A vida de Rafael e Rodrigo Gianesini mudou em 2017. Na época, os irmãos estavam aguardando, há nove anos, a conquista da cidadania italiana. No entanto, essa quase década de burocracia gerou apenas dores de cabeça e frustrações. Por essa razão, eles buscaram alternativas para mudar o mercado para que outras pessoas não vivessem os mesmos problemas e decepções.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, a Constituição Federal prevê a possibilidade de o brasileiro ter dupla cidadania em duas hipóteses. A primeira, quando há o reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira. A segunda, quando há imposição de nacionalidade pela norma do país em questão, por meio de processo de naturalização, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
Apesar de parecer simples, o tema é complexo e possui suas particularidades na hora de viabilizar a documentação. Sabendo desse cenário, os irmãos Gianesini estudaram para oferecer à população um atendimento mais rápido e assertivo no que diz respeito à dupla nacionalidade. Foi nesse contexto que, em 2019, surgiu a Cidadania4U, startup brasiliense que, em poucos anos, conquistou todo o território nacional.
“Tratava-se de um mercado arcaico e nada transparente. Assim, decidimos juntar nossas habilidades e experiências em tecnologia – somos formados em Sistemas da Informação e trabalhamos com TI em algumas empresas – e desenvolver uma tecnologia própria para garantir um processo de reconhecimento de cidadania europeia mais rápido, transparente, seguro e, claro, 100% digital, que foi colocada em prática no ano de 2019”, conta Rafael Gianesini, co-fundador da Cidadania4U.
Oferecendo serviços voltados para a cidadania da Itália, de Portugal e Espanha, e com apenas cinco anos de atuação, a empresa já atendeu mais de 20 mil clientes desde a sua fundação em âmbito nacional. Além do Distrito Federal, segundo a startup, os estados que mais demandam solicitações de dupla cidadania são Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina e Paraná.
O trabalho em âmbito nacional tem gerado resultados positivos para a marca. Segundo Gianesini, desde quando entrou no mercado, a Cidadania4U segue em crescimento e expansão. O faturamento anual da empresa foi de R$ 1 milhão, em 2019, a R$ 56,5 milhões, em 2022. Para 2023, a meta é chegar a R$ 110 milhões. Com esse crescimento acelerado, a startup conquistou o sétimo lugar no Ranking Negócios em Expansão 2023 da EXAME. “É a primeira vez que uma empresa do DF figura neste ranking”, celebra o co-fundador.
Para essa conquista, Gianesini destaca que foi necessário investir mais de R$ 5 milhões para desenvolver uma tecnologia de ponta, capaz de orquestrar o processo entre diversos times e, ao mesmo tempo, garantir transparência ao cliente para que ele possa acompanhar cada etapa do seu processo.
“Além disso, nosso time conta com mais de 450 especialistas em cidadania que atuam em diversas frentes como pesquisa genealógica, busca de certidões, preparação documental e assistência jurídica. O time realiza as devidas conferências para que tudo saia de acordo com a tão esperada aprovação – tudo isso torna o processo mais célere”, contextualiza.
Gianesini ainda ressalta que, na startup, há diferentes especialistas envolvidos no processo para viabilizar a cidadania europeia dos clientes, desde programadores, advogados e engenheiros de produção que estão presentes na empresa para garantir o serviço, que é dividido em várias etapas.
“Nossa abordagem é abrangente, designamos especialistas para cada fase do processo, desde a análise de documentos até a pesquisa genealógica, tradução de petições e suporte jurídico. Desenvolvemos análises preditivas para fortalecer a plataforma inteligente que automatiza todo o processo evitando, assim, a morosidade de métodos tradicionais com papeladas e planilhas”, explica.
Três perguntas para Rafael Gianesini, co-fundador da Cidadania4U:
Como você avalia o crescimento da empresa desde a sua fundação?
Estamos em constante crescimento, inclusive acima da métrica T2D3 – metodologia visada em empresas que querem se tornar unicórnios (com valor de mercado de mais de R$1 bilhão). Nossas métricas estão melhores do que essas e atribuímos boa parte do nosso sucesso à Moai, maior rede de líderes e empresários da capital do país, que nos apoiou e estimulou durante essa jornada. Sabemos que estamos no começo e ainda há um longo caminho a percorrer.
Como o mercado recebeu a startup?
No início, quando conversamos com outros empresários para explicar que a nossa empresa iria investir em processos de reconhecimento de cidadania, muitos duvidaram, não nos viram com bons olhos e cogitaram até que íamos quebrar logo de início. Felizmente, hoje somos um case de sucesso em Brasília e o mercado já entende nosso valor e propósito. Já o mercado nacional nos vê como protagonistas porque estamos criando algo inédito, a Cidadania4U é a única empresa que envolve tecnologia no processo de reconhecimento de cidadania. E hoje, mesmo a nossa sede em Brasília, quase 50% da nossa base de clientes está em São Paulo.
Quais os planos da Cidadania4U para os próximos anos?
Nosso objetivo é ser cada vez maior e melhor. Para isso, estamos investindo em softwares e novas tecnologias. No último ano, por exemplo, investimos em uma plataforma de gamificação para que os colaboradores pudessem ser bonificados com um valor além da sua remuneração fixa e que, ao mesmo tempo, tivessem uma produtividade ainda maior. Ou seja, aumentamos a produtividade dentro de casa e diminuímos o tempo de entrega ao cliente. Para os próximos anos, temos a meta de expandir internacionalmente.