Rafa destaque com luva Rafael Pinho, professor e treinador de box / Foto CV Março 2025

“Nunca minta, seja justo e jamais quebre uma promessa”

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Rafael Pinho, ex-atleta e professor de box / Foto CV 2025

Já falei e já mostrei aqui vários exemplos de salas de aulas que se formam no Parque da Cidade.
É grande a diversidade de aprendizados que acontecem por todos os lugares, quando professores, instrutores, maestros e mestres de ampla diversidade, reúnem alunos e ocupam espaços para o conhecimento e a prática de atividades físicas e culturais. Muitas vezes, alguns menos habituados com o local se espantam e me perguntam se determinadas aulas acontecem ali mesmo. Sim, enquanto novas atividades surgem, se multiplicam e algumas são experimentais, muitas “salas de aula” só acontecem no Parque, estão sempre presentes lá, e já fazem parte do cenário.

É o caso das aulas de box no jardim do Estacionamento 13, que podem ser vistas da pista nas manhãs de Sábado. Para quem gosta do esporte, como eu, sempre vale a pena dar uma parada pra ver a aplicação de técnicas, a prática e um pouco da luta. O ringue é criado por cones que formam um quadrado, e a aula acontece ao som de músicas frenéticas que tocam em um pequeno aparelho, com rounds que começam ao toque de chamada. Foi ao término de uma aula que conheci o professor Rafael, com quem conversei outro dia.

Aula de box no Parque / Foto CV Março 2025

Rafael Alves Pinho tem 36 anos, solteiro, brasiliense, divide a moradia entre Brasília e Unaí por causa do trabalho. Formado em Administração de Empresas, tem mais de 15 anos de prática de box. Foi atleta, campeão brasiliense por duas vezes, participou de campeonatos regionais e do brasileiro representado Brasília, até parar a carreira. Além do trabalhar na área de segurança pública, Rafael dá aulas particulares de box para quem quer aprender a arte ou treinar para alguma competição. Ele é um jovem que acredita no esporte e na atividade física como elemento transformador e gerador de bem estar. Frequentador assíduo do Parque, gosta e conhece bem o box. Ele falou sobre treinos, a vida de atleta, a carreira e seus ídolos do box, um papo muito interessante pra quem gosta do tema. Sério, tranquilo, agradável e atencioso, Rafael é mais uma pessoa especial do Parque que vale muito a pena conhecer.

Rafael em sua sala de treinos no Parque / Foto CV Março 2025
Um luta na prática, pra quem aprecia o box / Foto CV Março 2025

Perguntas para Rafael:

P- Como o box surgiu na sua vida?
R- Surgiu como uma forma de aprender uma arte marcial, eu fui gostando e se tornou um hobby.

P- Você chegou a competir, participou de competições?
R- Eu fui duas vezes campeão brasiliense na categoria 91kg, em 2018 e 2019. Aí me aposentei. Fui pro brasileiro, disputei um campeonato brasileiro e competições regionais. E depois aposentei a carreira e fiquei só com as aulas.

P- Qual é o maior desafio de um lutador de box?
R- O maior desafio de um lutador, de um atleta, é o treinamento. O treinamento é mais difícil do que a luta em si. Porque a luta em si é só mais uma parte do processo, mas o treinamento, a rotina, o dia a dia, às vezes você se lesiona, machuca, enfim, é o mais difícil, manter aquela disciplina, aquela constância.

P- Tem que treinar quantas horas?
R- Tem que treinar todos os dias pelo menos. Um atleta de alto nível, como eu já fui por um tempo, tem que treinar todos os dias, mais de uma vez por dia. Uma corrida pela manhã, um treino técnico à noite, no dia seguinte musculação, depois vai pra academia fazer treino técnico, é uma dedicação quase exclusiva.

P- E a alimentação é específica ou igual à de qualquer atleta?
R- A gente come muito bem, come de tudo, eu mesmo não cheguei a cuidar da alimentação como deveria, mas muitos atletas procuram um nutricionista, mas fiquei sempre no meu peso padrão, entre 91, 92 kg.

P- A sua fase auge de atleta foi com que idade?
R- Foi de 25 a 26 anos.

