A Piodermite é uma doença de pele de alta recorrência em cães e gatos, caracterizada por uma infecção bacteriana, que leva à formação de pus. Na maioria dos casos, ela acontece de maneira secundária, ou seja, como consequência de outra enfermidade ou condição preexistente. Considerada uma disbiose – ou seja, quando há um desequilíbrio entre as bactérias benéficas e patogênicas que habitam a pele – a Piodermite merece a atenção dos tutores para que seja diagnosticada e, principalmente, que as causas de base sejam identificadas e tratadas.
Quer saber mais sobre a Piodermite em cães e gatos, suas causas, diagnósticos e tratamentos? Então, acompanhe o texto!
O que é a Piodermite, seus sinais e sintomas?
A Piodermite é uma doença bastante comum, principalmente em cães, responsável por aproximadamente 10% dos diagnósticos dermatológicos. Geralmente é associada a outras doenças como as de origem endócrina e alérgica, por isso sua ocorrência é, em grande parte dos casos, secundária.
Dermatite Atópica, dermatite alérgica a picada de ectoparasitas (como pulgas), e dermatite alérgica por alimentos, além de doenças endócrinas, como o hipotireoidismo e hipercortisolismo, podem desencadeá-la. Isso ocorre porque essas doenças alteram a microbiota e a função de barreira da pele, facilitando a proliferação de bactérias patogênicas e culminando nas infecções, que são as piodermites. Apesar de ser considerada menos frequente em gatos, a Piodermite também pode acometê-los de forma secundária a outras condições, como a síndrome atópica cutânea.
Entre os sinais da Piodermite em cães e gatos, que podem ser identificados pelos tutores e avaliados por um Médico-Veterinário, estão as lesões caracterizadas por elevações vermelhas e infeccionadas na pele, que normalmente se rompem e podem liberar pus. Alopecia (queda de pelo), coceira e alterações na pigmentação da pele também podem estar presentes.
Quais as raças de cães e gatos com mais propensão à Piodermite?
A Piodermite em cães tem maior prevalência em animais SRD – sem raça definida -, mas raças como Golden Retriever, Pug, Dachshund, Rhodesian, West Highland White Terrier, Labrador Retriever e Buldogue Francês também representam uma parcela importante dos cães acometidos. É importante observar que tais raças também apresentam maior prevalência para dermatites alérgicas e/ou doenças endócrinas, que seriam as causas de base para a maior ocorrência da doença.
No caso das Piodermites profundas em cães, há algumas raças que parecem mais predispostas, como o Pit Bull, American Staffordshire, American Bully e Bull Terrier.
A Piodermite em gatos também apresenta maior incidência em animais SRD, mas pode-se destacar raças como o Abissínio, Birmanês, Persa e Himalaia, de acordo com alguns estudos.
Como diagnosticar a Piodermite?
O diagnóstico da Piodermite em cães e gatos se inicia pelo exame físico e histórico do animal. As lesões de Piodermites incluem elevações avermelhadas e infeccionadas na pele, formando colarinhos epidérmicos (lesões com bordas bem delimitadas). Essas lesões em pacientes que tenham uma doença de base já são um grande indicativo de que se trata de um caso de Piodermite.
Porém, algumas dessas lesões de pele são muito similares às provocadas por outras doenças, como as fúngicas. Portanto, a realização de exames complementares, como a citologia, é essencial para auxiliar o Médico-Veterinário a fechar o diagnóstico. Nos casos de Piodermites profundas, a realização de cultura e antibiograma é importante para direcionar o tratamento antimicrobiano.
Como tratar a Piodermite em cães e gatos?
Como a maioria dos diagnósticos de piodermite são de causa secundária, o mais recomendado é que a doença de base seja igualmente tratada. Por exemplo, se o animal tiver dermatite atópica, o controle das lesões com corticoides – ou outras medicações utilizadas constantemente – é importante e deve ser realizado em conjunto com o uso de produtos que reforcem a barreira da pele, diminuindo a entrada de alérgenos.
Especificamente para o tratamento das lesões de Piodermite, o mais recomendado é utilizar terapias tópicas com antissépticos, como sprays, diretamente sobre as lesões. O tratamento pode ser feito diariamente, com a frequência definida pelo Médico-Veterinário, com soluções à base de hipoclorito de sódio associado ao óleo de copaíba e bisabolol, por exemplo.
Os Veterinários evitam ao máximo o uso de antibióticos para Piodermites superficiais, já que isso pode propiciar a seleção de bactérias resistentes e dificultar o tratamento futuramente. Esses medicamentos devem ser reservados para casos específicos e, se utilizados, deve-se seguir criteriosamente a posologia indicada pelo Médico-Veterinário. Em grande parte dos casos, deve-se dar preferência ao uso de soluções tópicas para a Piodermite em cães e gatos.
A Piodermite é contagiosa?
Embora não seja transmissível, em virtude da alta incidência de bactérias, esses patógenos podem transitar dos pets aos tutores. Entre os animais, essa transmissão é mais baixa. Porém, isso não significa que o tutor irá ter piodermite porque seu cão tem ou vice-versa. Na verdade, significa que a pele do tutor e do cão irão compartilhar bactérias que possivelmente poderão causar alguma alteração posteriormente, dependendo das causas de base (imunossupressão, dermatite atópica etc.). Isso reforça a importância do diagnóstico correto e tratamento efetivo da Piodermite em cães e gatos, preferencialmente tópico e sem antimicrobianos, adotando o uso de soluções antissépticas, além do tratamento da causa base e dos cuidados com a microbiota da pele para evitar as recorrências do quadro.