Dylan tem o que dizer

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Em 1963, plena guerra fria, Bob Dylan lançou uma canção que dizia mais ou menos assim: “Venham seus mestres da guerra/ Vocês que constroem todas as armas/ Vocês que constroem aviões mortais/ Vocês que constroem grandes bombas/ …Eu só quero que saibam/ Que eu vejo vocês através de suas máscaras”.

Tem mais: “Vocês que nunca fizeram nada, a não ser construir para destruir/ Vocês brincam com o meu mundo/ Como se ele fosse seu brinquedinho/ Vocês põem uma arma em minha mão/ E se escondem dos meus olhos/ E se viram e correm para longe/ Quando as balas rápidas voam”.

A canção é Masters of War (Mestres da Guerra), continua por mais 48 estrofes e é um dos mais inteligentes libelos antibelicistas já produzidos. Neste momento de incerteza para o planeta, com dois malucos se coçando para apertar botões nucleares, a canção ganha o reforço da voz de Joan Osborne, que lança disco só com canções de Dylan.

Songs of Bob Dylan reúne 13 canções do imenso catálogo do bardo e deixa claro o respeito que Joan Osborne, também compositora, tem pela obra do colega, ainda que ofereça abordagens originais em canções tantas vezes gravadas. “Foi uma alegria poder cantar essas letras brilhantes. É como um ator que recebe um grande papel. Você fica tão entusiasmado em dizer essas estrofes, porque elas são tão poderosas, que elevam você acima de si mesmo”, disse ela.

Osborne não fez escolhas óbvias para o repertório, mesmo entre os clássicos dos anos 60 e 70, onde despontam Highway 61 Revisited, Rainy Day Women #12 & 35 e Buckets of Rain. Talvez a música mais conhecida seja You Ain’t Goin’ Nowhere que, como todas as demais, ganha tratamento básico, próprio para valorizar a voz e a canção. É sempre tempo de ouvir Dylan, ele sempre tem o que dizer; agora, mais que nunca.

Paulo Pestana

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Paulo Pestana

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