No dia do aniversário da televisão brasileira, o Próximo Capítulo destaca 10 momentos marcantes da telinha
A televisão (que agora se confunde com o primo caçula streaming) está presente na vida e na memória de vários brasileiros. Claro que marcou muitas passagens dos colunistas do Próximo Capítulo, assumidamente apaixonados pelo aparelhinho trazido para o Brasil por Assis Chateaubriand há 70 anos. Para comemorar as sete décadas da tevê no Brasil, que se completam sexta-feira, resolvemos destacar, aqui, cinco memórias que cada um de nós tem do que viu na televisão. Como é impossível escolher cinco, vamos logo avisando que coisas boas e importantes ficaram de fora. Está aí a deixa para você contar as suas memórias pra gente!
Vinicius Nader
Com sete notas, qual é a música, maestro Zezinho? (anos 1980) — Qual é a música? era um quadro do Programa Silvio Santos no qual uma das figuras mais emblemáticas da nossa televisão recebia cantores e grupos para uma gincana musical. Em um dos jogos, os participantes recebiam uma charada com o nome da música e pediam notas ao maestro Zezinho. Quem acertasse com menos notas ganhava o jogo. Confesso que me divertia tentando adivinhar essas e outras brincadeiras do Qual é a música?.
Quem matou Odete Roitman? (1988/1989) — Vale tudo arrebentava a boca do balão (sim… a gente falava isso), no fim dos anos 1980, com uma trama divertida e sarcástica. Aos 10 anos de idade, eu não acompanhava muito (só fui realmente entender esse clássico nas reprises), mas o Brasil parou durante semanas para saber quem matou Odete Roitman (Beatriz Segall, marcada para sempre pela vilã), com direito a bolões e chamadas na capa de vários jornais. Sim, eu me lembro até hoje quem deu aquele tiro.
A abertura de Rainha da sucata (1990) — Novela de Silvio de Abreu que marcou as comemorações dos 25 anos da Globo, Rainha da sucata reunia um elenco de estrelas que iam de Glória Menezes a Paulo Gracindo, de Tony Ramos a Regina Duarte. Mas marcante mesmo era a abertura que trazia aparelhos que pareciam sair de um ferro-velho para dançar ao som de Me chama que eu vou, na voz de Sidney Magal. Era impossível não sorrir vendo a peça criada pela inspirada equipe de Hans Donner, um mago das aberturas, por sinal. A novela em si era divertida — tinha dona Armênia (Aracy Balabanian) e seus “filhinhas” — e ainda marcou pela cena do suicídio de Laurinha Figueiroa (Glória Menezes).
Hebe Camargo leva um “bolo de mosca” ao programa (1995) — A diva Hebe Camargo não poderia ficar de fora da lista de um amante da televisão. Sem papas na língua, ela aproveitou que o Congresso Nacional voltava aos trabalhos naquele março de 1995 e levou ao programa um bolo “decorado” com oito enormes moscas — cada uma batizada com o nome de um político importante, como José Sarney e ACM. “O bolo é bem fresquinho, mas as moscas continuam as mesmas”, disse a apresentadora depois de a Câmera deixar bem claro quem eram os oito “insetos”. Se fosse hoje, ia faltar massa pro bolo!
A troca dos bebês de Por amor (1997) — A cena que define a grande virada na novela de Manoel Carlos é de arrepiar. Mãe e filha, Helena (Regina Duarte) e Eduarda (Gabriela Duarte) estão na maternidade para terem filhos, no mesmo dia. Eduarda tem problemas no parto e a criança dela morre. Numa cena muito bem dirigida e bem escrita a ponto de não deixar dúvidas de que a personagem não estava certa do que fazia, Helena troca os bebês, deixando o dela para Eduarda e falando a todos que o próprio filho havia morrido. O segredo dela e do médico César (Marcelo Serrado) foi guardado até a reta final da novela, quando um desfecho emocionante deixou tudo bem outra vez.
Adriana Izel
Videocassetadas do Domingão do Faustão (1989) — Mesmo que hoje o programa não tenha os trunfos do passado, Domingão do Faustão fez história com os quadros mais inusitados ao longo dos mais de 30 anos de exibição na Globo. Um dos mais celebrados e aguardados — até hoje — é o de Videocassetadas, no ar desde a estreia. Quem não se viu rindo no final de um domingo com as imagens mais atrapalhadas da televisão? O sucesso foi tanto que o nome do quadro virou sinônimo de explicação para vídeos em que as pessoas se machucam de forma engraçada. A concorrência, hoje, é exatamente a internet, onde há milhares de imagens do tipo.
Narração de Galvão Bueno na final da Copa do Mundo de 1994 — “Acabou! Acabou! É tetra!” O clássico grito emocionado de Galvão Bueno abraçado a Pelé durante a transmissão da final entre Brasil e Itália na Copa do Mundo de 1994 é um dos clássicos da televisão. Até hoje, as imagens e, agora, o bordão fazem sucesso na internet. Neste ano, quando a Globo reprisou jogos épicos na quarentena, Galvão falou sobre o fato: “Saiu na hora. Aquilo ali foi a comemoração de um gol”. O narrador expôs na televisão o sentimento dos telespectadores de olho na disputa de pênaltis encerrada com o erro de Baggio.
Campanha de crianças desaparecidas em Explode coração (1995/1996) — A novela de Glória Perez está longe de ter ficada marcada pela história principal. O que, de fato, chamou a atenção na produção foi a abordagem sobre crianças desaparecidas. O folhetim trouxe mães reais que estavam atrás dos filhos desaparecidos. Elas apareciam com fotos das crianças. Ao final da novela, cerca de 70 foram encontradas. Até hoje, guardo na minha lembrança infantil a imagem dessas mulheres em uma escada com as fotografias.
Camila ficando careca em Laços de família (2000/2001) — De volta ao ar no Vale a pena ver de novo, Laços de família tem uma cena emblemática e que qualquer um se lembra. Quando a personagem Camila, vivida por Carolina Dieckmann, raspa os cabelos após o início da queda no tratamento de leucemia. Ao som de Love by grace, de Lara Fabian, a filha de Helena (Vera Fischer) caiu no choro. E a gente também!
Vitória de Thelminha no BBB20 (2020) — A recordação é nova, mas entrará no rol de momentos marcantes da tevê. No ano em que o país ficou colado na telinha para ver o Big brother Brasil 20, principalmente depois do início da quarentena, também foi quando a edição premiou de forma emocionante a quarta mulher negra a vencer a atração, a médica Thelma Assis. Mais representativo, impossível!