Licença-maternidade de um ano, comentada por Damares, é possível no Brasil?

Compartilhe

Damares Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, mencionou, em uma entrevista conjunta ao portal UOL e Folha de São Paulo, em 29 de setembro, que mulheres deveriam ter direito a licença-maternidade por um ano. Depois, Damares escreveu, em um tweet, que isso se trata de um “desejo apenas.”

Ministra Damares comparou a licença maternidade do Brasil a da Hungria, que dá três anos de benefício às mães

Atualmente, no Brasil, o benefício da licença-maternidade garante quatro meses de afastamento para a mulher da iniciativa privada. Esse período pode chegar a seis meses para empregadas de empresas participantes do programa Empresa Cidadã e servidoras públicas. Caso a mulher trabalhe na empresa há mais de um ano, ela pode emendar as férias à licença. Na entrevista, a ministra mencionou o caso da Hungria, onde as mulheres têm direito a três anos de licença-maternidade. No primeiro ano, a mãe ganha 110% do salário; no segundo, 80% e no terceiro, 50%.

Debora Ghelman, advogada especializada em direito humanizado nas áreas de família e sucessões, conta que, apesar da boa intenção da ministra Damares, a sugestão dela é um retrocesso quando se fala da era de igualdade de gêneros. Se o projeto fosse aceito, a advogada acredita que as empresas ficaram desestimuladas a contratarem mulheres na idade biológica para se tornarem mães, além da possibilidade de oferecerem salários ainda mais baixos para o público feminino e de haver risco de demissão em massa das profissionais.

A advogada Debora Ghelman defende uma licença conjunta entre pai e mãe

A ministra também opinou sobre a licença-paternidade, que atualmente dá aos pais cinco dias de afastamento do trabalho. O prazo pode ser estendido por até 20 dias. Damares acredita que “seria ótimo” se os pais pudessem ter dois ou três meses de benefício e, mais uma vez, citou o exemplo da Hungria.

Debora sugere que os homens tenham uma licença como o modelo da Suécia, onde o benefício é compartilhado entre homens e mulheres. 90 dias para cada um e os outros 300 dias são convencionados entre o casal. A advogada acredita que, como a legislação evoluiu na defesa da igualdade de gêneros, os pais também podem ter uma licença estendida. Assim, os homens poderiam aumentar o vínculo afetivo com os filhos, e as mulheres retornariam em paz ao mercado de trabalho.

Ana Paula Lisboa

Posts recentes

FURG recebe primeira cuidoteca da Região Sul para apoiar estudantes com filhos

Iniciativa do governo federal vai oferecer espaço de acolhimento e cuidado infantil dentro da universidade,…

2 semanas atrás

Mais da metade dos municípios tem filas por creches, aponta relatório

Levantamento nacional revela que 52,1% das cidades brasileiras registram filas na educação infantil e revela…

2 semanas atrás

46% das crianças mostram ansiedade ligada ao uso de telas, aponta pesquisa

Levantamento revela que metade das crianças apresentam sinais de sofrimento emocional ligados ao tempo de…

2 semanas atrás

Crianças exaustas: rotina cheia e pouco sono elevam fadiga infantil

Especialistas alertam que longas jornadas na escola, excesso de atividades dirigidas e falta de tempo…

3 semanas atrás

Dezembro Dourado: diagnóstico precoce evita 80% dos casos de cegueira infantil

Campanha reforça importância de consultas regulares, atenção aos sinais de alerta e estímulo ao desenvolvimento…

4 semanas atrás

Inep publica novas regras e critérios para avaliação da alfabetização

O texto destaca a necessidade de fortalecer a comparabilidade, a padronização e o rigor técnico…

4 semanas atrás