Alguma coisa está fora da Nova Ordem Mundial

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Os donos do mundo, acertam cada vez mais o tom da narrativa global que moverá nossas realidades. Sim, o que define a realidade aparente em todos os tempos da história humana é o poder da narrativa. As forças de controle e poder, sejam eclesiásticos, políticos ou mercadológicos, sabem muito bem disso e aperfeiçoam-se ao longo das Eras para se reinventarem e prosseguirem dominando, revestidos das novas roupagens que assumem. Quando não são capazes de efetuar esta transformação, perdem a força de conversão e desaparecem. Contudo, vivemos um período de profunda contestação sobre as “historinhas”, “padrões” e “verdades” que nos contaram e nos fizeram mover até aqui. Neste sentido, os chamados “Ismos” sejam denominações ideológicas ou doutrinárias estão diante de uma nova realidade e seus fundamentos correm o risco de serem abalados. Hierarquias, Concentração de Poder, Concentração de Renda, Desequilíbrio Social, Desmoralização dos Líderes, Colapso Ambiental, Substituição Humana por Máquinas são alguns dos motivos que levam ao repensar do Homo Sapiens e o futuro de sua existência.

No mês de maio em Cingapura, está previsto o acontecimento de uma das edições mais disputadas do Fórum Econômico Mundial (FEM), normalmente realizado na cidade de Davos, Suíça. O fundador e Presidente do Fórum, Klaus Schwab, já alardeou a “Narrativa Master” que pretende propagar ao mundo, chama-se: “The Great Reset” (A Grande Reinicialização). Ela já foi abordada neste Blog com mais detalhes (veja em: https://bit.ly/3c0juiT). Parte do princípio de que a Regeneração Planetária é urgente, exigindo uma “Reinvenção do Capitalismo” para que possa reduzir a pressão social das massas e uma recuperação mais rápida do planeta terra. Promete renda mínima universal, esforços para erradicação da fome, garantia de assistência à saúde de todos etc em troca de maior controle sobre as liberdades individuais, como o uso da tecnologia para rastreamento e controle dos cidadãos (capitalismo de vigilância), passaportes genéticos e outras possibilidades absolutamente questionáveis.
A grande questão que se levanta é que o FEM, os donos das Big Techs em união com os donos das Big Foods e os Bilionários Espaciais, buscam por uma série de frentes, estabelecer uma Nova Ordem Mundial, absolutamente Disruptiva. A metamorfose capitalista envolve um esforço trilhionário, mas esbarra na orquestração de egos superlativos. Por exemplo, há disputas colossais pelo controle da energia, pelo domínio da internet orbital, pelos avanços genéticos, pela colonização do espaço, pela comida nossa de cada dia e particularmente pela inteligência artificial e robótica. Os noticiários reproduzem suas briguinhas e fofocas acerca de quem ultrapassou quem no Ranking dos Bilionários, twiters sarcásticos que fazem oscilar o valor das ações dos concorrentes e outras mais apimentadas que alimentam a pequenez dos que se nutrem da ilusão palaciana dos “Deuses do Olimpo Global”.


Dando “nome aos bois”, quem são os principais protagonistas que estão a criar o futuro e suas novas narrativas? Elon Musk (Space X, Neuralink e Tesla) – Quer “chipar o cérebro” humano. Narrativa1: Equiparar o ser humano para competir com a Inteligência Artificial e não ser “excluído do jogo”. Narrativa 2: Colonizar Marte e Explorar metais preciosos nos Asteroides como platina e ouro para assegurar refúgio e prosperidade para os seres humanos; Peter Thiel está focado na longevidade e reversão da velhice. Narrativa: Juventude para todos com a modernização do atrasado sistema biológico utilizando os avanços da neuroplasticidade; Sam Altman e Ray Kurzweil (Singularity University) – Evolução da Vida Orgânica para a Inorgânica. Narrativa: Vida Eterna através da transferência das mentes humanas para supercomputadores quânticos (Brain Upload). Poderia acrescentar Jeff Bezos da Amazon e Bill Gates da Microsoft que lideram centenas de segmentos, especialmente relacionados a alimentação. Narrativa: O Colapso Ambiental exige o fim da Indústria Pecuária. A dieta humana precisa migrar para produtos “Based Plant” (baseados em plantas), Cultivo Vertical de Precisão (sem agrotóxico, sem sol e com o mínimo de água) e Consumo de proteína animal baseado na Reprodução Celular em Laboratório.

