A dois capítulos do fim de A força do querer ー a novela de Gloria Perez termina nesta sexta (20/10) ー, o Próximo capítulo aproveita para fazer um balanço da novela das 21h mais vista desde o fenômeno Avenida Brasil (2012), segundo dados da Globo.
Mas o que levou a novela a esse patamar? Do que vamos sentir mais saudades? A trama enxuta, com poucos personagens, foi um acerto e tanto de Gloria Perez. E mais: os núcleos “conversavam” entre si. Ritinha (Isis Valverde) ia do subúrbio à classe alta, caminho percorrido inversamente por Silvana (Lilia Cabral), que foi uma das poucas a não abandonar Bibi (Juliana Paes).
Já que nem tudo é perfeito, alguns pontos saíram fora da reta. Onde A força do querer errou? A ideia é fazer um balanço do que vimos. E para você, qual foi o grande destaque da novela das 21h?
O papel da vida de Juliana Paes
Quando A força do querer começou fui um dos que duvidaram que Juliana Paes daria conta de uma personagem complexa como Bibi. Caí do cavalo ー e que bom que errei. Juliana conquistou o país como uma anti-heroína que defende o marido traficante até o fim. Bibi começou a novela leve, em dúvida entre o amor de Rubinho (Emílio Dantas) e Caio (Rodrigo Lombardi) e, depois de uma transição crível, termina amargurada, sofrida. Juliana acertou o tom da personagem e promete mais emoções na reta final, quando pode ter atirado em Rubinho.
Carol Duarte e a aceitação de Ivan
“Passarinho de toda cor/ Gente de toda cor/ Amarelo, rosa e azul/ Me aceita como eu sou” canta Renato Luciano (com participações de Ney Matogrosso, Oswaldo Montenegro, Laila Garin, Elisa Lucinda, Paulinho Moska, Pedro Luís, Emílio Dantas e Léo Pinheiro) em De toda cor. A música embala cenas de Ivan, trans que começou a novela como Ivana e é interpretado com vigor pela estreante Carol Duarte. A coragem de Gloria Perez em tocar no assunto já é louvável. A delicadeza com que a autora o fez, mais ainda. A aceitação da personagem pelo núcleo dela não foi fácil ー a própria Ivana demorou a entender o que estava acontecendo ー, o que rendeu belas cenas, especialmente ao lado de Eugênio (Dan Stulbach) e Joyce (Maria Fernanda Cândido, que achou o tom do personagem no meio da novela e termina muito bem). De quebra, Ivan/Ivana abriu espaço para Silvero Pereira brilhar como o motorista Nonato e como a drag queen Elis Miranda. Esse assunto mereceu até um post e um vídeo aqui no Próximo Capítulo.
Coadjuvantes femininas
Lilia Cabral (Silvana), Elizângela (Aurora), Betty Faria (Elvira), ー Deborah Falabella (Irene). Essas são apenas algumas das atrizes que arrasaram em A força do querer mesmo tendo personagens coadjuvantes. Um tanto pelo talento delas, outro pela falta de força de Paolla Oliveira e Isis Valverde, longe dos melhores dias como Jeiza e Ritinha respectivamente.
Fiuk
O que é Fiuk, minha gente? Difícil demais defender o intérprete de Ruy. O personagem não é de todo ruim e deu várias chances ao ator de fazer um trabalho ao menos convincente. Não deu. Aliás, para Fiuk não dá. A autora Gloria Perez foi nas redes sociais defender o galã dizendo que ele é iniciante. Não, Gloria. Perto dele, o terrível Cigano Igor merece o Oscar.
Sereia
O tema do sereismo prometia ser uma das grandes apostas de Gloria Perez em A força do querer (leia mais sobre isso aqui), mas simplesmente não decolou. As imagens de Ritinha no aquário eram lindas, mas só. Não tinham um porquê. A música, composta por Roberto Carlos para a personagem, não ajudava em nada. Chatinha que só!
Personagens masculinos
A tarefa de escolher o melhor personagem masculino de A força do querer é árdua. E não é só porque as atrizes mandaram muito bem. O motivo é que os tipos femininos (ainda bem) eram muito mais bem escritos e interessantes. Talvez Dan Stulbach tenha tido bons momentos, mais em função da trama de Ivan. Marco Pigossi (Zeca – Leia aqui entrevista com o ator) e Emílio Dantas (Rubinho) não tinham drama próprio e estiveram sempre à sombra das mulheres. A força é toda delas!
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