Número de contratações aumentou 3,5% (mais 405 mil pessoas), mas houve estabilidade em comparação ao primeiro trimestre. Especialista avalia números
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, na semana passada, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) relativa ao segundo semestre do ano de 2020. Segundo os dados, a categoria dos empregados no setor público (12,1 milhões de pessoas), que inclui servidores estatutários e militares, ficou estável frente ao trimestre anterior deste ano, mas aumentou 3,5% (mais 405 mil pessoas) em relação ao mesmo trimestre de 2019.
De acordo com Gabriel Granjeiro, especialista em concursos públicos do Gran Cursos Online, o aumento com relação ao ano passado é devido às contratações emergenciais causadas pela pandemia do vírus covid-19, principalmente na área da saúde, mas, ainda assim, é um aumento inferior ao “normal”. “Acredito que o número é esperado pelas poucas seleções realizadas e pelo déficit que não vem sido suprido, poderia ser maior se não fosse a pandemia. Além disso, houve nomeações de servidores aprovados no último semestre de 2019 e começo de 2020 que já estavam previstas, essas nomeações ocorreram para suprir uma demanda existente reprimida, e o órgão se fez valer do seu direito de convocação.”
Porém, Granjeiro alerta para a leitura rápido dos números sem a devida contextualização é perigosa. “O concurso público tem um ritual, não é uma contratação em regra tão rápida, nunca se pode se olhar em um horizonte tão curto, quem foi nomeado agora passou há um, dois anos.”
Agora, sobre a estabilidade de contratações com relação ao primeiro trimestre de 2020, o especialista avalia ser um cenário esperado no contexto incomum deste ano, em que vários concursos foram adiados, por não ser possível aplicar prova. “Esses números refletem esse contexto de que essas novas vagas foram seguradas e alguns órgãos também reteram as nomeações por questões econômicas. Tão logo a ordem econômica se estabeleça as nomeações devem ser retomadas. Mas quem foi aprovado dentro do número de vagas oferecido pelo edital do concurso tem direito à nomeação, isso é garantia do Supremo Tribunal Federal (STF).
Para além dos números, Granjeiro aconselha os concurseiros a enxergar a meta de ser servidor público a médio e longo prazos. “A trilha até a aprovação no cargo/órgão desejado passa por picos, altos e baixos, e nem sempre os números são estáveis, podem flutuar e isso é normal. Eu me pautaria em realmente escolher a carreira que tem perspectiva de publicação de edital, seguir um plano de estudo consistente e estar pronto para as provas que vão acontecer em 2021. Este ano é de plantio e próximo, de colheita. Esses dados do IBGE podem ser considerados negativos ou positivos, é preciso ter consciência de que sempre há uma notícia que pode te levantar ou te puxar para baixo, mas o importante é não desistir e manter o ritmo de estudos.”
Sobre as carreira que hoje estão em alta e têm maiores chances de lançamento de concurso estão: as carreira policiais (Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal), que podem sair ainda este ano, segundo confirmação do próprio presidente da República; todas as polícias civis estaduais e do Distrito Federal, além das militares também. “Outra área que deve voltar com tudo é a de controle, devido ao contexto atual, e a de fiscalização tributária,” pontua Granjeiro. “Sem falar que o Brasil tem inúmeros tribunais e secretarias estaduais, as possibilidades são inúmeras. Os concurseiros também tem que aprender a olhar para um espectro mais amplo de oportunidades, o que pode permitir que ele seja aprovado mais rápido, e não ficar dependente do lançamento de edital da sua cidade/estado.”
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) Contínua visa acompanhar as flutuações trimestrais e a evolução, no curto, médio e longo prazos, da força de trabalho, e outras informações necessárias para o estudo do desenvolvimento socioeconômico do país. Veja a pesquisa aqui.