfica e multicontinental e que conseguisse armar a série em tempo recorde”, detalha Dreifuss. Para tomar como exemplo, Ghosts of Beirut trata de cultura árabe; Sergio, que fez para a Netflix, fala da cultura do Timor-Leste; e Nada de novo no front conta sobre os alemães na Segunda Guerra Mundial.
O fato de ele ser um entusiasta de representar culturas com veracidade faz com que Ghosts of Beirut seja um prato cheio. A narrativa conta a caça de um dos maiores terroristas da história sem romantizar nenhum dos lados envolvidos, pontuando os erros da dominação norte-americana e o terror que o homem colocou sobre o Líbano. “Eu não faria uma série maniqueísta de bonzinho e vilão, em que um lado vem para salvar o mundo do outro. Esse é um tipo de trabalho que não me interessa. Eu me interesso pelos tons de cinza, pela complexidade das pessoas, pela relação indivíduo e sociedade, por decisões que indivíduos tomam e as reações”, explica.
É dessa forma que Dreifuss também representa o próprio país. “Eu não faria uma série tentando passar como veracidade uma coisa que não é. É muito difícil ver personagens brasileiros falando em espanhol, ou atores que claramente não são do Brasil falando português”, afirma. “Eu sempre me apresento como brasileiro, eu viajo o mundo inteiro e todo mundo me pergunta de onde eu sou, e eu digo: sou do Brasil, amo o Brasil e cresci no Brasil”, complementa Daniel, que já dá o recado para os profissionais do Brasil: “Queria fazer um trabalho interessante, com complexidade de indivíduos e personagens para o sabor brasileiro. Adoraria fazer um trabalho no Brasil, filme ou série e estou tentando. Streamings, estúdios, televisões, entrem em contato comigo”, pede.
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