“A vida com humor fica mais leve”, assinala Renata Castro Barbosa

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Festejando quatro décadas de carreira, atriz estreia no streaming aos 50 anos com série ‘A magia de Aruana’, na Disney e faz curadoria de festival de humor

Renata Castro Barbosa | Crédito: Sergio Santoian

 

Patrick Selvatti

 

O ano de 2023 é especial para Renata Castro Barbosa. Ela completou 50 anos em janeiro, celebra 40 anos de carreira e estreia no streaming com a na série A magia de Aruna, na Disney+. Na produção, ela será Teresa, a mãe da protagonista Mima (Jamilly Mariano). 

Conhecida do grande público por seu trabalho na comédia, Renata ressalta que nunca gostou do humor que humilha e diminui. “Acredito em um humor que ataca o opressor e não o oprimido. O humor é feito para criticar, para tocar em feridas que, caso fossem faladas seriamente, fechariam as escutas”, afirma a atriz, que, entre janeiro e fevereiro de 2024,  comandará o festival O humor contra-ataca, no Rio de Janeiro. O evento, que tem sua curadoria, terá apresentação de diversos humoristas renomados, como Flávia Reis, Rafael Portugal, Nany People, Sergio Mallandro e Yuri Marçal. 

A humorista acredita que é preciso ter mais responsabilidade sobre o que se diz. “Eu espero que, com o tempo, a gente consiga voltar a rir mais de nós mesmos. A vida com humor fica mais leve”, defende a atriz de 50 anos, dos quais 40 são dedicados à carreira artística. Ela estreou em um dos maiores sucessos da teledramaturgia, Vale tudo, em 1988, e atuou, entre outros trabalhos, na memorável novelinha infantil Caça Talentos, protagonizada por Angélica entre 1996 e 1998.  

Na pandemia, Renata compreendeu na prática o peso do riso na vida. Em plena quarentena, ela e o namorado, o ator Léo Castro, protagonizaram, no extinto Zorra, o quadro Bia e Maurício, onde retratavam divertidas situações de um casal no isolamento social. As esquetes — que também eram exibidas numa versão maior no Gshow — foram gravadas na casa da atriz. “Foi uma experiência bem interessante. A equipe contava com cada um em suas casas, nos celulares gravando com a gente. Ficamos mais íntimos ainda, porque era diretora com o filho precisando almoçar, assistente com bebê chorando porque a mãe estava atendendo on-line e não tinha como ficar com ele. Uma loucura que me deixou sã!”, finaliza ela, que, para o próximo ano, gravou os longas Tudo por um pop star 2, Missão de Ulisses e Mallandro – o errado que deu certo.

Confira a entrevista exclusiva ao Próximo Capítulo.

Entrevista/Renata Castro Barbosa

O que você pode adiantar da Teresa, personagem da série ‘A magia de Aruna’, da Disney+?

Que é uma mãe carinhosa e amiga da sua filha adolescente, mas que as vezes super protege a filha e transfere seus sonhos pra ela. Uma personagem forte e doce ao mesmo tempo!

Quando conversa com suas amigas, o que você percebe que perdeu ao começar a trabalhar tão cedo?

Não sei se eu diria que perdi. Não me arrependo, mas muitas festas, viagens em grupo que elas fizeram eu não pude fazer por estar trabalhando. Acho que acabei amadurecendo mais cedo. Tive que ser responsável desde cedo, mas acho que minha mãe soube me ajudar a dosar bem o tempo possível.

Em 40 anos de carreira na tevê, você contracenou com grandes nomes. De todos, quais foram os que mais te marcaram?

Ah, tantos… Armando Bógus, Beth Mendes, Glória Pires, Antônio Fagundes, Otavio Augusto, Ana Lúcia Torres, Ailton Graça, Joana Fomm, Toni Tornado, Antônio Pedro e tantos outros. Me sinto uma privilegiada!

Caça Talentos foi um enorme sucesso. Qual a melhor lembrança daquela época?

Sem dúvida a convivência com aquele time todo! Era maravilhoso! Caça talentos era uma delícia de gravar! O texto, o elenco, a equipe técnica….um conjunto impecável do qual me orgulho muito de ter feito parte. Não foi sucesso à toa!

Como foi a experiência de gravar, em casa, a esquete Bia e Maurício, em plena quarentena?

Difícil, mas, ao mesmo tempo, um desafio maravilhoso. Primeiro começamos a gravar eu e o Léo Castro ( meu namorado), em casa para o Gshow. Começamos com textos do Nelito Fernandes e escrevemos outros para não enlouquecermos também. Era para ser só uma ocupação… Mas o Gshow se interessou e começamos a fazer pra eles. Utilizamos a câmera do Léo e produzimos com tudo nosso. Bem improvisado. Léo pregou ganchos para pendurar a luz na minha casa toda! (risos) Quando o Zorra quis voltar a gravar, nossas cenas foram para lá e começamos a fazer outras esquetes pra lá. Mas aí já com o material que a Globo mandava para a gente. Foi uma experiência bem interessante. A equipe contava com cada um em suas casas, nos celulares gravando com a gente. Ficamos mais íntimos ainda porque era diretora com o filho precisando almoçar, assistente com bebê chorando porque a mãe estava atendendo online e não tinha como ficar com ele. Uma loucura que me deixou sã!

Você é uma atriz muito conhecida pelo humor, mas, recentemente, viveu na tevê, em Travessia, uma personagem com carga dramática maior, lidando com um tema pesado. Como você equilibra essas vertentes da atuação?

Acho que faço isso sem pensar muito… Amo o meu trabalho e o que vem me dedico ao máximo. Claro que, quando é humor, naturalmente é mais leve, mas trato os dois com a mesma atenção. Inclusive, sonho em fazer mais dramas, daqueles de chorar escorada na parede (risos)

Que diferença você mais enxerga no humor que era feito no passado e o atual, que precisa ser mais politicamente correto?

Nunca gostei do humor que humilha, que diminui. Acredito em um humor que ataca o opressor e não o oprimido. O humor é feito para criticar, para tocar em “feridas” que caso faladas seriamente fechariam as escutas. Acho que a internet tem um grande peso nisso. Ela dá voz a quem realmente se incomoda com alguma piada e com quem só está atrás de polêmica e clicks.  O humor, para mim, sempre foi uma forma de aliviar, de fazer ver as coisas por um outro prisma. Acho que perdemos muito quando se perde essa liberdade. Mas acredito que nos dias de hoje é preciso ter mais responsabilidade sobre o que se diz. E eu espero que, com o tempo, a gente consiga voltar a rir mais de nós mesmos. A vida com humor fica mais leve.  

O que falta para o público te ver novamente nas novelas?

Me convidarem e ser um personagem ou uma história que eu queira contar. Eu sou das antigas. Adoro ver e fazer uma novela!