O Historiador Yuval Harari e outros pensadores, alertam para alguns riscos de uma Sociedade controlada pela chamada Tecnocracia Digital cujos objetivos e direcionamentos consistem em assegurar resultados muito bem calculados (Teleonomia). Harari prevê que uma nova classe deverá surgir até o ano de 2050, o que ele define como a “Classe dos Inúteis”, pessoas que não terão capacidade de se adaptar a velocidade da automação e serão substituídos pela Inteligência Artificial, pela robotização das linhas de produção do campo, das indústrias e do segmento de serviços. Os chineses já fizeram os cálculos e se preparam para a possibilidade aventada pelo FEM de se pagar a chamada “Renda Mínima Universal” para seus cidadãos (1,4 bilhões de pessoas). Os chineses já ostentam 800 fabricantes de robôs, lideram a hegemonia da computação quântica, da inteligência artificial, da aplicação dos sistemas de controle e “score social” de sua população, das tecnologias espaciais e das telecomunicações com o 5G, já avançando no domínio do 6G (100 vezes mais veloz).


Enquanto as máquinas não assumem, alguns bilionários da “Narrativa da Meritocracia” prosseguem no velho discurso de sacrifícios e exigem uma entrega absoluta dos trabalhadores aos meios de produção. É o caso do empresário mais rico da China, Jack Ma (Alibaba), que declarou recentemente ser favorável ao trabalho de 12 horas por dia para os Jovens e a nova geração de empreendedores, seguindo o “esquema 996” = Trabalhar de 9h da manhã às 9h da noite, 6 dias por semana. Um enxurrada de críticas a esta manifestação dominou as redes sociais chinesas, como por exemplo:
“Os chefes fazem o 996 porque trabalham para si mesmos e sua riqueza está crescendo”, disse um trabalhador. “Trabalhamos 996 porque somos explorados sem compensação de horas extras”. Parece que Jack Ma joga com a máxima alertada por Schulz há um século e meio: “Milhões de homens conseguem obter os meios de subsistência estritamente necessários somente por meio de um trabalho cansativo, fisicamente desgastante, moral e espiritualmente deturpante. Eles são obrigados até a considerar como uma sorte a desgraça de ter achado um tal trabalho.”

Uma questão me intriga! Vamos supor, na hipótese de que haja no futuro próximo, a democratização das oportunidades de acesso aos avanços genéticos e da biotecnologia à maioria da humanidade, independente de classe social, gênero etc. No que se refere a longevidade, se associarmos esta possibilidade de se viver cada vez mais com menos atividades para fazer (substituição geral da mão de obra), como é que o Homo Sapiens, um Ser Social por natureza, ocupará o seu tempo? Com as Realidades Aumentadas e muito entretenimento? Talvez um conselho de Domenico De Masi (autor da obra: “O Ócio Criativo”), possa nos servir futuramente: “Uma parte do nosso tempo livre deve ser dedicada a nós mesmos, ao cuidado com o nosso corpo e com a nossa mente. Uma outra parte deve ser dedicada à família e aos amigos. Devemos dedicar uma terceira parte à coletividade, contribuindo para a sua organização civil e política. Cada cidadão deve dosar estas três partes em medidas adequadas, de acordo com a sua vocação pessoal e a sua situação concreta”.


Ressalto contudo, que por enquanto, predomina a minha descrença nesta democratização, na verdade temo por uma extratificação social que separe os imunes, bem protegidos e longevos em detrimento de uma maioria que vai ter que ralar muito para conseguir o mínimo de que já necessita hoje. Porém, admito que possa haver interesse de se viabilizar o acesso da maioria a melhores condições, caso na frieza dos números, se comprove mais barato, assegurar o básico de saúde e renda para todos, reduzindo o risco de um colapso econômico e humanitário global. Para além das Pandemias será preciso algo que sensibilize os corações dos Faraós da atualidade? Tal qual na “Morte dos Primogênitos do Egito”, sempre haverá o risco de uma grande perda e neste caso, refiro-me a destruição de suas fortunas e poderes. Enquanto se preparam para a “eternidade” precisam entender como disse Peter Drucker, que o modelo piramidal das organizações (verticalizado e quase sempre injusto e concentrador), se equipara aos cemitérios das Dinastias que foram sucumbidas. Fica o alerta!

Namastech!

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