Crédito: Vinicius Mochizuki/Divulgação. Karin Roepke, atriz brasiliense Crédito: Vinicius Mochizuki/Divulgação. Karin Roepke, atriz brasiliense

Brasiliense Karin Roepke sobre seu papel em Chuteira preta: ‘As vilãs são interessantes’

Publicado em Entrevista

A candanga Karin Roepke vive a vilã Flávia em Chuteira preta. A personagem é a ex-mulher vigarista do protagonista da história, o ex-jogador de futebol Cadu

Bem jovem, a brasiliense Karin Roepke descobriu a paixão pela vida artística. Tudo isso ainda quando morava na capital federal. Mas foi apenas depois de se formar em arquitetura que se jogou de vez na profissão de atriz. Fez um curso em São Paulo, acumulou trabalhos e nunca mais deixou o ofício.

Atualmente, ela pode ser vista na telinha na série Chuteira preta. Produção sobre o universo do futebol, a série está disponível no Prime Box Brasil e também no catálogo da Amazon Prime Vídeo, ao qual entrou neste mês. Na telona, ela está no curta Cinzas, em que é dirigida pela marido, o também ator Edson Celulari.

Ao Próximo Capítulo, Karin Roepke falou sobre a série, a carreira e a relação com Brasília. Confira!

Entrevista // Karin Roepke

Como começou o seu envolvimento com a arte?
Com cinco anos de idade entrei para o balé em Brasília mesmo. A adolescência inteira, até os 19 anos, que eu vivia para cantar, dançar e ser feliz. Minha formação artística inteira foi em Brasília, tanto de dança, de canto e de teatro. Quando fui fazer o vestibular não tive coragem de fazer para artes cênicas, acabei fazendo de arquitetura no Ceub. Me formei e fiz meu primeiro projeto, uma escola de música de um amigo. Decidi ir para São Paulo para fazer um curso na Escola de Atores Wolff Maia de TV e teatro musical. Na época, ele estava fazendo uma audição para um musical, e eu passei. Senti como se o caminho me tivesse sido mostrado. Fui para São Paulo e combinei com meus pais que faria o musical e depois voltaria para Brasília, mas o Wolff me chamou para outro trabalho. Comecei a fazer outras coisas e nunca mais parei.

Como veio o convite para participar de Chuteira preta?
Foi incrível, porque o personagem foi escrito para mim. Eu tinha feito um filme com o Paulo Nascimento, e aí ele comentou que teria um personagem para mim na série que ele estava pensando. Fiquei superanimada, mas achei que nem fosse mais acontecer. No ano passado, gravamos em Porto Alegre e foi ótimo. Fiquei lisonjeada.

O que você pode contar sobre a série?
É uma produção sobre o universo do futebol, o lado B do futebol. Comecei a pesquisar, porque a gente fala muito na série sobre a decadência de um jogador. Eu faço a ex-mulher dele, uma mulher vigarista. É uma personagem maravilhosa, divertidíssima, porque as vilãs são interessantes.

Como você se preparou para viver a Flávia?
Me preparei lendo reportagens sobre o universo, porque eu tinha uma imagem muito romantizada do futebol. Descobri que, na verdade, não é assim. Muitos jogadores viram um produto, e, quando, ele se deixa virar um produto, ele perde a paixão pelo futebol e fica uma pessoa vulnerável. A Flávia minha personagem é uma Maria Chuteira ao contrário. Ela veio de uma família com uma boa situação financeira, que faliu, e ela vê no Cadu, no personagem do Márcio Kieling, uma forma de permanecer bem.

Além da série, você tem feito alguns filmes com o seu marido Edson Celulari. Como tem sido essa experiência?
Eu e o Edson estamos rodando com o filme Cinzas, que já ganhou prêmios na Índia, na Espanha e nos Estados Unidos. Estamos fazendo primeiro o circuito de fora, para depois fazer no Brasil. Cinzas é a história de duas irmãs que perderam a mãe e não sabem muito bem onde colocar as cinzas dela. É baseada na peça de um roteirista espanhol e fala sobre a dificuldade de lidar com a perda. Temos outro filme, que o Edson também dirigiu e que fazemos um par romântico. Esse filme está em fase de pós-produção. Queremos estrear em algum festival brasileiro ainda este ano. Nele, estamos contracenando pela primeira vez como par romântico. A gente se respeitou e se admirou ainda mais. Esse filme é Europa, que é sobre um casal que se reencontra muito tempo depois para uma discussão com a polícia. A partir daí a história se desenrola. São dois filmes com mulheres fortes.

A gente vive um momento difícil na arte, principalmente, no cinema. O que você acha que podemos fazer?
Até me lembrei da série This is us, que, no primeiro episódio, o protagonista passa por uma coisa terrível e recebe um conselho de pegar um limão e fazer uma limonada. A gente tem que transformar isso de alguma forma benéfica, com criatividade. O mundo passou por vários momentos ruins, e foram nessas horas que surgiram movimentos interessantes. Estou focada nisso. Se a gente deixar se abater, não saí nada mesmo. Já não tem incentivo, o negócio é pensar artisticamente e seguir criando. O caminho é sair da opressão e seguir criando.

Sendo de Brasília, como é a sua relação com a cidade?
Eu vou muito a Brasília, minha família continua morando aí. Brasília me recarrega, acho que tanto por ser meu ninho, quanto por ser a cidade que me inspira.

Quais são seus próximos planos?
No teatro, estamos negociando a compra de um texto em inglês, que deve ser uma produção para o ano que vem. E também queremos filmar um curta no final do ano. Por enquanto, é isso.