O mundo é cheio de música chata. Mas, pode procurar, nenhuma bate o tal do Peixe Vivo, uma toada mineira que só resiste porque alguém teve a pachorra de dizer que era a música favorita do fundador, JK. Nem isso era.
Se no princípio era o ermo, escreveu Vinicius, entre um e outro pio de siriema havia espaço para música nas primeiras madrugadas brasilienses. Melhorou quando a Rádio Nacional foi inaugurada, trazendo artistas consagrados que, depois de cantar para o éter, iam ao Catetinho.
Mas a emissora fez o próprio cast, importando artistas. Aqui surge o nosso personagem: nessa leva, há 60 anos, que chegou Fernando Lopes, goiano de Piracanjuba, que estava vivendo em Inhumas – onde a noite era mais animada, explica.
Cantor de boleros, Lopes conseguiu rapidamente espaço na emissora, quando ouviu o maestro Isaac Colman pedir que vestisse uma roupinha melhor no dia seguinte. “Você vai cantar para o meu compadre”, disse.
Mais alinhado que o normal, entrou na Kombi da emissora, onde já estavam o maestro e quatro músicos. A poeira não deixava ver para onde estavam indo e ninguém ousava perguntar; quando pararam, viram o Catetinho.
Num canto estava o violonista Dilermando Reis; ao lado, o caboclinho Silvio Caldas. Mas o abusado Fernando só tremeu nas pernas quando foi apresentado ao presidente – o tal compadre do maestro. – “Ele canta aquelas músicas que você gosta”, disse Colman a JK.
E diante da seleta plateia, deu seu recado. Um bolero atrás do outro – La Barca, Contigo em la Distancia, Perfídia… Mas Fernando Lopes ainda tinha um ás na manga. Alguém havia lhe dito que o presidente gostava de Granada, velha e dramática canção mexicana que favorece timbres fortes e extensos. E encerrou sua apresentação com ela.
O presidente adorou e pediu bis; aliás, vários. O cantor virou habituê e a relação entre os dois ficou cada vez mais próxima, para desgosto de dona Sarah, que reclamava: “Esse rapazinho leva Nonô pra perdição”.
Seis décadas depois, Fernando Lopes mantém a voz firme que encantou o presidente. Aos 85 anos é presença constante na roda musical do Bar do Grao, no último comércio da pista do Lago Norte, nas noites dominicais. Vai para conversar, mas acaba cantando. Não mais para o presidente, mas para a plebe, que também pede bis.
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