Elma Sousa, sócia do Galpão | Crédito: Gilberto Evangelista

Design como ferramenta de transformação

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Há oito anos, o Galpão surgiu no Distrito Federal para se tornar referência em design autoral e curadoria criativa. Desde a sua fundação, a marca acredita no poder transformador da arte brasileira, valorizando os produtos feitos à mão e a história da riqueza cultural e autêntica do país. Desde 2017, o espaço atua como ponto de convergência entre arte, arquitetura, moda e fotografia. 

“O Galpão nasceu da união de três sócios com vivências distintas, mas uma paixão em comum: o design brasileiro. Desde o início, tivemos o desejo de criar um espaço que fosse mais do que uma loja — um ambiente de experiência, troca e valorização da criação nacional. Era um momento em que Brasília começava a despertar para o design autoral, e sentimos que havia espaço para algo novo, com identidade forte”, conta Elma Sousa, sócia do Galpão. 

De acordo com a executiva, a criação do negócio surgiu a partir da vontade em oferecer um espaço onde o design fosse tratado como expressão cultural, e não apenas como produto. “Queríamos reunir peças com alma, que carregassem narrativas, e aproximar o público de quem está por trás das criações: os designers, os artesãos, os artistas”, informa. Outro aspecto que guiou a criação do Galpão envolveu o desejo dos sócios em democratizar o acesso ao design de qualidade, tornando-o parte da vida cotidiana da população e não algo distante.

O nome “Galpão” foi escolhido, segundo Elma, por remeter a um espaço amplo, versátil e industrial, que pode ser transformado, reinterpretado e ressignificado. “Gostamos dessa ideia de um lugar aberto, em constante movimento, onde cabe o novo, o experimental, o criativo. Também carrega uma força estética bruta, que dialoga com o design brasileiro: espontâneo, ousado e plural”, complementa. 

A sócia ressalta que o Galpão atua como uma loja-conceito, localizada no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) Trecho 2 Lote 915. Para ela, trata-se de um espaço de imersão criativa e uma plataforma de conexões. “Oferecemos mobiliário, objetos de arte e design, luminárias e peças exclusivas desenvolvidas em colaboração com artistas e designers brasileiros. “Também realizamos exposições, eventos culturais e projetos especiais. É um espaço de descoberta contínua, tanto para o público quanto para nós”, afirma. As peças do catálogo podem ser adquiridas presencialmente na unidade.

Esses aspectos, na visão de Elma, unindo a curadoria e o compromisso com a autenticidade, permitiram que o Galpão pudesse ser considerado referência em curadoria criativa e design autoral em Brasília. “Desde o início, buscamos mostrar o Brasil em sua complexidade, com peças que traduzem a nossa diversidade cultural, geográfica e estética. Também nos preocupamos com a experiência do cliente: o ambiente, o acolhimento e o discurso. Criamos uma relação afetiva com o público e com os criadores que representamos”, complementa.

A Casa do Design Brasileiro 

Buscando ampliar a sua atuação em Brasília, a marca apresentou a nova fase da marca na última semana do mês de abril. Esse momento representa uma ampliação de tudo que já foi construído pelo Galpão, mas que, agora, consolida a presença em um espaço físico de dois mil metros quadrados, com projeto arquitetônico assinado por Pedro Carvalho. 

“O novo endereço materializa nosso propósito de sermos um verdadeiro polo criativo, onde o design encontra outras linguagens artísticas. É um lugar para experimentar, vivenciar e inspirar. Estamos mais maduros, mais estruturados e ainda mais conectados à essência do design brasileiro”, ressalta Elma. 

Além disso, reforçando a sua identidade como “A Casa do Design Brasileiro”, o Galpão reafirmou a sua missão de tornar o design democrático, sem abrir mão da excelência. Para isso, a marca trabalha com uma curadoria que equilibra exclusividade com acessibilidade. “Temos peças assinadas por grandes nomes do design nacional, mas também abrimos espaço para jovens talentos locais, com um espaço dedicado exclusivamente para designers com DNA brasiliense. A excelência está na escolha das matérias-primas, no cuidado com os processos, na coerência estética. Democratizar não significa banalizar — significa abrir caminhos para que mais pessoas se conectem com o bom design”, exemplifica. 

Elma defende que o Galpão é, acima de tudo, uma celebração do Brasil que cria. “Acreditamos no poder do design como ferramenta de transformação cultural e social. Seguimos comprometidos com essa missão: revelar, conectar, valorizar e inspirar. E estamos só começando essa nova jornada.

Três perguntas para Elma Sousa, sócia do Galpão:

Por que vocês descrevem o espaço como uma fusão do contemporâneo com o ancestral?

Porque acreditamos que o design brasileiro nasce desse encontro. O contemporâneo aparece na forma, na linguagem, na ousadia estética. O ancestral se revela na matéria, no gesto manual, no saber que atravessa gerações. Valorizamos criações que reconhecem esse enraizamento — que não negam suas origens, mas as ressignificam. No Galpão, cada peça carrega uma camada de tempo, uma herança transformada.

Quais são os próximos passos do Galpão?

Queremos expandir nossa atuação sem perder nossa essência. Isso envolve fortalecer parcerias com designers de diferentes regiões do Brasil, investir em experiências imersivas dentro do Galpão e explorar novos formatos de exposição e venda. Também estamos atentos ao digital, buscando formas de traduzir nossa proposta para o ambiente online, sem perder a conexão sensorial que nos define.

Para você, qual o futuro do design e da área criativa?

Vejo um futuro mais colaborativo, mais ético e mais sensível. O design do futuro não será apenas funcional ou estético — será responsável, inclusivo, consciente. Vamos ver cada vez mais projetos que nascem do diálogo entre diferentes saberes e que têm propósito claro. O Brasil tem muito a oferecer nesse cenário, com sua criatividade orgânica e seu repertório cultural vasto.