Nem o dedinho do Neymar tirou o foco do assunto: o dia da mulher. Aliás, já esticaram para semana e, se depender do meu voto, podemos consagrar todo o mês para elas. Qualquer coisa para não provocar mais uma discussão sobre a relação.
Normalmente passo longe das prateleiras com livros de autoajuda; puro preconceito, confesso, mas não tenho nenhuma vontade de aprender com um sujeito que não conheço como fazer amigos e influenciar pessoas; muito menos de saber por que fazemos o que fazemos.
Mas o acaso fez chegar às minhas mãos dois livrinhos na nigeriana Chimanda Ngozi Adiche – Sejamos todos feministas e Para educar crianças feministas. A moça parte do princípio freudiano de que as mães são responsáveis pelo que somos e defende que as mulheres – no fim das contas – podem ser os vetores da paz no planeta.
O segundo livro é uma carta que ela escreveu a uma amiga que recentemente tinha se tornado mãe e traz 15 conselhos para educar a criança de uma forma que ela respeite mulheres e homens da mesma forma, partindo da divisão de tarefas.
Admiro os autores de autoajuda pela capacidade que eles têm de resolver os problemas mais complexos do mundo em algumas páginas. Respostas cabeludas ganham respostas depiladas, cheirosas e limpinhas. Curam qualquer acídia, que no meu tempo de menino era pecado capital, mas parece que virou praga.
Alberto Cury, por exemplo. O moço parece escrever um livro por semana e sobre todas as aflições humanas; as mulheres são tema recorrente e são tratadas com uma simplicidade desconcertante e algum preconceito em parêmias rasas.
Ou como explicar quando ele escreve que “sem liberdade, as mulheres sufocam seu prazer. Sem sabedoria, os homens se tornam máquinas de trabalhar”. Mas devo estar errado: o sujeito já vendeu mais de 25 milhões de livros.
Não tenho a menor ideia de como podemos melhorar o mundo. Acho que o aperto de mão entre Kim Jong-un e o representante dos sul-coreanos pode ser um começo, mas como o resto do mundo desconfia e não conheço a mãe dele, posso novamente estar errado.
A ideia de responsabilizar as mães pelas atitudes dos filhos não me agrada. Nem de entregar às mulheres a exclusividade de criar seres humanos mais razoáveis, ainda que a influência delas seja fundamental para o desenvolvimento emocional dos filhos. Só que eu conheço órfãos muito educados, polidos e civilizados – quem explica?
Mulheres são passionais, mas são elas que morrem em nome de uma paixão que é apenas disfarce para o desejo de exercer poder absoluto; os homens que matam são criados por mulheres – aí entra o componente do amor incondicional materno.
O mundo precisa ser menos masculino – elas já são maioria da população e até no número de eleitores brasileiros (expliquem esses políticos, moças!) – e ganhar ternura. Se elas vão conseguir fazer essa revolução, veremos. No lar já começou.
O Faixa foi claro em nosso varonil bar: “Lá em casa eu me daria por satisfeito se eu tivesse direito a um diazinho sequer”.
Publicado no Correio Braziliense em 11 de março de 2018
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