P- Como é sua história com o box?
R- Eu sempre assisti muito aquele filme Rocky, do Stallone ( Sylvester Stallone, fez o papel do lutador Rocky Balboa na série de filmes sobre sua saga). Eu via a luva, achava a luva muito bonita. Aí com 17, 18 anos eu comecei a procurar – aqui em Brasília tinha pouco, hoje já está bastante difundido – e achei uma academia, comecei a treinar, e de lá pra cá, nunca mais saí. Tenho uns 15 anos de box.

P- E pra quem quer aprender, quer começar no box, o que você recomenda?
R- O ideal é ter muita disposição, gostar da modalidade, ter alguma aptidão. Mas pra quem não tem também é importante, te condiciona muito pro dia a dia, pra você ter ter disposição. O esporte, como todo mundo fala, é vida, então vale a pena treinar.

P- E no caso da pessoa querer seguir a carreira, o patrocínio no box é tão fundamental como em outras modalidades?
R- No esporte no geral é fundamental. No Brasil a gente é pouco valorizado pelos órgãos governamentais, mas a gente precisa de mais apoio, principalmente das empresas, de alguém que te financie pra você poder se dedicar exclusivamente a isso. O Brasil é cheio de talentos.

P- Quem você admira no box do Brasil?
R- No Brasil, o Herbert, ele foi campeão olímpico (Herbert Conceição, medalha de ouro na olimpíada de Tóquio). Nosso último campeão olímpico é um cara que treina muito, se dedica muito à modalidade. Na minha época que eu lutava e disputava os brasileiros a gente se encontrava, ele saiu do olímpico e foi pro profissional e tem se destacado aí.

P- E quem é seu ídolo do box?
R- Eu tenho dois, o Tyson (Mike Tyson, considerado um dos maiores boxeadores peso pesado de todos os tempos), assistia muitas lutas dele na madrugada, e tem o Ali (Muhammad Ali, pugilista americano, uma lenda do box, considerado um dos melhores de todos no esporte) que eu acompanhei a história e fez história na modalidade.

P- Falando sobre o Parque, você é frequentador?
R- Frequento, venho bastante aos finais de semana, sempre que estou em Brasília eu venho aqui correr, jogo futevôlei. Eu gosto muito de esportes, sempre procuro alguma coisa aqui.

P- Você tem alguma parte preferida no Parque?
R- Essa parte aqui que consigo dar aula e consigo treinar também, tem um professor que de vez em quando vem de Sobradinho só pra me dar treino técnico pra quem é de competição, e a parte do futevôlei, a ilha de futevôlei ali, tô sempre jogando, é o que mais gosto, sempre fico por aqui.

P- Como é dar aula no Parque?
R- A aula no Parque é uma aula livre, você pode fazer em qualquer lugar, principalmente o box, você pode usar qualquer cantinho, qualquer espaço de 4×4, uma sombra.

P- O que é o Parque da Cidade para Brasília?
R- É um ponto de encontro, pessoas que gostam de atividade física como eu, amam o Parque, e sempre estão aqui.

P- Qual recado você daria para as pessoas sobre o Parque?
R- O meu recado é: saia de casa, vem ver o mundo por outro ângulo aqui, o exemplo arrasta. Ao ver pessoas se movimentando, praticando esportes, correndo, suando, vai te motivar a fazer o mesmo.

P- Rafael, no que você acredita, o que lhe guia na vida?
R- A fé em Deus é o que me guia, tudo que faço entrego e agradeço a Deus pelas bênçãos, vitórias, derrotas e recompensas da vida.

P- E qual o seu recado para as pessoas?
R- “Nunca minta, seja justo e jamais quebre uma promessa.”

Contato do professor no Instagram @pinhoraffa

Rafael e seu aluno no ringue / Foto CV Março 2025

4 thoughts on ““Nunca minta, seja justo e jamais quebre uma promessa”

    1. Obrigada pelo seu contato. Foi pesquisada a grafia antes, e essa, como tantas outras palavras de origem estrangeira, é escrita sem a letra E, principalmente se referindo à modalidade esportiva.

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